Eduardo.Staque 21/08/2020
Interessante, intrigante, mas cansativo e arrastado.
Uma sociedade não muito evoluída, mas mais desenvolvida, diferente, porém igual.
A visão da autora nos faz questionar se as nossas diferenças físicas entre os gêneros são necessárias para a construção de nossa sociedade.
Aqui vemos que o comportamento é o que define a pessoa, definitivamente o que ela é em si, não sua casca.
Muito interessante ver como eles se comportam, como veem seu mundo, seu país e uns aos outros; suas preocupações ou não-preocupações que fazem desse mundo fictício muito interessante de se ler e querer saber mais.
Porém essa curiosidade não é saciada, pelo menos, eu me senti assim.
A diferença entre os humanos é muito falada, mas parece que não faz diferença para a narrativa em si, pois se não nos fosse informado dessa falta ou ambiguidade no gênero deles, não afetaria em nada na trama.
Pode ser que eu não tenha entendido muito do livro, pois é um livro complicado mas não muito, já que o que me atrapalhou foram as palavras alienígenas e seus significados que até agora, depois de ler, eu ainda tento entender e juntar com o contexto em que são usadas.
A melhores coisas aqui são os mitos desse planeta. Mesmo que essa sociedade não se apoie muito e não seja religiosa (pelo menos não comparada com a nossa), os mitos acabam influenciando em suas decisões e comportamento coletivo.
E essa é a parte interessante.
Os personagens são desenvolvidos o suficiente para a história andar, mas não muito aprofundados: eles apenas "são". Suas relações acabam sendo estranhas, talvez para nós que temos nossas diferenças físicas explicitas o que facilita o dialogo, interpretação, ação e reação, o que aqui nesse livro fica muito do "será que foi isso que acontecei?", ou "será que eu entendi certo essa resposta ou essa pergunta?".
Pode ser que essa tenha sido a intenção da autora, fazer com que tenhamos esse tipo de dúvida sobre o que está na nossa frente, assim como Genly ficava pensando.
O bom, é que a autora também nos dá a resposta: o que está na sua frente é um ser, completo e pleno, ele é o que é, ele é o que precisa ser ou o que quer ser, apenas é.
E essa é a maior reflexão que pude tirar, e que valeu toda a leitura cansativa e arrastada do livro, assim como foi a viagem de nossos personagens principais, principalmente de Genly Ai para entender exatamente isso.