Sabrina758 26/03/2024
Uma leitura rápida, reflexiva e muito fácil de se identificar. Nunca tinha lido nada dela antes e agora enchi minha lista de suas obras, pois adorei a escrita. Em "Foi um péssimo dia", temos acesso a memórias da infância e adolescência da autora em seu contexto familiar, escolar e auto descobertas. É perceptível que o que foi colocado nesse livro contribuiu para moldar quem a Natália é hoje.
Abrindo sobre a sua vida, descobrimos essa criança ansiosa e acelerada, com muitos questionamentos e anseios. Através do seu olhar, observamos a dinâmica familiar, a sobrecarga materna, as dificuldades financeiras e conflitos de interesse entre os pais, além da dificuldade que a Natália tinha de se conectar com o irmão mais novo.
Na adolescência, muitos desses questionamentos e problemas continuam se apresentando, mas temos uma Natália desbravando seus interesses, orientação sexual e menstruando pela primeira vez. Além disso, uma das coisas mais bonitas e simbólicas aqui foi quando compreendeu que, assim como ela, seus pais, e os adultos de forma geral, também são pessoas que não tem todas as respostas e ainda estão aprendendo, conforme vão vivendo.
Tem momentos e trocas agridoces, assim como dias bons e péssimos, como a vida se apresenta. A reação que a Natália tinha para situações ruins e negativas na infância se difere da que tinha na adolescência. É ai que percebemos sua maturidade e confiança, ao mesmo tempo que, com o seu desamparo e também o dos pais, de nem sempre conseguirem lidar com tudo, faz com que lembremos que tá tudo bem, independente da idade, querermos colo e conforto. Não conseguiremos, nem precisamos, lidar com tudo sozinhos e de forma satisfatória. Bons ou péssimos, nada como um dia após o outro.