A máquina do caos

A máquina do caos Max Fisher




Resenhas - The Chaos Machine


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Paulo 19/08/2023

Facebook, Youtube e a tragédia dos algoritmos
As mídias sociais e seus algoritmos são um assunto essencial para quem deseja refletir sobre o mundo moderno.
Gostaria de destacar, nesta postagem, algumas das afirmações mais importantes sobre a obra A máquina do caos, de Max Fisher.
Trata-se de ótimo livro sobre o desenvolvimento pernicioso das principais mídias sociais. Apresenta muitas histórias e comprovações do fato de que os algoritmos criam “tocas de coelho” e, com pura ênfase no engajamento, levam milhares de pessoas à radicalização, causando conflitos em diversos países e ameaças à democracia.
Fiz um levantamento de alguns trechos bem significativos, como panorama rápido para quem não tem tempo de ler o livro – até porque acredito que ele poderia ter sido mais bem estruturado e, com isso, um pouco mais curto e direto em sua proposta. Mas que fique claro: sua leitura completa vale a pena. E tem um capítulo só sobre o Brasil.

FRASES DESTACADAS
“Ninguém sabe direito como os algoritmos que regem as mídias sociais funcionam de fato. Os sistemas operam de maneira semiautônoma. Seus métodos estão além da compreensão humana.”

“As plataformas sociais estavam fazendo o que nem os propagandistas treinados da ditadura haviam conseguido: produzir fake news e um grito nacionalista tão envolvente, tão agradável aos vieses de cada leitor, que o público preferia as mentiras ao jornalismo genuíno.”

“O efeito cresce em escala; as pessoas expressam mais indignação e demonstram maior disposição para punir os que não merecem quando acham que seu público é maior. E não há público maior na terra do que no Twitter e no Facebook.”

“Ao mesmo tempo, tipos de conteúdo que engajam de forma menos inata — verdade, apelos ao bem maior, convocações à tolerância — perdem cada vez mais a disputa.”

“Um estouro de violência […] estava travando o Sri Lanka […]. Aldeias inteiras, como se possuídas, haviam formado turbas, e estavam saqueando e incendiando casas de vizinhos. Convocaram-se as Forças Armadas. Embora não fosse claro o que acontecera nem por quê, todos com quem entramos em contato nomearam o mesmo culpado: o Facebook.”

“Antes do Facebook, em tempos de tensão, ele podia se reunir com líderes da comunidade e dirigentes da imprensa para promover mensagens de tranquilidade. Agora, tudo que seus cidadãos viam e ouviam era controlado por engenheiros na distante Califórnia, cujos representantes locais nem mesmo respondiam às suas ligações.”

“Os líderes do país, ansiosos para controlar a violência, bloquearam todo acesso a mídias sociais. […] Duas coisas aconteceram quase de imediato. A violência cessou; sem Facebook ou WhatsApp servindo de guia, as turbas simplesmente voltaram para casa.”

“Ocorriam mais ataques a refugiados em cidades onde o uso do Facebook era maior que a média.”

“As plataformas sociais tinham chegado, por mais que sem querer, a uma estratégia de recrutamento que gerações de extremistas haviam adotado. O pesquisador J. M. Berger a chama de “construto crise-solução”. […] Você está infeliz por causa Deles e porque eles Nos perseguem. […] Crise-solução: existe uma crise, o exogrupo é o responsável, seu endogrupo oferece a solução. […] Extremistas gostam da sequência crise-solução porque incita a pessoa a agir. Os algoritmos gostam porque engaja a atenção e a paixão da pessoa.”

“Qualquer pessoa que chegasse ao YouTube interessada em tópicos pró-direita, como armas de fogo ou correção política, seria encaminhada a um mundo construído pelo YouTube com nacionalismo branco, violência misógina e conspiracionismo amalucado, e aí era impulsionada ainda mais para seus extremos.”

“Em certos momentos, os relatórios alertavam explicitamente perigos que viriam a se tornar letais, como um pico de discurso de ódio ou de desinformação sobre vacinas, com aviso prévio suficiente para a empresa ter tomado atitude e, caso não houvesse se recusado, possivelmente salvado vidas.”

E no capítulo sobre o Brasil:

“Embora Trump houvesse tido auxílio das redes sociais, ele não era das plataformas. No Brasil, foi como se as próprias mídias sociais tivessem assumido a Presidência.”

“O YouTube tinha uma inclinação acentuadamente pró-Bolsonaro e deu uma guinada à direita durante um período em que os números de Bolsonaro nas pesquisas estavam fracos e estacionados. A plataforma não estava refletindo tendências do mundo real. Estava criando seu próprio mundo.”

“Eram tantos amigos e parentes lhes repassando a teoria da conspiração que eles tinham dificuldade para conciliar a realidade que conheciam com a irrealidade das mídias sociais que havia se espalhado.”

“Ele disse que o grupo acompanhava vários youtubers se tornando mais extremistas, mais falsos, mais imprudentes, ‘só porque aquilo vai dar views, vai dar engajamento’.”

“Rolando a tela do seu celular, ela encontrou no WhatsApp uma mensagem enviada pelo pai de uma criança com microcefalia. Tratava-se de um vídeo afirmando que o zika fora disseminado pela Fundação Rockefeller em um complô para legalizar o aborto no Brasil. O pai exigia saber se era verdade.”

site: https://paulosantoro.com/site/facebook-youtube-e-a-tragedia-dos-algoritmos/
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Jamille Madureira 26/06/2023

?Para vários pesquisadores sérios, analistas ou defensores de direitos humanos, tudo se resume a alguma versão do ?off?. Seria uma internet menos sedutora (?) Mas todas as provas também sugerem que seria um mundo em que menos professores seriam perseguidos até terem que se esconder, menos famílias seriam queimadas vivas na própria casa devido a revoltas alimentadas por boataria, menos vidas seriam arruinadas pela infâmia ou pela falsa promessa de extremismo. Menos crianças seriam privadas de vacinas capazes de salvar sua vida ou expostas à sexualização indesejada. Talvez até menos democracias seriam dilaceradas pela popularização, pelas mentiras e pela violência.? (p. 447)
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Claudinei43 10/06/2023

Repense as Redes!
Livro Fundamental para se entender o poder das redes sociais e seus algoritmos. Quais são os impactos no mundo real e na democracia como um todo? Leia e descubra com o que estamos lidando!
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bardo 08/06/2023

Se por um lado é digno de elogios a extensão e profundidade da pesquisa realizada pelo autor, por outro é exatamente essa profundidade e por vezes o texto enfático, que torna esse um livro bastante difícil de ler. Em uma linguagem fácil e acessível o autor nos leva num tour pelas entranhas das redes sociais e do efeito que as mesmas tem trazido ao mundo não-virtual.
O texto não deixa exatamente margem para dúvidas, o autor nos conduz de relato em relato numa espiral de crescente horror ao fato de como certas dinâmicas introduzidas nas redes a não muito tempo tiveram efeitos catastróficos e ainda tem.
Por mais que o assunto não seja exatamente novidade, muito do que é relatado são fatos conhecidos, a forma como o autor parte da construção da cultura do Vale do Silício até a forma que as redes alcançaram mostra um quadro abrangente e desesperador.
Tanto para o leitor estadunidense quanto para o brasileiro o texto apresenta uma camada de incômodo a mais quando o autor se detém em destrinchar a ascensão dos expoentes quase gêmeos da alt right nos dois países.
Uma leitura esclarecedora, mas um tanto deprimente que descortina uma realidade que nem as mais pessimistas distopias foram capazes de imaginar: Uma mistura de Neuromancer, 2001 e as onipresentes pitadas de estupidez humana e ganância.
Sem poupar nomes o autor demonstra os estragos que meia dúzia de indivíduos desajustados provocou e provoca num misto de arrogância, insensatez, ganância e megalomania. Cabe, porém fazer a ressalva de que o quadro apresentado, encontra-se levemente defasado. O autor se detém em analisar o Facebook, Instagram, Twitter e YouTube, porém sabemos que os algoritmos de novas redes como por exemplo o Tik Tok são ainda mais agressivos na sua ânsia de “fidelizar” o usuário.
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Ju Ajax 04/06/2023

O conteúdo do livro é excelente para entender como as mídias sociais estão afetando o nosso comportamento.

O autor foi fundo para descortinar o poder das informações disseminadas nas redes sociais, sobretudo na amplificação dos discursos de ódio. Indico muito!
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Suzana Mendonça 27/05/2023

Leitura essencial
O livro é fruto de uma pesquisa extensa sobre as redes sociais e seu impacto na rotina humana, especialmente quanto aos aspectos que empurram os usuários ao extremismo.

O autor relembra as sementes do extremismo em episódios como o Gamergate e outras investidas online contra usuários ocorridas em plataformas como Reddit e 4chan, até as sucessivas mortes derivadas da disseminação de ódio nas mais populares redes sociais em países como Mianmar, Índia e Sri Lanka.

O livro aborda, ainda, o preceito da economia da atenção que, visando a ampliação do lucro, impulsiona as plataformas a aumentar o tempo de uso das pessoas por meio de mecanismos de controle de atenção nas redes sociais, como o sistema de interação e o motor de recomendação.

Certamente a leitura mais essencial do momento, principalmente por entregar ao leitor o conhecimento necessário para que se possa refletir e agir de forma diferente ao utilizar as redes sociais.
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Marcelo 17/04/2023

Resenha disponível no Booksgram @cellobooks ?
Fischer apresenta nesse livro um dossiê sobre os impactos dos algoritmos das redes sociais nas sociedades e nas vidas das pessoas.

Numa profunda investigação sobre o tema, o autor explora o quanto as grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício sabem dos impactos dos algoritmos das redes sociais na sociedade e até que ponto eles fingem ignorar em benefício dos altos faturamentos com mídias.

Segundo Fischer, os algoritmos são projetados para que passemos cada vez mais tempo nas redes sociais, pois quanto mais tempo ali, maior a atração de anunciantes e aumento de faturamento.

O ponto critico é que o algoritmo vai nos levando cada vez mais para os temas que são mais visualizados, e não apenas para temas relacionados para o que buscamos, e uma simples busca sobre ?vacinas? leva o visitante para outros vídeos sobre o impacto de vacinas na vida das pessoas, manipulações de governos e indústrias para venda de remédios, governos de extrema direita, terrorismos, etc... Ou seja, em vez de instruir, as mídias sociais estão causando uma total distorção no aprendizado social, levando governos extremistas ao poder baseado em violências, fake news, etc...

Destaque para um capítulo totalmente dedicado ao impacto das mídias sociais no Brasil, ao presidente Bolsonaro e sua gestão, à campanha contra vacinação da Covid no Brasil, Fake News sobre Zika Virus e a crescente onda de violência da extrema direita no Brasil, constatando que essa mudança de comportamento se deve aos impactos das mídias sociais.

Trata-se de um livro muito interessante, instrutivo e atual, mas em alguns momentos um tanto maçante pois são 500 páginas sobre o tema, e em alguns momentos parece repetitivo ou extensivo demais. Apesar disso, super recomendo a leitura.

No geral, A Máquina do Caos é um livro provocativo e instigante que desafia a visão convencional de como lidamos com a complexidade no mundo moderno.
edu basílio 17/04/2023minha estante
maravilha! vou querer ler, apesar d q tem uma filinha já meio longa aqui esperando e a correria tá em modo turbo, ai ai.




Alef 23/01/2023

Livro incrível
Através de várias histórias de como as redes sociais influenciam nosso comportamento, em especial nosso comportamento de grupo, o autor faz o ponto de que algoritmos cujo objetivo é manter o usuário engajado são perigosos. A argumentação é coerente, e há uma verdadeira demonstração de que os CEOs e acionistas das empresas de redes sociais, como Facebook e YouTube, não se importam com as implicações sociais de seu modelo de negócio.

É uma leitura fundamental para entender a ascensão da bizarrice que vimos nos últimos anos e temos visto hodiernamente.
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