O Retrato

O Retrato Erico Verissimo




Resenhas - O Tempo e o Vento: O Retrato - Vol. 2


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Laura Bernardes 22/02/2014

O Tempo e o Vento - O Retrato Vol. 2 - Erico Verissimo (Companhia das Letras)
Nem sei mais o que dizer sobre O Tempo e o Vento. Cada vez me prende mais. Erico Verissimo tem um jeito maravilhoso, inteligente e cativante de escrever, e consegue misturar harmoniosamente política e romance, os dramas de uma família e os dramas de um governo. Principalmente em O Retrato, em que a história não me era conhecida, me surpreendo com todo o enredo criado. O Tempo e o Vento é um clássico, e não poderia ser diferente.
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Cinthya4 25/06/2017

Dos livros de O Tempo e O Vento que li, este foi o que menos gostei. O livro inteiro (O Retrato vol 1 e vol 2) falou sobre a vida do personagem Rodrigo Terra Cambará, achei que ficou muito cansativo e não aguentava mais ler o nome da Toni na história… Não teria ficado tão cansativo se o Rodrigo fosse um personagem interessante e cativante, mas ele não é.

Achei interessante o porquê do livro se chamar O Retrato e a sua semelhança (meio invertida) com a obra de Oscar Wilde. E a última parte “Uma Vela para o Negrinho” foi muito, muito boa (melhor até que o restante do livro) e parece que a história de O Arquipélago promete.
bia_rubens 12/06/2020minha estante

eu to terminando ele e tb não aguento mais ouvir falar da toni kkkkkk e tb tive a mesma impressão com a bora do oscar wilde




Mayane25 04/01/2017

Até agora é o volume que menos gostei. Chegar nesse ponto da história é sentir saudade de personagens fortes como Ana Terra e Bibiana. Além de ter, a todo momento, a sensação de que falta alguma coisa que havia nos dois volumes de O Continente e o primeiro de O Retrato: algo que o faça valer a pena.

A minha leitura desse livro foi bem lenta, quase 6 meses enrolando esse término (fato que surpreende a mim mesma, já que praticamente devorei os outros volumes da saga com tamanha empolgação). Porém, continuo a dizer que O Tempo e O Vento foi a minha maior/melhor descoberta literária. Acredito, até, que a lentidão tenha sido também por "saudade antecipada", já que agora chego à última parte da história da família Terra Cambará.

Decepção pequena que não foi o suficiente para me impedir de criar milhões de expectativas quanto aos livros d'O Arquipélago. A leitura desses também será bem lenta, mas de propósito: vai ser difícil largar o Veríssimo.
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Natalie Lagedo 10/05/2016

No primeiro volume de O Retrato, vimos que por motivos políticos, Rodrigo adiou o início de sua atividade médica. Neste segundo tomo, ele coloca em prática esse desejo e inclusive faz um esboço de hospital nos fundos da farmácia, auxiliado por um casal de italianos, os Carbone.

O protagonista, como já ficou bastante claro, é amante da modernidade e de tudo o que o conforto pode trazer. É neste ponto que percebemos a grande diferença entre Licurgo e seu filho, pois aquele acredita que qualquer coisa além do essencial é vaidade e feminilidade.

Com o despontar da Primeira Guerra Mundial, o livro mostra as formas como ela impactou a vida no Brasil. A esmagadora maioria do país apoiava os Aliados; as colônias alemãs e italianas, por sua vez, ficaram do lado de seus países de origem, denotando que por mais que permanecessem em solo brasileiro, ainda possuíam forte carinho pela pátria. Tanto é que Veríssimo sempre afirma que não abandonaram a cultura nem o idioma de origem.

O sergipano Tenente Rubim, em discussão sobre o espírito guerreiro do brasileiro disse algo que eu, como nordestina, gostaria de ressaltar: “Não tivemos vizinhos castelhanos com quem brigar, mas tivemos e ainda temos um inimigo que nunca nos deu tréguas: a terra, o clima. E o pior, ou o melhor, é que apesar de tudo nós amamos esse inimigo.”

Os elementos fixos do texto, como o punhal de prata de Pedro, a tesoura enferrujada de Ana Terra e a figueira da praça desaparecem da história, demonstrando as mudanças do século XX e o desapego com a tradição.

Por fim, Veríssimo faz um corte no tempo e passa para a fase em que os filhos do casal Rodrigo e Flora já são adultos. Floriano, o primogênito, é um escritor de romances desinteressado pela política e de caráter prudente. Graduou-se nos Estados Unidos e reflete sobre a situação da humanidade após a Segunda Guerra Mundial. Conclui que o pavor de ter outra disputa desse porte foi o ponto que mais favoreceu à instauração dos regimes totalitários na Europa. Chama de Horror Moderno a canalização e industrialização do medo por meio do Estado, Nacionalismo, adulteração da História, Antropologia, Biologia e afins para adequá-las ao Regime, e de Horror Atômico a bomba, que dizimou populações inteiras. E é no contexto da Guerra Fria que encerra-se O Retrato.
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Wallas Felippe 23/07/2009

Dedicado à obra!
Tempo...

Às vezes o tempo é nosso maior inimigo,
Outras vezes é nosso maior aliado.
Nada melhor do que dar tempo ao tempo,
Pois tempo é remédio para tudo

A única coisa que sinto nesse momento é o vento lá fora.
O vento sopra e o tempo passa...
O tempo e o vento...

É noite,
Só encontro você em meus pensamentos.
Meus únicos companheiros são:
O tempo e o vento...

Tudo passa,
A morte chega quando você menos espera.
Só restarão duas coisas:
O Tempo e o Vento...

(Wallas Felippe)
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Gláucia 05/07/2011

O Retrato Vol.2 - Erico Verissimo
Segundo volume da segunda parte da série O Tempo e o Vento, aqui se encerra a saga da familia Terra-Cambará, narrada sob a visão de Rodrigo Cambará que nos descreve todo o panorama histórico da década de 1940.
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Beto 21/12/2013

O tempo e o vento. O retrato vol. 2
O Retrato vol. 2, nos apresenta um Dr. Rodrigo Cambará, refinado, médico, preocupado com os pobres, mas vaidoso, que nos lembra a atualidade, homens vaidosos e machos, na concepção da palavra, o refino cultural, abrandou as truculências do passado, do Capitão Rodrigo, o Erico Verissimo foi mais uma vez brilhante na composição e exposição dos personagens.

” – Tinhas o mapa do Rio Grande na cabeça e no coração. Por onde quer que andasses, até os passarinhos te conheciam e estimavam. Foste um sábio e um santo à tua maneira, um rapsodo desta terra e desta gente, o melhor contador de causos que conheci. E neste momento, do outro lado da vida, montando num dos teus muitos pingos de estimação que morreram antes de ti, imagino-te cruzando num trote faceiro as invernadas da eternidade: “Ó de casa!”. E vejo são Pedro olhar para fora e dizer aos seus anjos: ” Abram a porta, meninos, é o Fandango. Entre, compadre, sente e tome um mate, faz de conta que a casa é sua” . Fandango, amigo velho, até por lá!

O caixão foi descido à cova. Licurgo agachou-se, apanhou um punhado de terra e atirou-o sobre ele. Outros o imitaram. O negro Antero tomou da pá e começou a entupir a cova. Aos poucos o grupo se foi dispersando.

Ao descerem para a casa, Licurgo resmungou, taciturno:

- Não carecia o senhor fazer discurso. O Fandango não era homem dessas coisas…

Rodrigo, que imaginava o pai orgulhoso de sua oração, ficou desapontado. Sentiu-se, porém, um pouco consolado quando Bio, tomando-lhe afetuosamente o braço cochichou:

- Me fizeste chorar, filho da mãe.

- Eu também chorei…

- Somos duas vacas.
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Newton Nitro 29/04/2015

E continua a saga dos terra-cambará!
No segundo volume se completa a trajetória do Dr. Rodrigo Cambará, em uma das melhores explorações de personagens que já li. Veríssimo expõe completamente a alma do Dr. Rodrigo, com todas suas contradições, oferecendo questionamentos e evitando explicações, como em toda grande literatura.

Técnica narrativa impecável, e com direito a arroubos de fluxo de consciência à moda Joyciana (amei essa parte), personagens muito bem construídos e imprevisíveis, e um retrato explícito do patriarcalismo tradicional imerso na nossa história, é de chocar ver os processos mentais de Rodrigo a partir do contexto atual das relações entre homens e mulheres, e o que mais horroriza é ver que muitos dos preconceitos da época em relação à mulher continuam fortes e vivos nos dias de hoje.

Essa segunda parte mergulha mais a fundo nas discussões filosóficas que parecem ser um dos pontos centrais de "O Retrato, como se fosse um "retrato" das correntes de pensamento do início do século XX. Facismo, anarquismo, comunismo, liberalismo, mentalidade pequeno-burguês, caudilhismo, são abordados e muitas vezes "encarnados" em diversos personagens".

E mais uma vez, o cuidado com a linguagem, a lapidação frase a frase, tudo isso faz de "O Retrato" um clássico da literatura. É uma pena que a maioria dos leitores de Tempo e o Vento parem no primeiro volume, O Continente. O Retrato é um livro muito diferente do Continente, mas é fantástico, merece ser lido e redescoberto. E para quem curte escrever, O Retrato é uma aula impressionante de como mergulhar e narrar as nuances da alma de um personagem contraditório e "vivo".

E agora vamos para Arquipélago, o último volume de O Tempo e o Vento e o último livro de ficção de Érico Veríssimo.

ANOTAÇÕES FEITAS DURANTE A LEITURA (CUIDADO, PODE CONTER SPOILERS!)

relação entre licurgo e rodrigo, relação católica entre o homem e o deus patriarca

machismo e orgulho, Rodrigo trata as mulheres como objetos para saciar seus desejos

personagens com vida interior intensa, pensamentos, emoções, dúvidas, vem e vão, como o vento dentro da alma, emoções complexas, justificações, racionalizações, egoísmo, e os momento dw confiança absoluta intercalados por dúvidas profundas.

Rodrigo é o Chantecler, da peça francesa, e Dorian Gray de Oscar Wilde.

Rodrigo se revolta quando descobre que o universo não gira em torno dele.

Rodrigo, o macho da elite no auge dos seus poderes em um contexto machista.

como é bom estar vivo - frase que se repete, o lema dos Rodrigos de Érico Veríssimo.

discussões sobre a morte, livro mais filosófico, grandw trabalho de carpintaria

Rubinho, a encarnação do nascente pensamento fascista

rodrigo cambará do romance o retrato é a reencarnação o capitão rodrigo do romance o continente o homem que ama a vida sem limites sensualismo sedutor energético mas em um contexto diferente ou seja o que aconteceria se o capitão rodrigo tivesse nascido dentro do contexto de rodrigo cambará a força do sangue a força da ancestralidade talvez uma metáfora para o espírito do rio grande do sul

o nascimento so facismo nas conversas dos amigos de rodrigo

morte de fandango, morte do sul tradicional

momentos pontuais de onisciencia, por meio de recortes

Pepe, o pintor anarquista : mais um estrangeiro em Santa Fé que não gosta do lugar mas que não sabe porque fica, como Carl Winters no vol. 1 de Tempo e o Vento

Mudança no estilo: narrador em terceira pessoa próxima subjetiva, refletindo as mudanças no estilo contemporâneo de narrativa. A narrativa é focada em Rodrigo apenas, quase sem mudança de ponto de vista narrativo.

rodrigo justifica sua infidelidade constantemente, de cima de sua posição poderosa de homem de elite

conflitos entre vida familiar amante é a mulher esposa problemas sexuais

técnica narrativa transição temporal em uma frase usando o ponto de vista profundo

tema: o ego masculino sempre leva a tragédia pessoal


técnica narrativa, ao fazer exposição, use uma metáfora para unificar a exposição inteira, fica elegante e de fácil entendimento para o leitor
metáfora do leite para descrever a hieraquia social da cidade de santa fé
rodrigo e o símbolo do cometa rodrigo como cometa

o livro explora a alma masculina ante aos avanços sociais do século XX

construção coletiva da verdade sobre uma pessoa

Cidadão Kane e O Retrato de Dorian Gray, referências.

a vinda apocalíptica do cometa marcando o novo século, junto com a volta de Rodrigo para Santa Fé.

o vento como símbolo novamente " a culpa é do vento"

começa pela hora da morte, como em Cidadão Kane

desgraça nunca vem só

"Calúnia é calúnia, sempre deixa sua marca"

conflito da roça com a cidade
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LetFelden 09/09/2022

a primeira parte é bem melhor. Agr aq mds a hipocrisia pq o rodrigo ficava puto com o pai dele e a ismalia e foi la e fez a msm coisa ??
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Yali 18/02/2022

Menos arrastado que o primeiro volume de "O Retrato"
Esse segundo volume é melhor que o primeiro, mais agitado, com mais acontecimentos relevantes tanto do ponto de vista histórico quanto literário. Não chega nem perto do brilhantismo de "O Continente", mas vale a leitura.
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Lucas 01/07/2017

A agitada vida de um protagonista problemático – Resenha para os dois volumes
Seja em livros, filmes ou qualquer outro tipo de entretenimento, é normal que se torça o nariz para sequências. É raro que a segunda parte de uma história, cujo sucessora tenha sido incrível, mantenha o nível de atração. Até por isso, em casos assim, a sequência é muitas vezes cercada de expectativas menores: o leitor, nesse caso, crê que se tratará de um bom livro, mas que não terá a mesma consistência da obra que o antecedeu.

A saga O Tempo e o Vento, do gaúcho Erico Verissimo é um excelente exemplo desse raciocínio. A primeira parte, O Continente, é genial: misturando a história turbulenta do Rio Grande do Sul entre 1745 e 1895 com personagens fictícios de substância eterna, ele abre muito bem a saga. Além disso, é um livro que funciona perfeitamente sozinho, pois não deixa pontas soltas ao fim, com o destino dos personagens mais importantes se resolvendo ou deixando-se encaminhado. Ao fim da leitura e antes de iniciar O Retrato, a segunda parte do épico, o leitor fica com a mesma sensação do exposto no início: certamente será um bom livro, mas que carecerá de alguns pilares fictícios que tornam O Continente tão maravilhoso, como o casal formado pelo incrível Capitão Rodrigo Cambará e a exemplar Bibiana Terra.

Mas as primeiras páginas de O Retrato desconstroem isso. O mesmo fascínio narrativo demonstrado em O Continente aparece aqui renovado. Com a mesma técnica de narrar primeiro o tempo "presente" (1945) e fazendo digressões (bem menos frequentes que o antecessor) ao passado, a narrativa adquire ares ora lúdicos, ora históricos. A grande diferença é temporal: enquanto a primeira parte de O Tempo e o Vento demonstra 150 anos da história do RS, O Retrato vai realçar uma parte da história de 36 anos da família Terra Cambará, entre 1909 e 1945. Esse relato temporal é parcial: a sinopse de O Arquipélago, obra que fecha a trilogia, dá a entender que é nela que estarão mais fielmente detalhadas as turbulências históricas que ocorreram nestas quase quatro décadas. Assim, O Retrato começa do "presente" e volta ao passado, iniciando, com minúcia, esse caminho de volta a 1945, mas que não é totalmente realizado, ficando parte desse retorno narrativo para O Arquipélago. Este é um detalhe crucial que difere o livro de O Continente, cuja história retrocede e volta ao presente, gerando uma obra mais "redonda".

Este aspecto cronológico, de menor abrangência, é um argumento favorável à tese inicial de que O Retrato é um pouco inferior literariamente. Pensa-se de antemão que agora a monotonia seja maior, com detalhismos cuja necessidade é questionável. Mas ao deixar a narrativa um pouco menos dinâmica, Erico detalha a vida do interior do Rio Grande do Sul do início do século XX, com as colônias alemãs e italianas, a vida na cidade (Santa Fé, pano de fundo fictício de toda a história, agora é uma cidade típica do interior, com duas ruas calçadas, restaurantes, etc.) e o cotidiano nas estâncias. O minuano (vento frio de inverno, normalmente vindo do sul), a forma de falar, com várias gírias, o gosto do gaúcho em arranjar "pelejas", tudo isso está aqui. Para quem desconhece a vida no sul do Brasil (principalmente no RS e em SC), estas são características fascinantes e até peculiares. Mas para quem é daqui, a impressão que se tem, assim como em O Continente, é que O Retrato é uma homenagem ao povo gaúcho; o leitor que é natural do sul sente-se homenageado com as canções, os relatos, as lendas e os diálogos que permeiam a obra. É uma maravilhosa volta ao passado, onde a forma de viver das gerações anteriores, tão fielmente representada, é uma ferramenta que toca e emociona o leitor quase o tempo todo.

Em termos mais práticos, O Retrato (lançado dois anos depois de O Continente, em 1951) conta a primeira parte da trajetória de vida do Dr. Rodrigo Terra Cambará, bisneto do eterno Cap. Rodrigo. Na obra anterior, ele era apenas uma criança, mas Verissimo dá a entender que ele é o grande protagonista de toda a saga. Médico formado, a história começa, em termos cronológicos, com o seu retorno a Santa Fé, onde ele toma partido nas disputas políticas locais e até nacionais (a eleição do Marechal Hermes da Fonseca para presidente em 1910 adquire grande espaço na obra). Ao fazer esse relato, o autor demonstra a realidade "bélica" das eleições da época, bem como certos "aspectos obscuros" que as envolviam (ainda hoje no sul do Brasil, as eleições municipais são cercadas de imensa expectativa, com muitas farpas e divisões profundas nas cidades menores). A presença e menção a personagens reais (como o senador Pinheiro Machado, um dos maiores políticos da história do RS) dá ainda mais veracidade à ficção, tornando-a crível sob o ponto de vista de retrato da realidade da época.

O protagonista é imperfeito, contraditório e bipolar: ora carismático, lembrando o seu bisavô, ora individualista, preconceituoso e possessivo. O Dr. Rodrigo pode sim ser uma extensão do seu antepassado homônimo, mas é inegável que ele possui alguns defeitos pessoais mais sérios, que podem fazer o leitor, no mínimo, questionar a sua real importância, especialmente os relacionados à adultério e, principalmente, cobiça, aspectos tão presentes no clã Cambará. A mistura de presunção e altruísmo é o que define o "filho pródigo" de Santa Fé, o que só evidencia a sua alta complexidade. Há esperança, contudo, de que sua personalidade se transforme positivamente com o tempo que não foi enquadrado por O Retrato e que deve estar incluso na narrativa de O Arquipélago. O seu desfecho, carregado de aspectos sombrios, permite acreditar nesta hipótese.

Erico Verissimo é, sabidamente, um dos maiores autores nacionais do século XX. Uma característica interessante é que ele escreve de uma forma positivamente diferente em O Tempo e o Vento: quando se lê, por exemplo, Caminhos Cruzados ou Incidente em Antares, duas das obras mais populares da carreira de Verissimo, se está diante de um ótimo autor, que narra suas histórias sem futilidades ou aspectos forçados. Mas quando se está lendo a saga da família Terra Cambará, além destes pontos positivos, o leitor se sente diante de um grande literato, profundo conhecedor da história do seu Estado e da sua gente. A já mencionada inserção de personagens reais na narrativa (algo que não ocorreu de forma direta em O Continente) contribuiu para que a ficção seja carregada de realidade, deixando-a totalmente desprovida de qualquer tipo de artificialidade.

Problemas de saúde do autor adiaram seguidamente o lançamento da obra que fecha O Tempo e o Vento, O Arquipélago, lançado apenas em 1962. É importante destacar isso porque O Retrato, contrário ao seu antecessor, não é uma obra que "se resolve" por si mesma. Dezenas de pontas soltas e temas não resolvidos ficam para a última parte da saga. Assim, é até recomendável que ambos os livros devam ser lidos quase seguidamente, a fim de que não se perca o encanto despertado na obra que apresenta o Dr. Rodrigo. E diferente de O Continente, O Retrato trás grande expectativa para a obra seguinte, que trará a continuação e o desfecho da história da família Terra Cambará, que tão bem representa o fascínio que é ser natural do sul do país.
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Fábio Valeta 06/10/2017

Quarta livro da saga do Rio Grande do Sul por Érico Verissimo e conclusão da segunda parte da “Trilogia de sete livros” O Tempo e o Vento.

Originalmente publicado em volume único, o Retrato é a história do início da ascensão política de Rodrigo Terra Cambará que personifica muitas das qualidades e defeitos de seus antepassados (falei sobre isso na resenha da primeira parte de “O Retrato”). Aqui, vemos mais sobre sua personalidade o tipo de homem que ele é, ao mesmo tempo que já sabemos de antemão sobre sua derrocada, junto ao Estado Novo de Getúlio Vargas.
Falando de forma bem clara, (e de certa forma com um pouco de spoiler, então continue a ler por conta e risco) Rodrigo está longe de poder ser considerado boa pessoa. Seus ideais são constantemente atropelados pelos seus desejos, aos quais ele constantemente se rende. Impulsivo, ele deixa-se dominar pelo momento apenas para depois ficar com medo que as outras pessoas saibam de suas fraquezas e defeitos e que usem desse conhecimento contra ele.
E é esse um dos pontos altos da história. Em nenhum momento o autor conduz sua história de forma a defender ou mesmo vilipendiar seu personagem principal. O narrador não o julga, mesmo quando os atos do personagem, tão condenáveis, levam a consequências terríveis para outros. O julgamento, cabe aos leitores, e apenas a eles.

“O Tempo e o Vento” continua se mostrando uma história poderosa e seus três livros finais serão lidos depois de uma breve pausa para outras leituras.
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Gabriel Brandenburg 03/08/2021

O Final
Sinceramente, gostei muito do final, não porque o livro terminou, mas pela forma como é escrito. Por causa dele estou muito motivado a continuar lendo os próximos livros.
Acredito que a culpa de eu não gostar muito do livro é o Dr. Rodrigo, pois na metade do livro já tinha enjoado um pouco dele.
Ah, uma parte tem algo que eu não gosto de ler, um suicídio.
No que se refere a escrita, sou um fã do Érico, mas achei que ele usou bastante de outras línguas, como o francês, isso não me incomodou muito, ficou no limite, tinha sentido, um pouco a mais, seria ruim.
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Thiago Barbosa Santos 26/03/2019

Tomo 4
O volume 2 de O Retrato encerra a segunda parte da saga O Tempo e o Vento, do grande escritor Erico Verissimo. Assim como no livro anterior, Rodrigo Cambará, filho de Licurgo, bisneto do capitão Rodrigo, ainda é a personagem principal neste estágio da obra. Observamos um doutor Rodrigo um pouco desiludido com a política e buscando se dedicar mais à profissão e à vida social em Santa Fé. Observamos ele sempre rodeado de amigos, fazendo grandes reuniões no sobrado, sempre com muito vinho e comida boa.

Uma das passagens mais legais é com Dom Pepe, um espanhol artista plástico que pinta uma tela simplesmente perfeita com a imagem de Rodrigo Cambará. O quadro fica exposto na sala e é admirado por todos.

Neste livro, tempos fatos históricos importantes também, como a passagem do cometa Halley, o assassinato de Pinheiro Machado, 2ª Guerra Mundial e Estado Novo.

Rodrigo Cambará, aos poucos, vai voltando para as questões políticas. Revela-se um homem popular e generoso, mas ao mesmo tempo meio convencido, além de pavio curto.

Como todos os homens da família, é um mulherengo nato, não dispensa um "rabo de saia", vive vários romances. Flora, a esposa, sabe, e apesar de continuar amando e respeitando o marido, carrega muita mágoa e a relação dos dois vai esfriando aos poucos. Tem também um episódio bastante traumático, quando Rodrigo se apaixona por uma garota estrangeira e engravida a moça. Tempos depois, a garota é prometida em casamento para outro rapaz e comete suicídio. Rodrigo fica bastante traumatizado com o ocorrido. Porém, não demora muito e ele volta a buscar novas aventuras românticas.

Com a chegada do Estado Novo, ele e a família se mudam para o Rio de Janeiro, mas com a queda de Getúlio Vargas, volta para Santa Fé em 1945, já acometido de um problema cardíaco.


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