Débora Candido 11/11/2024
Prometia tanto...
Diziam que A Primeira Mentira seria emocionante e chocante, mas, na verdade, o livro tem alguns momentos empolgantes, seguidos de uma pausa abrupta antes que algo realmente relevante aconteça. Para um romance de suspense de estreia, eu realmente espero que Ashley Elston retorne ao gênero YA (embora isso possa ter um efeito negativo também). Em resumo, esse livro não atendeu às expectativas que eu tinha.
O início foi instigante e cheio de reviravoltas, fazendo minha mente trabalhar rápido para tentar entender o que estava acontecendo. Normalmente, isso é um bom sinal, mas não nesse caso. Depois que as peças se encaixaram e eu entendi a premissa, ainda esperava que a jornada da protagonista e suas artimanhas levassem a algo envolvente. Mas, infelizmente, o livro nunca cumpriu essa promessa. A autora tentou algumas reviravoltas inesperadas ao longo da trama, mas a direção que ela tomou, depois de uma introdução tão promissora, acabou me desapontando.
Gosto de livros que começam com uma energia frenética. Gosto de ser fisgada desde as primeiras páginas, sentindo a tensão e a urgência da história. A Primeira Mentira fez isso, mas, à medida que a narrativa se desenrolava, o que eu esperava que fosse uma trama empolgante nunca realmente se concretizou. Depois de ler os primeiros capítulos, eu realmente imaginei o que gostaria que o livro fosse: uma história em que Evie fosse uma espiã secreta, investigando o namorado (o que estava quase certo), mas que, no final, o romance se transformasse em um jogo de manipulação mútua, com a possibilidade de um grande confronto entre eles — ou até mesmo uma tragédia.
Eu estava muito mais interessada nesse jogo psicológico entre Evie e Ryan do que no grande plano que a autora tentou criar em torno deles. A premissa de Evie ser uma personagem que lida com segredos e conspirações poderia ter dado uma grande história, mas faltou uma direção mais clara. Elston precisava escolher entre explorar o passado misterioso de Evie e como ela usava essas informações contra seu chefe, ou se concentrar em sua relação com Ryan. O livro teria sido mais coeso e interessante se tivesse seguido um desses caminhos, ao invés de tentar abarcar ambos e, no final, deixar uma das partes muito aquém do esperado.
Eu até tinha esperanças de que o final compensasse os momentos morosos do meio, mas isso não aconteceu. Embora houvesse algumas surpresas, no final, a revelação de uma avalanche de novas informações desfez qualquer tensão que pudesse ter restado.
Por outro lado, há aspectos que gostei no livro, como os segredos envolvendo Evie e a dinâmica de seu relacionamento com Ryan, que parecia ter várias camadas. A maneira como Evie interagia com os amigos de Ryan e suas escapadas para cumprir suas missões também me prendeu. Como muitos leitores de suspense, sou atraída por personagens femininas complexas, com um passado sombrio e segredos a esconder. Uma protagonista com uma agenda própria cria uma narrativa intrigante. Só que, no caso de Evie, senti que a autora não explorou suficientemente o potencial dessa personagem.
Dito isso, sou apenas uma amante de livros e não alguém que diria a você o que deve ou não ler. Cada um tem suas próprias preferências, mas, para mim, A Primeira Mentira foi uma leitura frustrante, com muito potencial perdido.