A Mão Esquerda da Escuridão

A Mão Esquerda da Escuridão Ursula K. Le Guin...




Resenhas - A Mão Esquerda da Escuridão


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Felipe 28/07/2019

Inverno
Uma sociedade em que todos os humanos são na maior parte do tempo sem gênero definido e que, em determinado período, entam numa espéciede cio onde se visualiza mais um ou outro gênero é bem difícil pra nossa compreensão. Esse éo março central da história. De como nós relacionaríamos com esses seres, como se organizam politicamente e quais problemas enfrentam, como lidam com o planeta que está mais próximo do fim da sua última era do gelo. O despertar de uma cultura humana para a realidade de que não estão sozinhos no universo e que como eles, apesar das peculiaridades, existem milhões de outros.
Intrigante e maravilhoso esse livro.
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Gio 29/04/2019

Inverno, distante e arrastado.
Começo minha resenha desse livro com certa incerteza. Não sei ao certo minha real opinião sobre ele, mas garanto que a história é arrastada, realmente arrasta lentamente o leitor por capítulos e cenas que são apenas passagens de cenários, e o planeta sendo Inverno, podem imaginar que basicamente era gelo. Os diálogos e reflexões são poucos, ainda que profundos é meio difícil de realmente pegá-los pela história. A aproximação real com os personagens demora e só chega depois da metade do livro, o resto eu me senti distante, mas culpo o formato do livro que é basicamente feito de relatórios. Como fui pensando durante o histórico da leitura o livro me chegou aos ouvidos devido a fama sobre um planeta de personagens sem sexo e sem distinção de feminino/masculino, por isso esperava muito mais esse lado na história, mas me senti um pouco enganada, poucas páginas e frases foram separadas para isso e marcou mais mesmo um cenário político. No fundo a história é boa, mas cansativa, arrastada e confesso que me senti decepcionada com o final. Só não diria que vale a pena.
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Karla Lima @seguelendo 12/02/2019

Na introdução dessa edição, Ursula diz: “ficção científica é metáfora” e que “ficção científica não prevê; descreve”. Desde as primeiras páginas, a autora nos prepara para o que está por vir, e isso não tornou as coisas mais fáceis...

A mão esquerda da Escuridão é uma obra bem estruturada. A sociedade peculiar a qual somos apresentados foi edificada sob os alicerces da ecologia, sociologia e antropologia daquele planeta. Nesse aspecto, a obra me lembrou Duna, desde a importância dada aos os detalhes, como a construção da cultura de um povo.


Nessa sociedade complexa, os indivíduos não possuem sexo definido. São macho e fêmea e ao mesmo tempo, não são. O resultado dessa característica: não há qualquer forma de discriminação de gênero, sendo essas as bases da vida do planeta.

A concepção desse enredo já é, por si só, incrível. Se levarmos em consideração a época em que foi escrito não existe outra palavra para descrever que não seja “genial”. Ursula estava a frente do seu tempo e seu texto, extremamente detalhista, nos entrega uma história única.

Não achei fácil de ler, confesso. O texto é lento, quase como se estivesse se arrastando na neve que cobre o planeta Inverno, mas é de um encantamento que é difícil de descrever. Ela usa as palavras certas, alfinetando a sociedade como a conhecemos em diversos momentos.

Em contrapartida, aos poucos vamos nos apegando aos personagens, enquanto tentamos entender o engendrar das tramas políticas e dos territórios de Gethen.

A mão esquerda da escuridão é um clássico, deve e merece ser lido. É uma verdadeira aula de como criar uma sociedade e dar vida a um povo.


site: http://instagram.com/seguelendo
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Pandora 05/02/2019

"A Mão Esquerda da Escuridão" é límpido como um cristal de gelo, brilhante em sua discussão sobre os papeis de gênero, filosófico, cativante e incrivelmente fluido para um texto através do qual somos apresentados a uma possibilidade de futuro muito além de nosso presente e ao mundo muito além dos limites de nossa galáxia de oito planetas girantes.

No livro se conta a história de como Genly Ai se ver, por opção própria, na qualidade de enviado a Gethen, um planeta mergulhado até as raízes em uma Era Glacial rigorosíssima, para propor a população nativa que integre o Ekumen, um conselho formado por vários planetas ocupados por seres humanos. Até a chegada de Ai Getren desconhecia totalmente a existência de vida alienígena, mas a população do planeta não é necessariamente hostil com ele. A questão é que aos poucos ele se vê no meio de uma intricada trama politica que em muitos aspectos ele nem mesmo sonha está acontecendo.

Enquanto a trama ocorre e Genly Ai faz tudo para cumprir sua missão e encontrar a aceitação dos governantes de Gethen a sua proposta nós conhecemos junto com ele a religião, a cultura e até mesmo a biologia dos nativos do planeta Inverno cuja peculiaridade maior é serem humanos completamente andrógenos que só assumem o papel de macho e fêmea durante seu período fértil para fins reprodutórios. Fora do período fértil os genthenianos não são nem homens e nem mulheres são apenas humanos vivendo suas vidas com a total ausência de distinções de gênero.

Compreender a sutileza da forma como religião, regras sociais, politica e economia se desenvolve nesse contexto me pareceu ter sido o maior desafio de Genly Ai, de desarmar de seus preconceitos, limpar seus olhos e se abrir a percepção daquele estilo de vida foi a maior dificuldade do enviado e também a minha. Quando me vi junto com Ai no "Lugar Dentro da Nevasca" e a ficha finalmente caiu em relação ao mundo e as pessoas as quais a Ursula K. Le Guin estava me apresentando foi um impacto, uma dor, uma revelação, chorei diante de um presente generoso, aguardado e imerecido.

Nusuth. "O admirável é inexplicável" (pg. 83)

Estou escrevendo aqui só para dizer o quanto foi um um prazer temer e amar um mundo frio, quase inóspito e tão generoso como Gethen. Ainda estou impactada pela honra inestimável de ter podido desconfiar, temer, sofrer, me apaixonar e por fim amar por um personagem tão complexo, imenso e completo como Therem Harth rem ir Estraven que não é ele ou ela e sendo naturalmente os dois existe apenas como um ser humano.

E claro, nesses dias nos quais eu aprendo a viver sem criar grandes expectativas, grandes planos secretos, castelos no ar, tal como Genly Ai em sua missão dando um passo de cada vez foi muito agradável encontrar no meio de uma floresta gelada a sabedoria de genthenianos como Faxe:

"O desconhecido - disse a voz suave de Faxe na floresta - o não previsto, o não provado: é nisso que se baseia a vida. A ignorância é a base do pensamento. A não-prova é a base da ação. Se não houvesse certeza de que Deus não existe, não haveria religião. Nem Handdara, nem Yomesh, nada. Mas também, se houvesse certeza de que Deus existe, não haveria religião... Diga-me, Genry, o que sabemos? O que é certo, previsível, inevitável... a única certeza que você tem sobre seu futuro, e o meu?
- Que vamos morrer.
- Sim. Só existe realmente uma pergunta que pode ser respondida Genry, e já sabemos a resposta... A única coisa que torna a vida possível é a incerteza permanente e intolerável: não saber o que vem depois."

site: https://elfpandora.blogspot.com/2019/02/a-mao-esquerda-da-escuridao-de-ursula-k.html
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Janaina.Silva 14/01/2019

Livro maravilhoso
Comprei o livro porque tinha visto a resenha de uma youtuber e achado interessante, apesar da youtuber não parecer ter achado o livro tão bom. Então comecei a ler achando que não acharia o livro tão gostoso de ler, mas me surpreendi, pq se tornou um dos meus livros favoritos, não conseguia parar de ler e quando parava, gastava muito tempo pensando na história, ela te faz refletir.
O início começa meio difícil pq fiquei perdida e só no terceiro capítulo que fui pegar o gosto pela leitura e não parei mais. É muito interessante conhecer mais sobre o planeta e o comportamento das pessoas e como isso afeta o protagonista. Outra parte muito gostosa de ler são os capítulos sobre as lendas que se intercalam com os texto do protagonista e de outro personagem. Vi muitos comentários falando que era muito descritivo, isso pra mim não fez ele ficar cansativo e acho que ajudou a pensar em como é o planeta. O ruim é só não ter um mapa do local, fiquei bem perdida no início e fui procurar na internet se tinha algum pra me ajudar.
Eu recomendo fortemente a leitura e se você como eu achou difícil o início, resista, vai valer a pena.
Livia 31/05/2019minha estante
Tem uma imagem no google com um "mapa mundi" de Gethen, chegou a achar? Ajuda bastante, principalmente no final kkkk




Dan 08/01/2019

A Mão Esquerda da Escuridão | Resenha
A Mão Esquerda da Escuridão é o tipo de livro que te faz refletir, e muito. E este é o fato que fez a ficção científica de Ursula K. Le Guin ganhar dois dos principais prêmios da categoria, o Hugo e o Nebula.

Há inúmeros detalhes no livro, como monogamia, promessas, desertores, videntes e tudo mais, o que torna o prazer da leitura de A Mão Esquerda da Escuridão ainda mais interessante e intensa, uma verdadeira jornada de conhecimento e a busca por um tratado político.

site: http://www.arrobanerd.com.br/a-mao-esquerda-da-escuridao-resenha/
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Rafael.Lois 05/12/2018

Intrigante
Foi uma leitura diferente do que estou acostumado, mas prazerosa. Não sei bem o que pensar
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ElisaCazorla 05/12/2018

Para fãs desse estilo
Li este livro para um desafio de um clube de leitura e jamais teria escolhido voluntariamente comprar e ler este livro. Ficção científica não faz o meu estilo.
PONTOS POSITIVOS: prosa fluida embora alguns capítulos sejam muito chatos. Coragem da autora de tratar de um assunto tão complicado - gênero.
PONTOS NEGATIVOS: a autora não teve muito sucesso para lidar com o tema de gênero. Me lembrou um pouco o filme INIMIGO MEU que já tratou desse assunto com muito mais sucesso e sensibilidade. Escolhi ler este livro porque achei que traria mais ideias e debates sobre gênero. Talvez para a época do livro tenha atingido isso, mas hoje com esse tema no auge e com muitos debates sobre o assunto acabou ficando raso e desinteressante. Achei, também, muito complicado entender o calendário e as nomenclaturas.
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hanny.saraiva 07/11/2018

Uma história tecida com sutileza e profundidade
Eu não estava entendendo nada no início, mas a narrativa é tão cativante e envolvente (de uma forma bem esquisita, mas muito ficção científica) que quando vi já estava na metade do livro. O fato dos personagens não serem femininos nem masculinos é sensacional, mas acima de tudo é um livro que deve ser relido porque há várias camadas que só são reveladas quando se devora calmamente ou se lê uma segunda vez. Não é um livro com plot twists, mas para quem curte ficção científica vale muito a pena.
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Roberto 28/10/2018

Encontrando a essência humana em personagens complexos de outro mundo
Qual a função da ficção científica?
Você pode debater que o necessário para uma história ser considerada sci-fi é ter uma ambientação futurista e servir como entretenimento, ter muita ação e situações criativas. Não deixa de ser verdade, mas é uma definição limitada para uma forma literária tão rica em elementos e tremendo potencial narrativo. Neste debate, não faltam vozes levantando várias opiniões sobre a função da ficção científica.

Entre tantas possibilidades, a que mais me intriga é o uso da liberdade poética quando falamos sobre o futuro e suas diversas representações. Alguns se aproveitam da ferramenta para especular ou alertar sobre o que está por vir, mas nem sempre estamos falando literalmente sobre o futuro. Recentemente, li pela primeira vez o livro “A Mão Esquerda da Escuridão”, de Ursula K Le Guin, lançado originalmente em 1969 (a versão que li foi a edição da editora Aleph, de 2015), e me deparo com a seguinte citação, logo na introdução da obra:

"A Ficção científica não prevê; descreve […] Previsões são o trabalho de profetas, videntes e futurólogos. Não são o trabalho de romancistas. O trabalho do romancista é mentir".

De acordo com Le Guin, o autor de uma obra sci-fi não está aqui para te dizer que tipo de carro voador estaremos usando no futuro ou o quão bizarra será a nossa vestimenta, mas sim refletir sobre seu contexto social e político de uma forma diferente, muitas vezes através de alusões e metáforas bem elaboradas.

A premiada série televisiva The Handmaid´s Tale utiliza um futuro distópico onde as mulheres perderam a maior parte de seus direitos e servem apenas para o prazer masculino. Essa premissa sozinha já poderia ser considerada uma boa ficção científica, mas a onda cada vez maior de notícias sobre a violência contra a mulher faz com que esta não seja apenas uma proposta narrativa, mas uma crítica feroz sobre a condição humana.

Na série temos um regime totalitário, com enorme poder baseado em medo, e quando você lembra de todas as obras do gênero em que um sistema político como este é um elemento saliente da trama, como em O Homem do Castelo Alto ou 1984, percebe que elas estiveram o tempo todo refletindo o momento que seu país estava vivendo. As principais obras de Kurt Vonnegut (Cama de Gato, Matadouro 5), por exemplo, são um “relato” sobre o que o autor passou em meio aos tempos sombrios da segunda guerra, só que ele nunca trata isso como uma autobiografia, está mais para uma terapia onde o cliente não usa seu nome verdadeiro e todos os traumas vividos são recriados de forma pouco similar. Acredito que essa seja uma analogia menos complicada do que os autores fazem quando planejam uma obra destas.

"Qualquer coisa levada a seu extremo lógico torna-se deprimente, quando não cancerígena."

Agora, vamos voltar para A Mão Esquerda da Escuridão. Na obra, Genly Ai é um emissário da Terra, enviado para Gethen com o propósito de convidá-los para uma união entre povos em um sistema coletivo chamado Ekumen. Em Inverno, como é chamado o planeta pelos próprios habitantes de Gethen por conta da baixa temperatura, o protagonista nota a maior diferença entre os nativos e ele: ao contrário do que acontece em seu próprio planeta, a sociedade de Inverno é constituída de indivíduos sem sexo definido. E por conta de seus preconceitos e questionamentos inapropriados, Genly passa por várias provações e pode não conseguir completar sua missão, sem contar que corre risco de vida por estar ali.

O enredo do livro é muito bom, cheio de pequenos detalhes e maneiras inteligentes de desenvolver a narrativa bastante descritiva de Le Guin (ainda que isso também possa ser considerado um ponto negativo por conta do ritmo de leitura, que sofre com alguns trechos mais longos e extenuantes, mas vamos focar nos temas do livro), mas é na hora de debater gênero e o comportamento humano que a obra brilha.

— Experiência espantosa

Está cada vez mais difícil termos uma conversa sobre gênero de forma aberta em um país onde se especula mais sobre a vida pessoal e as intenções de quem não conhecemos ao invés de repudiar o crescimento de casos de feminicídio em nosso país ou da violência de gênero sendo negligenciada. Problemas como esses são a principal inspiração para as “mentiras” de Le Guin.

Em Gethen, não há discriminação de gênero, já que todos desempenham o mesmo papel em momentos diferentes da vida. Através do Kemmer, um período no qual os habitantes do planeta desenvolvem órgãos sexuais e sentem atração física pelo companheiro, podemos ver como vários questionamentos envolvendo a forma de nos relacionarmos são levantados.

Um homem deseja que sua viralidade seja reconhecida, uma mulher deseja que sua feminilidade seja apreciada, por mais indiretos que sejam esses reconhecimentos ou essa apreciação. Em Inverno, isso não vai existir. Julga-se ou respeita-se uma pessoa apenas como ser humano. É uma experiência espantosa.

É claro que Le Guin não é a única abordando temas voltados ao debate de gênero. Li recentemente um texto de James Davis Nicoll (o link fica aqui e no fim dessa matéria) e ele fala sobre a fixação de autores de ficção científica com premissas envolvendo planetas com uma população predominantemente, quando não completamente, de um único gênero. O que deixa as coisas um pouco complicadas é que na maioria dos casos temos a ausência do que seria o representante do sexo oposto sendo tratada como uma forma de alívio, é como se a presença de um ser “diferente de você” se transformasse em um enorme inconveniente. Preferimos viver alienados, porém confortáveis, ao invés de aprender com próximo.

Outro costume de alguns romancistas é simplesmente esquecer que o outro gênero existe. Como diz Nicoll, “a falta do outro gênero nem ao menos tem a intenção de dizer algo com isso, o autor apenas não se importou em incluir qualquer personagem do tipo, nem como coadjuvante […] Talvez o exemplo mais curioso seja o de Andre Norton, que lançou um livro (Plague Ship) sem qualquer mulher na história, mesmo sendo a própria escritora uma mulher”.

Não vou entrar em território de representatividade agora, mesmo sendo outro que precisa estar sempre em pauta, mas não podemos negar como muitos fãs de ficção científica e a comunidade nerd estão incluídos na parcela que não quer ver alguém do sexo oposto ganhando qualquer espaço na área de entretenimento, seja cinema, televisão ou quadrinhos. É só ver as reações negativas (e prematuras) à escolha de elenco nos últimos filmes da franquia Star Wars, isso sem contar que não são só comentários sexistas atacando as mulheres do filme, você encontra até xenofobia e racismo, e a pior parte é que não precisa procurar por muito tempo.

Em A Mão Esquerda, temos leituras diferentes para a forma que o sexo funciona. Talvez haja um gênero, e este seja próprio de Gethen; talvez três gêneros: masculino, feminino e neutro. Mas depois de conversar com um amigo que entende do assunto mais do que eu (vamos deixar claro que meu departamento é o de debate sobre a narrativa, estou apenas abrindo aqui os temas apresentados) e passou recentemente por uma transição importantíssima e de enorme impacto para sua vida. De acordo com ele, “os personagens parecem estar entre fluído e agênero. O que não deixa as coisas claras é a parte do acasalamento, porque se enquadra um pouco no cenário interssexual. Parece que Ursula quis intercalar essas três premissas”.

Independente das intenções da autora, o importante é notar como Inverno não faz distinção de sexo e com isso tem uma mente completamente diferente da nossa. É interessante notar como a abordagem de um tema abre a possibilidade para tantos outros debates relevantes, como o da cultura do estupro, outro que infelizmente tornou-se parte do nosso cotidiano.

Considere: não existe sexo sem consentimento, não existe estupro. Como ocorre com todos os mamíferos, o coito só pode ser realizado por convite e consentimento mútuo; do contrário, não é possível. A sedução certamente é possível mas deve ser tremendamente oportuna. Considere: não existe nenhuma divisão da humanidade em metades forte e fraca, protetora/protegida, dominante/submissa, dona/escrava, ativa/passiva. Na verdade, pode-se verificar que toda a tendência ao dualismo que permeia o pensamento humano é muito reduzida, ou alterada, aqui em Inverno.

Ainda assim, o próprio povo de Gethen tem seus preconceitos com a forma que Genly Ai se comporta e como as coisas funcionam com a espécie do emissário, isso somado ao estranhamento dos habitantes com a cor “escura” da pele do protagonista, mas o livro não dá tanto destaque para essa parte, então talvez seja um assunto melhor desenvolvido em uma matéria sobre outra obra onde isso seja predominante (sinta-se livre para indicar alguma nos comentários). Fica clara a intenção de Ursula ao mostrar como todos temos nossos próprios conceitos pré-estabelecidos e medo do que não compreendemos. No entanto, o livro também traz uma inesperada amizade que mostra dois lados com ideais diferentes, mas através de diálogos profundos e momentos para questionamentos existenciais, Ursula nos mostra a essência do que é ser um indivíduo que contempla seu mundo com fascínio, sem deixar que a incerteza tome conta da razão.

Talvez seja o que a ficção científica tem de melhor: criar empatia. Exploramos tantos mundos e espécies alienígenas; especulamos, extrapolamos e apostamos sobre o futuro; questionamos o sistema e tudo que há de estranho à nossa volta, mas o mais interessante da experiência é questionar a nós mesmos. Com “A Mão Esquerda da Escuridão”, Ursula K Le Guin conquistou vários prêmios, além da atenção de incontáveis fãs do gênero, por isso seu nome é tão poderoso.

Eu sei que não existe uma única resposta para a minha pergunta inicial, mas é essa a graça. Todos podem se interessar por sci-fi por incontáveis motivos, e expandir sua mente para debates e territórios que você nunca imaginou conhecer é um deles.

Talvez essa seja a função da ficção científica: abrir sua mente.

Texto publicado originalmente no blog Primeiro Contato

site: https://medium.com/primeiro-contato/a-import%C3%A2ncia-do-debate-sobre-g%C3%AAnero-em-a-m%C3%A3o-esquerda-da-escurid%C3%A3o-bfabdf40a72
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Vanderni 06/09/2018

Singular.
Quando comecei a ler "A mão esquerda da escuridão" não tinha nenhuma expectativa. Seria apenas mais um livro de ficção científica, gênero que é um dos meus favoritos.
O desenrolar da narrativa foi descortinando um mundo novo, ímpar, de seres humanos singulares em sua sexualidade, embora semelhantes aos demais humanos no que diz respeito à dificuldade de se relacionar, à compreensão do outro, à complexidade da comunicação como uma via de mão dupla (o que dizemos e o que realmente queríamos comunicar, como o receptor compreende a mensagem em face de sua realidade e compreensão de mundo e vice-versa).
Por outro lado, a autora criou um planeta a ser visualizado, com sua geografia, sua divisão política, seus habitantes diferentes dos demais seres humanos conhecidos nesse universo, sua cultura, suas interações sociais, suas leis e regramentos. Um mundo que vale a pena conhecer.
É um livro cuja leitura valeu a pena e que merece uma releitura.
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Raphael 06/09/2018

Não curti o livro e demorei pra ler e quase desisti.
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Maria.Gabriella 24/07/2018

Um belo encontro
Depois de ficar tanto tempo sem ler ficção científica, encontro, por acaso, na livraria, "A mão esquerda da escuridão", que tem um prefácio maravilhoso sobre o que é ficção científica e o papel do escritor nesse gênero, com uma linguagem afiada e poética. Depois, li o resumo, e a ideia de um planeta com pessoas andróginas me cativou mais ainda. Saí da loja praticamente abraçada ao livro.
A história se passa no planeta Inverno, ou Gethen, quando Genly Ai, homem, humano como nós, é enviado para mediar um acordo com Karhide, a fim de convencer o país a se juntar ao Ekumen, a organização econômica e cultural da qual fazem parte cerca de 84 planetas. Todavia, problemas políticos internos fazem com que o rei de Karhide não aceite se juntar ao Ekumen, de modo que o personagem vai para outro grande nação, Orgoryen, tentar a sorte. Nada acontece como o esperado e sua única aliança é com uma pessoa da qual desconfiava mais que de todos em Inverno, Estraven.
O trunfo de "A mão esquerda da escuridão" é a discussão de gênero. Os habitantes de inverno não possuem a nossa dicotomia, eles são andróginos, num estado onde a sexualidade está latente e só desabrocha quando entram na fase de kemmer - periódica e curta -, podendo se tornar "homem" ou "mulher" - a diferença entre eles é mais para quem vai ou não engravidar. A relação dos gethenianos com gênero é muito diferente da nossa, não há papéis de gênero, comportamento padrão, profissão e outras desigualdades por causa disso. Todos são iguais nesse aspecto biológico, que não influencia em como a sociedade deve ser dividida. Por causa disso, Genly Ai tem uma grande dificuldade em se acostumar com a forma dos gethenianos. Ele tentar descobrir, pela forma de falar, movimentar, pela posição social em que caixinha tal pessoa cabe. No entanto, isso não funciona nada em Gethen.
Chega um ponto em que a leitura fica lenta, muito pela descrição excessiva de paisagens. Inverno é gelo puro e as vezes torna-se maçante ler e reler tantas vezes a quantidade de neve/gelo/frio. Mas é um grande livro e conhecer o universo criado por Úrsula Le Guin vale muito à pena.

site: https://www.instagram.com/viralivro/
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davidplmatias 25/06/2018

Incrível como Úrsula surpreende com seu estilo narrativo único, descrevendo nesse livro de forma verossímil uma sociedade humana hermafrodita, que desconhece diferenças sexuais. Gosto muito do universo e como os livros de Úrsula se interligam nesse mundo de ficção científica espacial único da autora.
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