spoiler visualizarHannah Green 11/10/2024
Entendi o final, mas tive raiva mesmo assim.
Acredito que a ideia da Won de retratar os desafios da vida pelos altos e baixos de um eterno esperançoso, tenha sido boa, e também acredito que essa visão seja extremamente válida. De fato, nossa vida é feita de altos e baixos, e muitas vezes os baixos demoram mais para passar que os altos, que vêm, quase sempre, como um breve sopro. Contudo, não consegui me conectar empáticamente com o personagem, passei o livro inteiro tendo raiva de suas atitudes burras e descompensadas, me coloquei no lugar da Ranhee, e senti como deve ter sido difícil para ela conviver com alguém tão instável e imprudente quando o Seoggon, que depois de todo o discurso de mudança, no fim, não mudou absolutamente nada.
A impressão que tive lendo esse livro, era que estava lendo A Hora da Estrela, da Clarice Lispector. Tudo caminha, segue seu rumo, os insights ocorrem, a esperança da mudança, para enfim tudo dar errado. A Won foi muito mais positiva nesse sentido, demonstrando que muitas vezes o "dar certo" ou ainda o "ter sucesso", nem sempre são coisas grandiosas, mas aquelas mais corriqueiras que são tão difíceis de manter constante, é essa mensagem é linda, claro, mas ela vem não de uma lição de vida após muita reflexão, ela vem de mais um baque que o personagem leva por ser tão deslumbrado e inconsequente.
Passei a maior parte da história odiando o personagem principal, querendo que a Ranhee conhecesse alguém melhor, que a Ayeong superasse a existência sem presença dele.
Seoggon é um personagem de pensamento e força de vontade medíocres, que se acha muito maior, melhor, e mais importante, do que é de fato, e almeja sucesso e coisas grandiosas sem pensar em como traçar caminhos até este lugar, e em como criar uma base para que né,a permaneça, ou seja, em resumo: um tabacudo.