becka 19/08/2020
Então
Eu tava escrevendo essa resenha, ficou com 4 mil palavras aí eu perdi porque a internet caiu quando postei. Agora estou escrevendo ela com raiva, então é isso aí.
To triste por ter perdido o que tinha feito, se ficar uma bosta é por isso. Então vamos lá, a história: Mille recebe uma proposta pra trabalhar com Nathanael(seu ídolo, quem diria?) em seu roteiro bla bla bla. Com isso você imagina que a história deles vai se desdobrar a partir do trabalho em conjunto, certo? Errado. Poderia ser um ponto positivo, não me entenda mal. Mas no contexto da história é uma tristeza, apesar da sinopse inicial o roteiro mal é discutido no livro, só aparece quando conveniente e a autora não constrói um interesse e uma conexão entre os personagens, simplesmente faz tudo acontecer rápido demais.
Em menos de 10 capítulos eles já estão se apaixonando e se pegando, mas aí é o que realmente me irrita. São 400 páginas, esse definitivamente não é um livro pequeno ? se formos considerar que é um livro de romance, isso não é pequeno MESMO ?. Dava tempo pra ela ter construído a relação deles melhor, não só largar e dizer que já estão encantados um pelo outro, ainda mais levando em conta o fato da Mille ter tido uma relação escrota no passado, isso causa consequências na vida de alguém e a autora finge que isso nunca nem aconteceu até ela precisar usar isso pra seus diálogos sem sentido.
Os diálogos são outro problema, todos parecem um questionário e tem zero naturalidade. As pessoas simplesmente não conversam assim e não é nem so no começo, todos os diálogos parecem um questionário em que eles só ficam com perguntas sobre gostos e as vezes tem conversas fingindo profundidade(como as conversas sobre filmes de ficção científica e etc, pra fingir que eles são extremamente inteligentes e cults!; mesmo que isso não acrescente em nada na história em si). Não consigo pensar em um único diálogo em que enxergo pessoas reais falando ali, parece tudo programado, mecânico e sem emoção.
O que nos leva ao ponto de que a autora usa referência como guarda-chuva pra fazer todo e qualquer leitor se identificar com sua história, sendo que referências deveriam aderir a uma parte do que o personagem é e não ser tudo o que você sabe sobre ele. De Harry Potter, a Collen Hoover e Star Strek/Star wars, ela faz referências em quase todo capítulo e acaba passando uma sensação de que é só algo que ela colocou lá pra fazer você sentir que também conhece algo dali e não algo que agrega a história e aos personagens como um todo. Personagens esse que são outro ponto.
Os personagens não consigo nem dizer que são unidimensionais, pois eles simplesmente não tem uma personalidade decente pra eu falar algo sobre eles. O Nathanael é cheio de atitudes incoerentes, como o fato dele dizer e reafirmar que é bem resolvido com sua ex, mas tem atitudes extremamente incoerentes com a Mille(atitudes que fariam mais sentido ela ter, afinal ela passou pelo fim conturbado e não ele. Mas a história não faz sentido, então a esse ponto fazer o que né.). Os dois são extremamente avulsos, a Mille que dizia estar muito ocupada pra fazer roteiro pra ele, passa o livro inteiro correndo atrás dele e parece que não tem vida. Ele é streamer famoso, mas também é outro que parece que não tem nada pra fazer. Personalidade? Eu não sei como descrever eles, só tomam atitudes convenientes.
Outro ponto que me incomodou foi o fato que de novo: esse livro tem 400 páginas. Poderia ser um conto de 50 e você não sentiria falta, afinal nada acontece depois do capítulo 10(pra ser justa, até acontece mas literalmente nada de importante rola e parece que você tá lendo um nada.). Fica no lenga lenga de não posso ficar com você porque eu quero, mas não quero!
O que seria ok se fosse um livro mais curto ou tivesse durado mais tempo(afinal ela poderia ter demorado mais na construção e depois partido pro lenga lenga). Mas não, é praticamente o livro inteiro. O roteiro esquecido no churrasco, um bando de cena desnecessária(duas páginas só da lista de compras deles no parque de disney, é sério).
Como ela não construiu a relação direito, você não se importa com nada ali. O Nathanael some do nada, aí quando você descobre o motivo fica ainda mais sem sentido do que antes já que não condiz com o que a autora tinha dito dele até ali. A sensação que dá é que você tá lendo algo sem rumo, sem propósito e que não tem nada a acrescentar ? nem mesmo uma diversão sessão da tarde.
A escrita é outro ponto negativo, é extremamente repetitiva ao ponto de chegar a ser irritante. Não é natural, ela não sabe mostrar coisas; sempre quer enfiar na sua goela, tipo não faz você perceber que x personagem é gentil e sim diz ?ele é gentil?, nunca mostrando e sempre jogando. É até difícil julgar a história, porque sinceramente não senti que tinha uma história a ser julgada, é um eterno nada cheio de frases forçando uma profundidade que não existe.
Tem cena com palavra capacitista, a forma como o peso do Nathanael foi retratado é extremamente questionável pra mim(pra não dizer gordofobica mesmo)e tem uma cena dele bêbado, em que ele é um escroto e só foi tacada ali, foi escroto e ponto. Não tem mais nenhuma menção decente a isso e só é usada pra gerar um diálogo dramático digno de novelas mexicanas, e eu adoro novelas mexicanas mas não rolou não.
O final é risível e abrupto, mas seria perdoável afinal é um clichê e é ok/normal ter finais abruptos, mas eu ri porque foi bem aleatório e sem sentido. Se quiser ler, boa sorte!