Jazi @jazibooks 01/08/2022MarcanteEscrevendo sobre essa leitura e ainda extasiada com ela, foi a minha primeira experiência com a obra da Lygia Fagundes e me identifiquei com a escrita desde as primeiras páginas. Sabe aquele livro que diz muito mas ao mesmo tempo te deixa reflexivo até pelo que não está ali escrito e escancarado? Foi isso que senti com Ciranda de Pedra, durante o tempo em que ficamos juntos, a história me proporcionou muitas reflexões profundas e me cativou demais.
Publicado originalmente em 1954, Ciranda de pedra foi o primeiro romance da autora, que antes, já havia publicado contos, nele somos apresentados a Virgínia, filha de pais separados e que, dentre as três filhas do casal é a única que permanece morando com a mãe, enquanto as duas irmãs moram com o pai em uma casa descrita como burguesa. No decorrer da história, acompanhamos a evolução de Virgínia, que, ainda criança, não entende muito bem os problemas familiares, dentre eles, a loucura da mãe, a ausência de afeto daquele que imagina ser seu pai e das irmãs, que por sua vez, integram a ciranda da qual a garota sonha em fazer parte, mas da qual é constantemente excluída.
Na primeira parte da obra, a protagonista ainda é uma criança, enquanto na segunda, já está no final da adolescência, e esse é um fator muito interessante do livro, pois podemos de fato observar o amadurecimento de Virgínia e a forma como ela passa a entender e lidar com as mesmas questões e pessoas ao seu redor, como ela enfrenta esse ambiente de desajuste familiar.
Com uma linguagem simples, direta e de fácil acompanhamento, Lygia nos presenteia com uma obra completa em todos os sentidos, com belas metáforas e trechos que impactam o leitor do inicio ao fim, e ainda, temas um tanto quanto polêmicos para a época em que fora escrito, desde doenças mentais, adultério, homossexualismo, dentre outros. É uma obra nacional que merece valorização e farei questão de indicar sempre, pois me marcou demais.