anapmoscoso 14/11/2024
Comecei esse livro com expectativas medianas. Eu amo Manual (todos os livros, inclusive o prequel) de todo o meu coração, mas Five Survive foi bem meio cá meio lá. O reaparecimento de Rachel Price foi? diferente. E, antes de elaborar, vou logo me adiantar e pedir desculpas pela quantidade de vezes que compararei esse livro com a trilogia pela qual Holly Jackson é famosa. Sou bem apegada a Pip e sua história.
Aos dois anos de idade, Annabel Price foi encontrada sozinha em um carro abandonado no acostamento de uma rodovia coberta de neve. Sua mãe, Rachel Price, foi dada como desaparecida e mais de dezesseis anos depois o mistério do que acontecera naquele dia prevalece. Rachel fugiu? Fora sequestrada? Ninguém sabe. A mulher, ou a pessoa que a sequestrou, não levou carteira, documentos e nem mesmo o casaco de Rachel. O único cuidado tomado fora deixar o aquecedor do carro ligado para que Annabel não morresse ? literalmente ? de frio.
Criada pelo pai, tios e avô paternos, Bel é uma garota desconfiada, sarcástica e arisca. Sendo o livro narrado pelo seu ponto de vista, é possível perceber, logo nas primeiras páginas, que mesmo que ela não lembre do dia que sua mãe desapareceu, o ocorrido deixou um trauma que agora rege sua vida: todos irão embora. Todos, algum dia, vão abandoná-la.
Bel não gosta de falar da mãe, nem do que aconteceu com ela, mas quando seu pai decide participar de um documentário true crime sobre o desaparecimento de Rachel, a menina aceita para ? em suas próprias palavras ? fazer o pai feliz. As coisas já estavam desconfortáveis demais com todas as entrevistas e memórias sendo reviradas quando, um belo dia, Rachel Price retorna. A mulher tem uma explicação, toda uma história sobre esses dezesseis anos que passou fora, mas Annabel acredita que a mãe está mentindo. Ela não sabe por quê, mas está determinada a provar.
Uma coisa que não muda nos livros da Holly Jackson é sua escrita extremamente cativante. Assim como com todas as outras obras da autora, esse aqui foi impossível de deixar de lado até que todos os mistérios fossem desvendados. Sabe quando você pega um livro e logo na primeira página você sabe que aquilo vai te prender? Então. É desse jeitinho.
O que muda, entretanto ? e obviamente, são seus personagens. Apaixonada por Pip como sou, é impossível, para mim, não colocar as duas protagonistas lado a lado para uma comparação. Pip e Bel são completamente diferentes. Enquanto a primeira era movida por um desejo de justiça, a segunda está determinada a provar que Rachel é mentirosa. Enquanto a primeira tentava analisar as informações de modo objetivo, a segunda tenta molda-las para o resultado que deseja.
O reaparecimento de Rachel Price tem uma carga dramática muito maior que Manual e, mesmo que a protagonista esteja determinada a ser desagradável, eu me vi apegada a ela. Não é difícil de entender que todas as desconfianças e ações de Annabel são movidas por medo e trauma. Afinal, ela passou dezesseis anos com esse mistério sobre a sua cabeça, com pessoas perguntando ? mesmo ela já tendo respondido inúmeras vezes ? se ela não lembrava de nada. A vida da família foi revirada ao avesso quando Rachel sumiu e agora o mesmo acontece quando a mulher retorna. Não dá para culpar uma garota que só deseja ter uma vida normal.
A narrativa em primeira pessoa deixa o mistério ainda mais difícil de ser solucionado. Afinal, estamos dentro da cabeça de uma personagem que está decidida a enxergar as coisas de maneira tal. Chega ao ponto que você deixa de saber se realmente acredita nas conclusões de Annabel, ou se você, enquanto leitor, está apenas se deixando levar.
Não dou 5 estrelas porque, apesar da conclusão ter sido bem amarrada, ela também foi um tanto exagerada demais pro meu gosto. Dramática demais.
Entretanto, se você me perguntar se eu indico O reaparecimento de Rachel Price, minha resposta será definitivamente que sim.