O primeiro sonho do mundo

O primeiro sonho do mundo Anne Sibran




Resenhas - O primeiro sonho do mundo


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Wane.Myung 14/11/2024

Se você busca uma leitura que toca o coração e a mente, “O Primeiro Sonho do Mundo”, de Anne Sibran, é o livro perfeito. A obra entrelaça as vidas de três personagens fascinantes: Paul Cézanne, o mestre da pintura em busca de um olhar puro; Barthélemy, o oftalmologista brilhante e exilado; e Kitsidano, a jovem ameríndia cega que vê além do visível.

A história se desenrola com Cézanne enfrentando problemas de visão, o que o leva ao consultório de Barthélemy em Paris. Lá, ele encontra Kitsidano, cuja percepção intuitiva e espiritual desafia as fronteiras da visão convencional. Juntos, eles exploram a interseção entre arte, ciência e espiritualidade, criando uma narrativa poética e profundamente reflexiva.

Anne Sibran utiliza uma prosa lírica e envolvente para transportar o leitor para o universo sensorial dos personagens. Suas descrições vívidas nos convidam a experimentar o mundo de maneiras novas e inesperadas, lembrando-nos da beleza e profundidade da visão humana.

A leitura deste romance é uma viagem de redescoberta do simples e do belo, repleta de sensações e reflexões que ecoam na mente e no coração. “O Primeiro Sonho do Mundo” é um convite a explorar a complexidade da percepção e a delicadeza das interações humanas. 📚✨
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Nathani 09/10/2024

Um livro sobre a visão, a beleza e a arte
Paul se desespera com uma súbita perda de visão, o que seria dele sem àquela que lhe permite capturar em uma tela fragmentos da vida? A essência desta vida pode ser representada em uma pintura ou será algo que ele tentará até a morte apenas para perceber que a vida era aquilo que acontecia enquanto ele distraidamente mergulhava o pincel na tinta e observava a paisagem atrás do cavalete? Para isso, ele precisa de seus olhos sadios, a escuridão existente por detrás deles lhe impede de ser a única coisa que ele sabe ser: o grande pintor Paul Cézanne.

Parte para Paris para encontrar Barthelemy Racine, um médico oftalmologista que leva a ciência muito a sério e se dedica inteiramente aos estudos, porém sem deixar de lado a sensibilidade. A sua maneira de fazer ciência se aproxima da arte pois é carregada de inspiração e afetividade. Através da retomada da visão, seus pacientes podem nascer novamente, com novas percepções e perspectivas do mundo.

Porém, ele sabe que não é o único modo possível de absorver e viver em harmonia com o mundo. Desde criança conviveu com os cegos e em uma de suas viagens aos Estados Unidos conheceu Kitsidano, indígena cega de nascença que torna-se sua esposa.

Kitsidano traz para a narrativa o contato intuitivo dos povos nativos com a natureza, seus sentidos aguçados lhe permitem uma visão até mais sensível e, por que não?, completa da realidade.

A escrita de Anne Sibran por si só já é uma experiência mágica, enquanto li eu fui Paul Cézanne, Barthelemy e Kitsidano. Passei a prestar mais atenção ao mundo que existe na frente dos meus olhos e àquele que só é possível acessar de olhos fechados. Como ao ler um livro, já reparou que um mundo inteiro surge dentro de nossas mentes e imagens que nunca vimos com nossos olhos ficam gravadas em nossa memória para sempre?

Uma leitura sinestésica, sensível e reflexiva.
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iasminne :) @essetrechofoimassa 08/10/2024

O primeiro sonho do mundo
“O Primeiro Sonho do Mundo”, obra de Anne Sibran, nos transporta para um encontro improvável entre três figuras extraordinárias: Paul Cézanne, o genial pintor em busca de um olhar renovado; Barthélemy, o hábil oftalmologista que dominou a arte de curar a visão; e Kitsidano, uma jovem ameríndia cega de nascença que enxerga além do visível.

Sibran tece uma narrativa que se desenrola em Paris, onde esses destinos se entrelaçam no consultório de Barthélemy. Cézanne, em sua busca por uma solução para seu problema visual, encontra não apenas um médico, mas um amigo cuja paixão pelo primeiro olhar transforma suas próprias percepções.

O romance não se limita à história desses personagens; ele mergulha na interseção entre arte e ciência, explorando a natureza da beleza e a profundidade da visão em múltiplas camadas. Sibran também infunde elementos espirituais e xamânicos que elevam a narrativa a um plano de contemplação e reflexão sobre o papel do artista e do cientista na descoberta da verdadeira essência da vida.

“O Primeiro Sonho do Mundo” é uma obra que não apenas encanta pela sua narrativa poética e imaginativa, mas também pela profundidade de suas reflexões sobre a natureza humana e o poder transformador do encontro com o diferente. Anne Sibran nos presenteia com um livro que nos desafia a questionar nossas próprias percepções e a explorar os mistérios que permeiam a existência.
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Giacomet1 25/09/2024

Belíssimo!!
Que livro lindo e tocante! Anne Sibran consegue tratar de forma belíssima as diferentes formas de olhar e de sentir o mundo. Não é uma leitura fácil, tem que estar atenta o tempo todo. O final é emocionante.
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Lurdes 17/09/2024

O primeiro sonho do mundo, de Anne Sibran, é um livro fascinante.

A autora traz uma narrativa delicada e sensível, que desconstrói muitos dos nossos conceitos sobre a visão, sobre o olhar.

Paul Cézanne, que teve problemas de visão na vida real e é objeto de profunda admiração por parte da autora, vira um dos protagonistas desta história, livremente criada por Anne.

Paul acreditava ser preciso exercitar seus olhos, da mesma forma que pianistas exercitam as mãos. Seu objetivo era conseguir captar e imprimir as menores nuances de cores e luzes em suas pinturas e, para isto, voltava aos mesmos temas obsessivamente, principalmente à Montanha de Santa Vitória, presente em mais de 60 obras (no carrossel mostro algumas delas). Ele sabia que a cada hora, a cada dia tudo poderia mudar.
Até que um dia ele acorda e não consegue enxergar, o que o deixa em pânico. Aos poucos a visão retorna, mas ele segue tendo apagões.

Ele é encaminhado para o Dr. Barthélemy Racine, oftalmologista renomado que dedicou a vida a pesquisar tratamentos, medicamentos e procedimentos cirúrgicos para devolver a visão de seus pacientes.
Barthélemy perdeu a mãe no momento de seu nascimento e foi criado em um asilo para cegos, e seu objetivo de vida foi sempre este.

Curiosamente, quando morava nos Estados Unidos, conhece Kitsidano, uma indígena cega de nascença devido à catarata, justamente a especialidade dele.
Mas Kitsidano não tem qualquer problema por não enxergar. Ela já desenvolveu seus outros sentidos e sua forma de "ver", e para isto ela não precisa da visão como entendemos.
Ela transcende nosso conhecimento.

Um livro incrível, lindamente traduzido por Adriana Lisboa, também fã de Cézanne, que primeiro leu a edição em francês e o sugeriu à Relicário.

O que é ver?
O que vemos primeiro no mundo?
O que vemos em nossos sonhos?
Estas e muitas outras reflexões são abordadas e nos provocam o tempo todo.

Recomendo demais.
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abibliotecadamica 14/07/2024

Excelente.
Com uma escrita poética e cheia de ternura, Anne Sibran me conquistou com um dos livros mais encantadores que li esse ano, além de me oferecer um irresistível convite para reabrir meus olhos para o simples e o belo.
Em "O primeiro sonho do mundo", acompanhamos três personagens:
O pintor Paul Cézanne, que está sempre em busca de uma perspectiva nova e pura em Aix, mas que um dia percebe que não vai mais conseguir pintar porque seus olhos o traem. Cézanne começa a sentir sua visão apresentar sinais de cansaço, e esvair-se aos poucos;
O oftalmologista Barthélémy Racine, famoso pela criação de um instrumento que devolve a visão para seus pacientes e por operar cegos de nascença com catarata. Além de brilhante médico, é também escritor. Seu trabalho não é apenas técnico, mas também procura explicar as sensações dos pacientes que recuperam a visão, bem como a beleza de seu primeiro olhar;
Kitsidano, uma jovem indígena cega, companheira do oftalmologista, que mudou-se para morar com o médico em Paris, após seu povoado ser pulverizado. Uma jovem e sensível, que tem o dom de compreender o que não pode ser visto.
Cézanne, visto seus problemas oculares, é orientado a procurar o médico, então vai para Paris encontrar-se com Barthélémy, que inicia o tratamento do pintor.
A partir desse inusitado encontro, nasce uma cativante amizade que combina arte, espiritualidade e ciência, e é marcada pela leveza, doçura e confiança, na qual acompanhamos o movimento dos três personagens evoluindo através uns dos outros.
A autora narra um dos encontros mais deliciosos que já tive o prazer de ler, fazendo uma homenagem à natureza, e nos lembrando da pequenez humana diante de seu poder, em um livro que é pura alegria para o leitor, que é presenteado com belíssimas páginas sobre a percepção do mundo e a busca (e encontro) do belo. Leitura maravilhosa e muito recomendada!
"Muitas vezes o sonho divide o homem, fazendo-o respirar em dois lugares ao mesmo tempo."

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Vanessa.Benko 09/07/2024

Como suas mãos memorizaram dessa forma todas essas expressões de ternura, sendo cada uma delas, sem nunca convocar o verbo, capaz de falar com ele tão sutilmente por dentro?
Imagine um encontro improvável que desafia as fronteiras entre arte, ciência e espiritualidade. É exatamente isso que Anne Sibran nos oferece em "O Primeiro Sonho do Mundo", uma narrativa onde três vidas se entrelaçam de maneira poética e profundamente reflexiva. Paul Cézanne, o célebre pintor; Barthélemy, um oftalmologista genial; e Kitsidano, uma jovem ameríndia cega, são os protagonistas dessa trama que nos convida a reconsiderar o próprio conceito de visão.

Cézanne, já no auge de sua arte, está sempre à procura de um novo olhar, algo primitivo e puro. Ele busca captar a essência do mundo através de suas telas. Barthélemy, por sua vez, cresceu em meio a cegos, dedicando sua vida ao estudo do olho humano. Sua habilidade em curar cataratas é tão admirável quanto sua jornada de exílio e redescoberta na América do Norte. Kitsidano, que vê além do visível, personifica uma percepção intuitiva e espiritual, se transpondo para além da dependência visual e aguçando seus sentidos.

A escrita de Sibran é uma sinfonia de sensações, onde a sinestesia nos transporta para os campos de Cézanne, os olhos curiosos de Barthélemy e a visão interna de Kitsidano. Através de descrições vívidas e ricas, somos convidados a experimentar a beleza e a profundidade do mundo de maneiras novas e inesperadas. A personificação é um recurso constante e habilmente aplicado, dando vida não apenas aos personagens, m as também a todos os componentes da natureza (inclusive as cores) e ao próprio ato de ver e sentir.

Cada ser é único, e cada visão também. Na obra o verbo "ver" incorpora o significado de tantos outros verbos. Através de diferentes planos sensoriais, somos levados a refletir sobre como percebemos o mundo.

A impotência humana diante do poder da natureza é um tema central na narrativa. A natureza nos encanta e absorve, oferecendo diferentes definições de beleza. Essa interação com a natureza, que é tão essencial e indissociável de nossa existência, nos faz reconsiderar nossa própria vulnerabilidade e admiração pelo mundo natural.

A correlação entre o encantamento de ver algo pela primeira vez e a sensação de sentir a visão, ao invés de apenas ser ensinado sobre algo concreto, é explorada de forma poética.

Definir o que é profundidade, seja na ciência ou na arte, é um desafio. A profundidade não é apenas uma questão de técnica, mas de percepção. É o pano de fundo do mundo, o que nos dá a base para nossa consciência de vida. O que sonhamos é o que define nossa realidade, e essa ideia é brilhantemente explorada através das experiências de Cézanne, Barthélemy e Kitsidano.

A pintura é apresentada como uma forma de escrita, uma tradução visual do mundo. Replicar algo é uma forma de materializar nossa perspectiva, de compartilhar nossa visão única com os outros.

Também podemos refletir sobre os perigos dos estímulos visuais artificiais. Vivemos em um mundo saturado de imagens que, em vez de nos conectar à beleza natural, muitas vezes nos cegam para ela. A narrativa nos convida a desacelerar e a descobrir novas fontes de luz para nossos olhos se acomodarem.

A profundidade deste romance reside na sua capacidade de nos fazer sonhar com realidades diferentes e nos desafiar a questionar nossas próprias percepções. "O Primeiro Sonho do Mundo" é uma leitura que ecoa na mente e no coração, um convite a explorar a beleza e a complexidade da visão humana e do mundo ao nosso redor. Anne Sibran, com sua prosa lírica e envolvente, nos proporciona uma experiência literária inesquecível.
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