Dhewyd 14/02/2023
Perdidos
Após um acidente áereo, um grupo de crianças entre seis e doze anos de idade, encontram-se aprisionados em uma ilha deserta, os adultos (pilotos) da aeronave, faleceram no acidente, sendo somente essas crianças os únicos sobreviventes.
São meninos que foram divididos entre os pequenos, e os grandes.... Os grandes se destacam na estória, naturalmente, por serem os mais capazes em liderar esse grupo de crianças perdidas, e desde o início houve um censo, para saber quantos garotos estavam na ilha e uma votação para decidir quem seria o chefe de todos, e esse importante cargo coubera a Ralph, que era o mais desenvolto e carismático dos garotos.
Dentre os personagens principais, fora Ralph o líder, destacam-se Porquinho, um garoto gorducho, que usa óculos e sofre de asma, figurando como conselheiro do líder e preocupado com a organização dos garotos e Jack, que já figurava anteriormente como líder de um grupo estudantil.
Nos primeiros dias ocorre o deslumbre por parte dos garotos, sentindo toda a liberdade, em estarem sem adultos lhe mandando e vigiando, eles passam quase todo o tempo nadando nas piscinas naturais, desbravando a ilha paradisíaca e comendo das árvores frutíferas. Porém, quando a liderança existente por Raph, emprega tarefas a serem executadas, como deixar sempre uma fogueira acesa, visando um resgate e fazerem abrigos resistentes às intempéries climáticas, começa as desavenças e irresponsabilidades, o que provoca uma briga em torno da liderança, pois Jack se preocupa com outros assuntos, como caçar porcos e reforçar a união entre os caçadores.
Um livro que começa como aventura entre garotos, passa a tratar da selvageria entre os humanos, a busca por poder e autoridade na ilha, leva os garotos a largarem a civilidade, os preceitos básicos de se conviver em sociedade, para surgir um direito natural, de que o mais forte decide, de que a chefia é imposta, tomada e não escolhida pela maioria.
A perca da inocência das crianças, e o estimulo das condições naturais, começou a transformá-las em animais selvagens, com todos os traços animalescos, restauram poucos personagens que ainda escolhiam serem civilizados e que se preocupassem com o coletivo. Assim: "...Ralph chorou pelo fim da inocência, pela escuridão do coração humano..."
A escrita do autor é bem detalhista, parece realmente que o leitor está inserido na ilha, conseguimos visualizar todas as nuances e características da paisagem, e esta imersão, com o desenrolar da trama, passa um certo desconforto, pois conseguimos sentir o mal surgindo aos poucos, a brutalidade avançando e a fuga pela sobrevivência, como se nós fossemos o alvo da perseguição.
Um livro muito bom, que nos obriga a pensar e não é atoa que é um clássico universal.