Paulo Henrique 12/11/2024
O massacre passa longe, mas entretém o tempo todo
Um livro que tem "massacre" no nome pode induzir ao pensamento de que encontraremos muitas mortes e muito sangue, mas isso é o de menos em O Massacre da Família Hope. Este livro é acima de tudo uma história de suspense e que se monta sobre a ambientação para a imersão do leitor.
Kit, a protagonista, é aparentemente uma pessoa comum, que trabalha como cuidadora, mas que por motivos gradualmente revelados estava em uma licença obrigatória e agora vê como única oportunidade de recuperar seu emprego ser cuidadora da infame Lenora Hope, que de acordo com a história e as cantigas da cidade, matou toda a família sem motivo aparente.
Sabemos que tudo aqui é um palco para que muitas coisas sejam reveladas e que aos poucos elementos novos sejam inseridos e possamos fazer as conexões e chegar a conclusão. Tudo isso é bem feito aqui.
Mas Riley Sager opta por uma narrativa novelesca que acaba por ser extremamente cativante mesmo nos exageros. Seja pela decadência da mansão, ou pelos diálogos rápidos, tudo é muito dramático e cada capítulo tem uma aura do congelamento do final dos episódios de Avenida Brasil.
Existem muitos personagens, mas todos cumprem um papel e não há tumulto que atrapalhe o entendimento e função de cada um na trama.
Coisas muito pequenas podem ser extremamente importantes aqui e isso pode ser frustrante na medida em que resoluções inteiras se apoiam em pontos tão imperceptíveis. Não estraga a experiência, mas compromete a naturalidade de como algumas coisas acontecem.
A representação do passado está em todos os cantos, nos elementos que compõem a paisagem, os personagens e a própria história, afinal a decadência da família hope e seus costumes estão ancorados na década de 1920/1930, mas algumas delas são espelhadas no presente, não é difícil de enxergar.
Não é nem um pouco inovador, mas é absolutamente imersivo e encantador a seu modo, seguindo a fórmula do suspense com perícia e fluidez.