Wendy 08/10/2024Ela não é uma vacaCarrie Soto não é aquela personagem que você gosta logo de cara. Ainda mais quando ela “magoa” uma que você amava tanto, no caso a Nina Riva em “Malibu Renasce”. Ela é racional, egocêntrica, um pouco mimada e é extremamente focada em ganhar e ser a melhor, muitas vezes sem curtir a jornada.
"Hoje nós fomos bem. Mas será que vamos fazer ainda melhor amanhã?"
"Não deixe que ninguém determine como você se sente. ... Você não precisa provar nada para ninguém. Só precisa ser quem você é."
"Ela tem o direito de se divertir, de continuar jogando, de não precisar ajudar a preparar o jantar."
"Eu acredito em você. Se você diz que vai fazer uma coisa, vai lá e faz."
Ela não tem amigos. As pessoas mais próximas dela são seu pai e sua agente. No decorrer do livro vemos sua evolução como tenista e, aos poucos, vamos “abrindo o coração” para ela a medida que ela também mostra que não é uma máquina. A relação com o pai dela é linda de ver. Ele está sempre lá por ela e ela por ele.
"Meu coração sofre com o seu sofrimento porque você é o meu coração."
Mas até com ele, as vezes ela também é “uma máquina”, vencer é mais importante. Bater os recordes, ser a melhor. Eles “brigam”, fazem as pazes. Até que ela aposenta e tempos depois resolve voltar com ele ao seu lado.
"Eu não posso nem ter minhas dúvidas! Não posso nem ver você como minha filha, como um ser humano. Não posso nem dizer que depois de passar anos sem jogar, pode ter, sim, jogadoras melhores que você agora, não posso expressar nenhum tipo de incerteza. Então eu falo o que você quer ouvir! Para você ter o que precisa para se sentir bem. Para com tentar na minha vida. Esses são os termos ditados por você! E eu preciso viver se acordo com eles!..."
E nessas horas ela é mesmo uma vaca, como todos acreditam que ela seja rs... Aos poucos vai mudando. A idade vai chegando, a maturidade também. Entra em cena alguém com os mesmos objetivos.
"Se apaixonar na verdade é bem simples", ela diz. "Quer saber o segredo? É só fazer o mesmo que a gente faz com tudo na vida todo santo dia."... "É só esquecer que existe um fim."
Claro que aos poucos a gente entende como ela é, torce por ela, e começa a gostar. E esse é o bacana no livro. Como se ela não precisasse mudar e sim a gente aprender a gostar dela como ela é. Ela amadurece, ganha, perde, ganha de novo. Aprende a se relacionar com as pessoas, com o pai dela. E quando ele se vai não tem como não sofrer com ela e ter vontade de ir lá e dar um abraço, só que não dá para fazer isso, porque se desse ela não iria gostar kkkk...
"Hoje eu chorei tanto que finalmente senti o chão sob os meus pés. Encontrei o fundo. E, apesar de saber que o buraco vai estar aqui para sempre, pelo menos agora me parece possível viver dentro dele. Já sei quais são seus limites e suas dimensões."
Carrie Soto é uma força da natureza e sua determinação e foco são invejáveis. Amei conhece-la e ver que ela não era uma vaca como acreditei que fosse.