A inquilina de Wildfell Hall

A inquilina de Wildfell Hall Anne Brontë




Resenhas - A moradora de Wildfell Hall


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helozete 14/11/2024

Evermore, track five
Com tal título, inicio minha resenha.
Primeiramente, olá meus queridos amigos. Esse foi o primeiro livro que eu terminei dentro do meu cronograma literário, e, nossa, que livro.

No inicio, conhecemos Helen, uma mulher, aparentemente viúva, que mora com seu filho e uma funcionária, algo que naquela época era considerado muito estranho. O protagonista, Gilbert, se encanta pela tal viúva, enquanto a cidade onde todos vivem querem descobrir mais dela e de quem ela é.

Helen então entrega seu diário pessoal para Gilbert, e aí começamos a entender sua história.

Acompanhamos a história dela desde o inicio de tudo, quando Helen se apaixona por Arthur Huntingdon, um cara com uma reputação?péssima, para ser sincera. Problemas como irresponsabilidade.

Por mais que havia sido avisada, ela ainda se apaixona por ele, e ainda por cima, eles se casam.

No início do casamento, ela percebe que o casamento certamente não será um mar de rosas, e que na verdade, a união parece ser unilateral.

Enquanto Helen fica em casa, arrumando e ajeitando tudo, Arthur bebe e viaja sem prazo para voltar, no livro, houveram diversos casos que ele viajava por semanas e voltava doente, e sempre Helen que cuidava dele.

Acho que a maior dificuldade dela de perceber e de desistir daquele amor é por dois motivos, o primeiro, é que ela o ama, o segundo, é porque ela acredita que ele a ama também.

Sua relação com seu marido se destrói totalmente quando ela descobre uma traição por parte do sei marido, ainda por cima, em sua própria casa. Ela fica desolada, mas não pode pedir divórcio ou nada disso. E o pior, é que quando ele descobre, ele começa a xinga-la e falar que ele a traiu por conta que a amante era melhor do que ela. Sim, isso mesmo.

Não irei contar o desfecho por conta que é spoiler.

MAS

~Considerações finais~

A escrita é maravilhosa, mas é cansativa. Eu me conectei MUITO como os personagens, amei muitos e odiei muitos também. A Helen é tão querida!

Parabenizo fortemente a Anne Brontë por escrever um romance tão bem escrito e profundo em plenos duzentos anos atrás.

Então foi isso

Bjs

Helô
maluurzvs 14/11/2024minha estante
ARRASOU MEU AMOR


maluurzvs 14/11/2024minha estante
FINALMENTE ACABOU TO TAO ORGULHOSA DE VOCE ??


maluurzvs 14/11/2024minha estante
SO FALTAM 4 (eu acho)


helozete 14/11/2024minha estante
@maluurzvs mt obg querida! FINALMENTE. Faltam 4,25 ?(não pergunte como funciona a matemática)


maluurzvs 14/11/2024minha estante
@helozete AEEEEEEEE


gabzete 14/11/2024minha estante
Anne brontë é a Colleen hoover do século passado


gabzete 14/11/2024minha estante
Gente eu achei mt interessante agr.


gabzete 14/11/2024minha estante
a escrita perfeita veyr, nem parece com as desgraças da minhas resenhas


helozete 14/11/2024minha estante
@gabzete amiga não, a anne é supeior. Ahhh que bomm! Obrigada minha diva


catholiclara_ 15/11/2024minha estante
amei a resenha amg ??


catholiclara_ 15/11/2024minha estante
ai eu amo clássicos, não conhecia esse, agora quero ler


helozete 15/11/2024minha estante
@catholiclara_ Leia simmm!!




lilianduartte 11/11/2024

Muito bomm
Amei! Confesso que houveram momentos bem maçantes da história, principalmente nas partes que retratam o casamento da personagem. Mas isso pode ser contornado pela expectativa da reviravolta (que todo mundo já sabe qual é, mas finge que não), além dos ensinamentos que o bom senso e juízo de uma mulher prudente e sábia trazem. Principalmente para vida dela e de seu filho, mas também para o seu casamento, pretendentes, família, amizades, inimizades e relacionamentos no geral. Como as personagens femininas das irmãs Brontë têm a nos ensinar!! Como sempre, o clássico com seu simples que encanta ??
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Evellyn.Gemelli 29/10/2024

Excelente romance de época
Um romance delicioso que se passa no século XIX, conta a história de Helen, que passou por situações humilhantes em seu casamento e tomou atitudes pouco conhecidas pelas mulheres naquela época.

Escrito por Anne Bronte, a irmã de Emily (que escreveu "O Morro dos Ventos Uivantes").

Leitura fácil (apenas com algumas palavras desconhecidas por ter sido escrito em outra época), de fácil compreensão, personagens muito bem definidos.

Nota 5 de 5 ??????????
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Grazieli.Anjos 28/10/2024

Mulher não muda homem nenhum...
Não entendeu o porquê a Anne é a mais desconhecida das 3 irmãs pq para mim este livro é mil vezes melhor que "O morro dos ventos uivantes" mas opiniões né ?????

A história da Helen nos trás uma lição necessária, principalmente para jovens meninas cristãs que ninguém muda homem nenhum e que não é seu papel converter ninguém.

Helen teve uma vida triste e sofrida com o Marido pq casou achando que iria conseguir converte-lo e por favor não caiam nessa!! Se você é cristã, procure o relacionamento com outro alguém TAMBÉM cristão não caia na lorota que irá conseguir converter fulaninho pelo amor e bom exemplo PQ NÃO VAI.

Essa leitura foi super gostosa e foi me surpreendendo com a página. Amei a visão da Anne sobre o mundo e como ela a coloca na história.
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Isabela354 27/10/2024

Delicadamente envolvente
Eu simplesmente amo romances históricos! A escrita de Anne é espetacular e os personagens possuem personalidades sarcásticas e me agradaram demasiadamente. A história de um casamento fracassado no século XIX foi muito bem desenvolvida e a esperança que o amor ainda existe, foi renovada. O único ponto negativo é que de ? até ? do livro a narrativa se arrasta um pouquinho, mas com certeza foi incrivelmente prazeroso ler esta obra.
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Gisely79 25/10/2024

Um dos MELHORES livros que já tiver prazer de ler
Anne Brontë nos presenteia com uma obra que desafia os padrões da época vitoriana: A Inquilina de Wildfell Hall. A história, narrada em formato de cartas, acompanha a misteriosa chegada de Helen Graham a uma pequena vila.

É emocionante a forma como Gilbert Markham não tinha preconceitos com Helen. A maneira como seus sentimentos por ela desencadearam uma onda de questionamentos sobre os valores da sociedade é notável.


A escrita da autora é admirável, pois ela aborda temas complexos de maneira sutil e acessível, o que torna seus livros ainda mais envolventes.
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euliteraria_ 20/10/2024

?Meu destino é como uma xícara de chá: contém uma mistura amarga que não posso esconder de mim mesma, disfarçar conforme minha vontade. Posso tentar me convencer de que a doçura a supera; posso dizer que tem um aroma agradável; tudo, menos dizer o que quero, pois ainda está lá e não me resta alternativa a não ser tomá-lo.?

?Ele não diz muita coisa, claro, mas seu silêncio insinua mais do que as palavras de todos os outros, e quanto menos diz, mais pensa.?

Na narrativa vamos conhecer em formato de cartas a nova Inquilina de Wildfell Hall através de Gilbert Markham. Uma mulher misteriosa que chegou com seu filho e sem marido.

Todo mundo esta muito curioso a respeito dela, inclusive Gilbert que até o momento não ia com a cara dela, mas a conhecendo bem, tudo isso muda rapidamente e um sentimento forte começa a brotar nele. Só que existe um segredo sobre as origens de Mrs. Graham e sua índole e não demora, também, para que os vizinhos comecem a fazer especulações (e fofocas) sobre ela.

Em certo ponto do romance, quando as suspeitas sobre a má conduta de Helen atinge a todos. Ela toma a voz da narrativa, pois é parte de seu diário que ela deposita em confiança nas mãos de Gilbert para conhecermos não só a sua parte na história, mas também a sua índole.

E assim descobrimos o quão Helen sofreu nas mãos de um homem, mas ao mesmo tempo vemos o quão ela é firme, forte com seus princípios, mãe zelosa e muito generosa, e soube lidar com muita maestria com todo esse infortúnio.

Demorei pra finalizar esse livro, mais a partir do meio para o fim devorei rapidamente! Fiquei angustiada com a situação que Helen vivia, e ao mesmo tempo fiquei surpresa do quanto ela teve coragem em se erguer com todos aqueles problemas acontecendo! Apesar de escrito em uma época antiga, o romance trata de um tema muito atual: a opressão da sociedade sob a mulher.
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Marília 29/09/2024

Uma grande história de amadurecimento através do sofrimento, nos mostra que as boas e más ações vão ter o retorno certo.
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Esther Netto 27/09/2024

IMPECÁVEL!
A construção da história, narração e personagens é simplesmente incrível. Por se tratar de um tema difícil (um casamento mal sucedido em 1800 e pouco) para a época, a autora fez um trabalho excelente e cheio de virtudes. Senti todas as emoções possíveis e fiquei admirada com a forma dela construir os diálogos narrando em dois gêneros (carta e diário) e através de dois olhares (Sr. Markham e Sra. Granham). Vale muito a leitura!

A única coisa que não é perfeita é a edição e revisão do livro, tem muitos erros, palavras escritas erradas, sem alguma letra ou junto com outras.
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brunadafonseca19 07/09/2024

Um livro antigo tão atual que dói
Eu amo os clássicos e esse não me decepcionou.
A autora, imagino, mal sabia o quanto a história que ela contou naquela época, ainda poderia fazer muito sentido hoje (infelizmente). Claro que evoluímos muito, graças ao trabalho crítico de mulheres como ela que ousaram em suas publicações e ações, mas os sofrimentos passados pela personagem Helen ainda são tão frequentes? e assim são também os comportamentos de uma sociedade machista.

O livro me causou, portanto, reconhecimento de muitas personalidades masculinas que no século XXI seguem iguais, muita (mas muita!) revolta, mas também a esperança de um final feliz, como manda um bom romance.
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Franciéle 26/08/2024

A história de um triste casamento e tudo o que levou a sua ruína e ao fim.
Um novo amor, uma vida baseada em servir a Cristo.
Helen, para mim foi um exemplo de alma cristã, aguentar as coisas a que foi exposta e o perdão (mas não o esquecimento) de tudo, e no final ainda voltar para o lado daquele que trouxe a ruína.
No fim de tudo, acredito que 1 Coríntios 13:4-7 resume tudo sobre esse livro
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nymeria 23/08/2024

Um livro inesquecível.
Uma leitura inesquecível.

eu sabia que esse livro seria cinco estrelas antes de terminar a leitura. Nesse livro, Anne Bronte mostrou que ela não fica nem um pouco atrás das outras duas irmãs, aliás, o que tinha no gene dessa família? Posso dizer que esse leitura foi mais marcante do que Jane Eyre.
Eu amei a forma como é criticada o patriarcado, a criação da mulher e de homens e a força e resiliência que a Helen tem. Ela é uma personagem tão forte que em momentos de leitura eu senti tanta cólera e chorei pelo o que ela passou.
Esse livro é tão moderno, que infelizmente, algumas mulheres ainda sofrem pelo o que a protagonista passou. Fiquei muito feliz com o final, todos os personagens tiveram os seus desfechos e sempre guardarei esse livro no coração e como favorito. Quando eu comprar o físico, com certeza irei reler pois quero ter ele na minha estante.
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NaiaraAimee 05/08/2024

Que comunhão tem a luz com as trevas [...]?
“Mantenha a guarda sobre seus olhos e ouvidos que são entradas do seu coração, e sobre seus lábios que são a saída, senão eles trairão você em um momento de descuido”.

Reler esse livro pela terceira ou quarta vez, agora pela edição da Principis, foi uma experiência ainda melhor que as anteriores! Sinto que a maturidade me traz novas perspectivas à medida que vou me deparando com a história da Helen e todos os pequenos detalhes que a permeiam.

Farei um breve resumo do livro, mas tenho que lhe dizer que se você, assim como eu, gosta de pegar um livro sem saber quase nada sobre, então não leia minha ou nenhuma resenha e nem a sinopse. Um dos plots é a base central da história, pois uma boa parte dela gira em torno desse mistério que se resolve antes da metade da obra.

RESUMO

Na mansão decadente de Wildfell Hall surge uma nova inquilina. Ela é jovem, bonita, misteriosa e tem um filho. Todos mostram interesse pela vida da mulher, mas, à primeira vista, Gilbert a acha afetada e arredia. No entanto, ao conhecê-la melhor, ele descobre que a jovem, que todas acreditam ser uma viúva, é muito interessante e um sentimento passa a crescer em seu coração.

“Seu rosto estava virado em minha direção e nele havia algo que, uma vez visto, convidava a olhar de novo”.

Apesar dos sentimentos e da crença inabalável no bom caráter de sua querida Helen e de defendê-la com sua alma de todas as fofocas que passam a rondá-la, uma situação faz com que ele tome um baque. No entanto, quando Helen lhe entrega seu diário, Gilbert passa a entender por que a jovem mãe é tão reclusa e relutante em aceitar os sentimentos que um tem pelo outro.

O diário leva Gilbert e o leitor para alguns anos antes e nos apresenta uma Helen mais jovem e com ímpetos de uma garota forte, mas apaixonada. Vemos seu envolvimento com Arthur, um homem dado aos prazeres mundanos, de aparência agradável e hábitos pouco convencionais. Ela sente que pode levá-lo ao caminho do bem, mas não imagina as adversidades que o futuro casamento lhe reserva.

“Se ele tem sido errante, considerarei que minha vida será bem gasta tentando salvá-lo das consequências de seus erros antigos e lutando para chamá-lo de volta para o caminho da virtude.”

OPINIÃO.

Esse texto está sujeito ao que você pode considerar spoiler, então sugiro que leia o livro e venha ler essa resenha depois, assim podemos conversar!

Meus colegas leitores, eu preciso começar reforçando uma das resenhas que li aqui mesmo no skoob sobre Deus ter depositado todo o dom da escrita nas irmãs Brontë! E a Anne foi certamente a que recebeu mais desse dom, embora seja a menos reconhecida. Tenho sempre a resposta pronta quando me perguntam meu autor favorito e digo “Charlotte Brontë”, pois lembro minha emoção e fixa obsessão por Jane Eyre, o quanto eu dizia para mim mesma “Deus, se formos todos para o céu, permita-me conhecer essa extraordinária autora”. Porém, creio que com o passar do tempo, a Anne roubou esse posto. Ahhh, não sei se posso escolher entre as três! Amo todos os livros delas! Mas sem dúvidas, meu apreço pela Anne cresceu em um nível extraordinário.

Voltando ao foco dessa resenha, gostaria de explanar sobre cada um dos personagens, então por que não começar pelo Gilbert?

GILBERT

De início, a sensação é de que Gilbert é um rapaz fútil e até um tanto libertino, embora de forma alguma possamos dizer que ele tenha uma vida desregrada ou vícios. Penso que ele nos é apresentado como um rapaz imaturo para em seguida vermos o oposto. Sua maturidade acaba sendo regada pela convivência com Helen, que é uma mulher forte, sensível e dedicada. Em nenhum momento ela lhe dá abertura ou deixa ambígua a relação de amizade que ambos têm, mas é dentro dessa provação que Gilbert encontra o seu crescimento. Ainda assim, só podemos dizer o quão ele evoluiu na obra depois que o rapaz lê os diários e descobre o motivo de Helen e ele não poder viver seus sentimentos. A admiração pela força interior e a abdicação do conforto que é estar com ela, com a perspectiva de ser sempre um amigo e mesmo assim aceitar essa situação sem insistir em uma relação que seria agressiva aos princípios da Helen, tornam Gilbert um mocinho que, apesar dos defeitos, merecedor desse amor.

“Quando chegar a hora de ficarmos juntos para sempre, poderemos trocar pensamentos sem a intervenção desses frios intermediários: caneta, tinta e papel”

ARTHUR E HELEN

O Arthur me lembrou muito os mocinhos dos romances de época contemporâneo: lindo, libertino, com um passado duvidoso. É o cavalheiro que ousa infringir as etiquetas impostas pela sociedade e que salva a mocinha de conversas aborrecidas e as diverte com suas tiradas. E mesmo quando a mocinha é do tipo forte e se mostra difícil, somos inebriados pela perspectiva de uma redenção. Eu costumava suspirar por esses personagens e cair de amores por eles, mas conforme fui envelhecendo (escrevo essa resenha aos 32), sinto que esse tipo de personagem não tem mais nada a me oferecer. Em termos carnais? Talvez sejamos um tanto quanto deslumbradas como a Helen foi e você verá a seguir, afinal, há tanto charme na descrição desses personagens, porque existe uma linda e fabulosa mudança de comportamento através do amor que as mocinhas despertam neles (ah, os livros!).

Arthur têm quase todas essas qualidades que citei acima. Ele aparece para nós com a visão da Helen, uma jovem que se apaixona pela vivacidade dele tendo em vista os pretendentes que ela tem e o quão não despertam nada nela além do tédio. A jovem conhece o rapaz em Londres e acalenta esperanças, porém temos a tia que a criou, aconselhando-a a pensar tendo em vista a forma mundana como Arthur leva a vida, os boatos de ele já ter se envolvido até com uma mulher casada. Se por um lado, eu estava ao lado da tia nessa questão, por outro acredito que incentivá-la a se casar só por segurança e com quem não amava não ajudou muito na questão.

Helen é levada a voltar para o interior por causa da doença do tio e pensa com melancolia que nunca mais verá Arthur. Quando ele é convidado para passar a temporada no campo com eles (não só ele, mas alguns outros amigos), os sentimentos da jovem se reforçam. Nesse ínterim, no entanto, algumas nuances de seu caráter se apresentam aqui e ali. Não citarei todas, mas penso que a cena em que ele pega o retrato e a cena em que rouba um beijo dela acendem um pequeno alerta não tanto pela atitude em si, mas pela maneira como ela ocorre. Entendam: não é pela foto ou beijo, mas a forma como ele faz isso e soa não como alguém feliz por saber que também é amado, porém como alguém que tem seu ego inflado.

Além disso, as amizades de uma pessoa também falam muito sobre ela. E de forma magistral, Anne não faz sua personagem ser cega aos defeitos do seu objeto de afeto. Pelo contrário: Helen está muito ciente das imperfeições do caráter de Arthur e deixa isso evidente pelas conversas que tem com a tia, mas Helen acredita que, com a ajuda de Deus, ela vai conseguir colocá-lo no caminho da retidão. Creio que em outras circunstâncias, se ela não estivesse tão apaixonada, veria que Ele deu sinais para que ela nem entrasse nessa relação.

Para finalizar a primeira parte, acredito que tudo só piora quando Arthur conta sobre um de seus amigos e como o incentivou a continuar jogando e bebendo. Aquilo faz Helen se perguntar se ela está fazendo a escolha correta ao se casar, mas acaba por se convencer de que sim, afinal, “ela pode melhorá-lo”.

Já na lua de mel, Arthur se mostra egoísta ao não passear com sua esposa, porque já esteve em todos aqueles lugares. Então acompanhamos o desenvolvimento da relação, as brigas, o descaso de Arthur que só vai escalonando a cada capítulo. Vemos uma Helen fervorosa tentando de todas as formas conscientizar o marido – marido esse que fica longe por meses e a deixa só. Cada vez que Arthur fica longe com os amigos volta pior até que o vício da bebida o consome. Eu creio que parte do personagem foi inspirada no irmão. Penso que o Patrick não era mau ou autoritário, mas era apaixonado por uma mulher casada (daí o desregramento) e tinha o vício da bebida. Em qualquer século, esse é um maldito vício que destrói a personalidade da pessoa, sua saúde e aparência. Então Anne sabia bem o que ela estava narrando.

Apesar dos hábitos ruins, da terrível traição e de tudo de mau que vem de Arthur, o único que move sua decisão de deixar o marido é seu filho. Quando vê que o pai quer levar a criança pelo mesmo caminho, a coragem para não permitir isso faz com que ela se levante para a mudança.

DEUS NA OBRA

Uma vez, para ganhar horas complementares, assisti a um webnário em comemoração aos 200 anos de Anne Brontë. Pouco se falou sobre ela, na verdade, mas algo que me marcou foi que os professores, doutores, tradutores, brincaram de modo pejorativo sobre as crenças da Anne e uma tradutora famosa de Jane Austen disse que era por não haver religiosidade nos livros da Austen que ela a preferia. Eu penso que não haveria uma Helen inspiradora sem um Deus em que ela depositasse sua fé.

A fé como é retratada em Wildfell Hall é uma das coisas mais puras e doces na literatura. Ela não nega a Deus diante de quaisquer circunstâncias, seu amor por Arthur em nenhum momento é elevado ao mais alto grau, deixando-O abaixo de seus sentimentos, mesmo quando o rapaz lhe pede que o faça, pois Arthur tem ciúmes do amor dela por Deus, já que seu egoísmo e descrença o faz desejar ser o centro de todas as coisas. Quando Helen diz que gostaria que ele amasse Deus até mais do que a amava, porque assim ela poderia acreditar no amor dele, é porque no momento em que você O ama não consegue entregar para o outro semelhante nada além de respeito e afeto sincero.

“O que você é, senhor, para se colocar como um deus e querer disputar a posse do meu coração com Ele, a quem devo tudo que tenho e sou.”

Na adaptação da BBC, Helen e Gilbert se beijam quando ela ainda está casada, maculando a obra original em que, não pela seu própria força, mas pela força que ela encontra em Deus e na certeza de que, se permanecer firme nesse mundo em que tudo é passageiro, ela encontrará na eternidade a alegria verdadeira e vai habitar com Deus. Lá também encontrará aqueles que ama. É por causa dessa fé, que ela suporta todas as provações que passa com Arthur e não se entrega a derrota e solidão.

“Quando digo para não se casar sem amor, também não a aconselho a se casar somente por amor; há muitas , muitas outras coisas a se considerar.”

“Apesar de a vida de solteira não trazer alegrias, pelo menos suas tristezas não serão maiores do que consegue suportar”.

Eu queria falar muito mais sobre esse livro, explanar tudo que eu sinto ao lê-lo e todas as questões que apresenta, mas essa resenha ficaria ainda maior. Tudo que posso dizer sobre essa obra é que ela é poderosa e deve ter sido muito mais em seu tempo. Ela era cristã não importa em que lugar queiram colocá-la, e essa justiça em sua veia provinha muito dos ensinamentos de amor com os quais ela cresceu (e aqui me refiro aos ensinamentos bíblicos). A Helen é seu panfleto ambulante de fé e depois de tudo que passou, ela não excluiu o masculino da sua vida e nunca tratou o Gilbert com a presunção de que ele seria ruim como Arthur por ser homem. Helen abriu-se para o amor, porém dessa vez com o cuidado de observar e saber se seu amado caminharia na mesma estrada, não apenas se dizendo ser, mas sendo de fato.

“Deus é sabedoria infinita, poder, bondade e AMOR; mas, se essa ideia for muito vasta para suas faculdades humanas, se sua cabeça se perde em tal esmagadora infinitude, fixe-a nAquele que condescendeu em assumir nossa natureza por Ele, que se ergueu aos céus mesmo em Seu glorioso corpo humano, no qual reluz a completude divina.”

Sobre a edição: eu gostei da tradução, mas não achei perfeita. Expressões como “Ó/Qual!” ficaram sem nexo! (“Ó” nós usamos quando é de “olha!”, caso contrário é “Oh!”). A edição da Landmark é boa, porém letras mega pequenas. A da Pedrazul é a melhor até agora: boa tradução e há várias referências, principalmente das partes recitadas da bíblia caso você queira saber a qual livro pertencem. A edição de 1,99 da mimética me deixou cabreira, pois quando fui fazer comparação nos textos que tinha disponível físico e virtual, vi que eles suprimiram 90% da fala da personagem, então como confiar que no texto inteiro não há várias passagens com supressão? Avaliem bem antes de comprar uma tradução.

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Nessa 03/08/2024

Lido mais uma inesquecível obra Bronte!
Finalmente agora posso dizer que li pelo menos um livro de cada irmã Bronte.
Anne deixou essa incrível história de uma personagem inesquecível. É assim que sempre me lembrarei de Helen. Sei que A Senhora de Wildfell Hall possui versões censuradas, pois no século XIX seu conteúdo chocou a sociedade e por esse motivo até hoje alguns exemplares são da versão publicada inicialmente.
A edição lida no entanto é do texto integral, que me fez sentir tanta empatia pela personagem que em alguns dias eu realmente ficava triste.
Recomendo a leitura!
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