A Leste do Éden (vol 1)

A Leste do Éden (vol 1) John Steinbeck




Resenhas - A Leste do Éden


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Paula 27/02/2024

Tinshel
"Não há ninguém que não possua um cofre onde encerra as suas dores e cuja chave não confia a ninguém."


Já nas primeiras páginas sabia que esse livro seria um favorito, e agora que eu terminei, posso afirmar que foi um dos melhores livros que eu li nos últimos tempos e que, com certeza, foi um dos que mais me marcou na vida.
Aqui acompanhamos três gerações de uma família, e suas lutas entre o bem e o mal, seus erros e seus acertos e suas lutas internas.
Me apeguei demais aos personagens, principalmente ao Lee e ao Samuel, e vou levar muito das sua reflexões comigo.
Uma verdadeira obra prima.
Regis2020 27/02/2024minha estante
Adorei a resenha e é ótima dica, Paula! ?????




Flávia Menezes 05/02/2024

A LESTE DO ÉDEN NÃO HÁ SÓ O BEM E MAL. MAS NOSSA HUMANIDADE.
?A Leste do Éden? foi publicado em 19 de setembro de 1952, e é o romance mais importante de toda a carreira do americano John Steinbeck, cuja ideia surgiu como uma necessidade do autor em deixar por escrito para os seus dois filhos, Thorn e John, a história familiar dos Steinbeck (alguns fatos neste livro são autobiográficos), e também importantes ensinamentos que os ajudariam a amadurecer e criar valores essenciais, ao lhes contar a história por trás de todas as histórias: a da humanidade.

Mas a verdade é que escrever esse romance não significou apenas uma forma de fazer com que seus filhos tivessem acesso à história dos seus ancestrais. Ao longo do processo, escrever este livro acabou se tornando um bom exercício terapêutico para Steinbeck, ou uma forma de ressignificar os momentos difíceis pelos quais ele enfrentava, já que nesta época ele enfrentava o luto pela morte de um grande amigo, e um doloroso pedido de divórcio, após ter sido traído pela esposa.

Cada um desses elementos tão carregados de memórias e emoções, podem ser sentidos em cada uma dessas 685 páginas que se seguem, e dão vida a um dos maiores clássicos já escrito em todos os tempos, e que deveria ser lido por todos os amantes da leitura, mesmo aqueles que não estão familiarizados com os clássicos, já que neste, Steinbeck emprega uma linguagem bem simples, que acaba por nos atingir mesmo sem percebermos.

Nesta ambiciosa saga que se passa no Vale dos Salinas, o autor nos traz de um lado a família dos Hamiltons (que é o retrato da história da ancestralidade do Steinbeck), e de outro, os Tracks (que são o lado simbólico da sua família), e que ao se encontrar, dão início a uma história repleta de significados e simbolismos, que nos proporcionará uma infinidade de reflexões.

Antônio Cândido, sociólogo, crítico literário, professor e pesquisador da literatura brasileira diz que: "O homem tem a necessidade da fabulação, porque ele é um complemento da vida. (...) Ele (o homem), lendo poesia, lendo história de fadas quando é menino, lendo romances quando é grande, aquilo vai se armazenando nele, e vai enriquecendo a maneira dele ver. Sem querer, quando ele vê a realidade, ele está vendo as coisas que ele viu na ficção. A criação ficcional nos integra. Ela passa a ser um componente da nossa visão do mundo, da nossa maneira de ser". E é exatamente o que esse livro faz!

Nesta história ninguém é 100% bom, mas é certo que em alguma medida, todos possuem o mal dentro de si. Mas (para mim), e por todo um discurso do narrador, de que antes de julgar a crueldade e maldade de um personagem devemos nos lembrar do ?quem nunca pecou que atire a primeira pedra?, essa não é uma história apenas para nos lembrar de que todos nós somos maus. Mas ela vem mesmo é para nos lembrar que acima de tudo, somos humanos e sujeitos a falhas, exatamente por não sermos perfeitos, e logo, nunca seremos mesmo 100% bons.

Muito embora eu tenha dito isso, de fato, apenas uma das personagens deste romance tem dentro de si apenas o mal. Mas essa polarização tem uma importante função.

Apesar de representar a face do mal, não podemos atribuir a ela nenhuma culpa por um ato destrutivo cometido por qualquer outro personagem, mesmo que ela exercesse algum tipo de poder sobre eles. Afinal, o fato é que não é porque somos bons que o mal nos corrompe. Mas por conta da nossa inclinação a fazer o mal.

E é exatamente por isso que, por mais cômodo que seja atribuir uma culpa a alguém, a verdade é que só podemos culpar a nós mesmos, porque fazer o mal é uma escolha da qual ninguém deve se isentar da culpa por tê-la feito.

Além do bem e do mal, uma outra dualidade que surge na história é o da religião x capitalismo (dinheiro).

Enquanto os Hamiltons tinham por princípio colocar as suas invenções à serviço de outros fazendeiros, e não unicamente na busca por enriquecer, Charles Trask é um fazendeiro que vive unicamente para o trabalho, apenas para enriquecer cada vez mais, fazendo jus a um ditado que já foi muito atribuído aos agricultores americanos de ?live poor and die rich? (viva pobre, e morra rico).

Aqui, Steinbeck nos apresenta uma nova faceta do mal, quando traz a ganância que se apoderou de Charles. O que é bem diferente da ambição de Caleb, que tem por trás uma intenção mais nobre.

De fato, é muito comum a confusão de achar que ter ambição é ruim. Na verdade, a ambição é uma fonte propulsora para melhorarmos e nos desafiarmos a ir além, e alcançar o sucesso dos nossos projetos. O que é bem diferente da ganância, onde a satisfação não está em alcançar sucesso, mas no quanto mais se tem, mais se quer.

O mal é parte da nossa essência, e ler esse livro nos fará questionar sobre o que temos feito de bom? Será que estamos vivendo uma vida com propósito, ou estamos apenas ficcionados em enriquecer? Qual é o legado que estamos deixando com a vida que vivemos? E é ao final de todas essas belas e profundas reflexões que o autor nos faz, que nos deparamos com a palavra ?timshel?.

Enquanto ouvia a análise crítica do livro feita pelo canal/podcast ?The CodeX Cantina? (formidável a análise desses dois!), compreendi que ?timshel? (?você pode?, ou ?você poderá?) é a saída sábia para o nosso mal do ?e se? que tanto paira na nossa mente. Essa é a típica pergunta errada! Não adianta nada ficar se questionando ?e se eu fosse por ali??, ou ?e se eu fosse por aqui??, ou ainda, ?e se eu tivesse ido por ali??. A vida é feita de escolhas, e o "e se" é uma verdadeira erva daninha que se apodera do nosso coração, no qual timshel é a solução.

E eu confesso que foi aqui que Steinbeck me deixou arrepiada! Ao trazer a questão bíblica das maldições hereditárias que atualmente são levadas tão à sério pelas pesquisas da epigenética, ele nos mostra que existe uma solução possível para a quebra das repetições dessas maldições que tanto assolam as nossas famílias, e que (inclusive!) é um movimento (importantíssimo!) utilizado no processo psicoterapêutico desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger para lidar com muitas questões de entraves e paralisias em nossa vida (quando a vida parece que não anda, e nada dá certo.).

Mas, isso eu não vou te contar. O próprio Steinbeck lhe dirá ao final desse romance. Porque é preciso vivenciá-lo, para compreender a importância desse toque capaz de nos libertar das más inclinações herdadas da nossa ancestralidade, e tentar viver uma vida conscientes do quanto somos maus, mas de que isso não nos impede de sermos melhores.
Emerson Meira 05/02/2024minha estante
Fico feliz que tenha gostado! ?
Parabéns pela resenha! ?


Jacy.Antunes 05/02/2024minha estante
Ótima resenha, você captou a essência do livro. Meu personagem favorito é o empregado chinês que cuidou das crianças. A adaptação para o cinema (Vidas Amargas) foi o último


Jacy.Antunes 05/02/2024minha estante
filme de James Dean


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Muito obrigada, Emerson! ?
Amei o livro. Steinbeck fez um belo trabalho nele!! Que perfeição!


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Jacy, muito obrigada pelas palavras! ?
Eu também gostei muito do Lee. Apesar de ter muito o esteriótipo do ?chinês sábio?, ao estilo do Mestre Myagi, mas a presença dele foi essencial. Um alter ego ali abrir os olhos dos outros personagens e discernir sobre suas atitudes, comportamentos e escolhas. Muito do que o autor queria mesmo deixar para os filhos.
Vou procurar essa adaptação pra ver a última atuação do James Dean. Obrigada pela dica!


AndrAa58 06/02/2024minha estante
????? amei a sua resenha!
Acabei de comentar com um amigo sobre como podemos conhecer um pouco mais as pessoas sabendo o que lêem, o que percebem e tiram das suas leituras, como as sentem e que reflexões afloram. Estou adorando te conhecer, Flávia ? você é uma pessoa especial.
Sou fã de carteirinha das suas resenhas ?


Craotchky 06/02/2024minha estante
Excepcional texto. Gostei sobretudo da reflexão que orbita o "e se".


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Amiga, Andrea!!! Muito obrigada!! Fiquei emocionada agora com as suas palavras. ?
Eu amo saber (e até ler) livros que as pessoas que eu gosto leram e tem como favoritos exatamente por isso. Porque vemos muito do que existe dentro delas, e da sua essência. Por isso acho importante que a leitura venha mais do que extraímos durante nossa ?leitura subjetiva?, do que o que interpretamos na ?leitura analítica?. É gostoso ver a forma como a pessoa percebe o mundo e a sua capacidade de nos mostrar seus conhecimentos, mas sentir suas emoções e saber o que as move?.aaah isso não tem preço mesmo. E esse é exatamente esse tipi de livro. Porque foi exatamente com as emoções e memórias que o Steinbeck o escreveu. Então, ele conquistou facilmente um lugar previlegiado no meu coração.
Andrea, está sendo ótimao te conhecer também. Ver a forma como você mergulha nos livros, é muito interessante porque mostra a pessoa dedicada e compromissada que você é. Além disso, pelo que já me contou, você tem uma qualidade que é meu ponto mais fraco e que preciso exercitar. Então, falar com você me faz pensar em formas de fazê-lo. Gratidão pelas trocas, minha amigga! Como enriquecem a vida da gente! Penso que é o que mais vale nesse mundo, de onde nada se leva. Mas o que fazemos e as vidas que tocamos, isso não tenho dúvidas que levaremos sim! ???


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Filipe, muito obrigada mesmo! Essa parte do ?e se? é algo que vem sendo muito trabalhada em psicoterapia, porque é um mal que precisamos evitar a todo custo. E esse canal do YouTube (que também tem podcast no Spotify), o The CodeX Cantina, eles são fantásticos!!! Cada análise que fazem do Faulkner (o queridinho deles!) que é de deixar de queixo caído! ???


Wesley - @quemleganhamais 06/02/2024minha estante
Já queria muito ler, com essa resenha não penso em outra coisa a não ser concluir essa obra. Muito bom o texto e obrigado por compartilhar essa indicação.


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Wesley, eu que agradeço aqui não só pelas palavras como pela confiança da indicação! ??
Mas esse eu posso dizer sem medo o quanto vale a indicação. O trabalho que ele fez aqui é pra levar pra vida, especialmente depois que descobrimos o que tanto o moveu. Esse é mais do que 5 estrelas de olhos vendados! ???????????


Cleber 07/02/2024minha estante
Adorei a resenha! Todas vezes que leio suas indicações a pilha de livros só aumenta :)


Flávia Menezes 07/02/2024minha estante
Cleber, muito obrigada! ?
Eu fico muito feliz em ver esse livro aumentar sua lista de leitura, porque ele vale muito! Você não vai se arrepender! E eu vou ficar ansiosa esperando pra ver suas impressões.


Hiamara.Hespanhol 08/02/2024minha estante
Depois de uma resenha dessa.. lá vai eu aumentar minha lista..?parabéns ????


Flávia Menezes 08/02/2024minha estante
Hiamara querida, muito obrigada pelas palavras. ? E esse aumenta sua lista sem culpa, porque é uma leitura para marcar para toda a vida! ?




Clau Melo 03/02/2024

Uma grata surpresa
Literatura americana, 1952/2023. Saga familiar.

Nunca imaginei que fosse amar esse livro. Achei que falaria de guerra e política. Ledo engano!
Uma saga familiar de primeira categoria!
Fiquei completamente envolvida.

AMEI E FAVORITEI.

East of Eden é uma obra literária de John Steinbeck, publicado originalmente em 1952, considerado por muitos como um clássico da literatura norte-americana. A Leste do Éden conta a história de duas famílias no Vale do Salinas, na Califórnia, os Hamilton e os Trask, e como elas se relacionam.

LC Melzitas.
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Matheus 02/02/2024

A Leste do Éden - John Steinbeck
Uau, que livro avassalador! A cada capítulo que lia, era uma enxurrada de emoções. Por várias vezes, me pegava horrorizado com alguns acontecimentos, mas, no fim, sempre chegava à conclusão de que isso era apenas o retrato da história da humanidade: o mal tem perpetrado por gerações. Publicado em 1952, o romance oferece uma exploração multifacetada das complexidades das relações familiares, dos conflitos interiores e da busca pela redenção. Ambientado no fértil Vale de Salinas, na Califórnia, o livro acompanha as vidas entrelaçadas das famílias Trask e Hamilton ao longo de várias gerações. Steinbeck habilmente tece uma tapeçaria narrativa que oscila entre o mitológico e o mundano, entre o épico e o íntimo. Através da história da família Trask, inspirada no relato bíblico de Caim e Abel, o autor explora temas universais como a luta entre o bem e o mal, a busca pela identidade e a redenção através do amor e do perdão. Os personagens de "A Leste do Éden" são meticulosamente construídos, cada um representando uma faceta da complexidade humana. Desde o patriarca idealista, Adam Trask, até seus filhos problemáticos, Cal e Aron, Steinbeck delineia uma galeria de personagens que lutam contra seus demônios internos, moldados pelas circunstâncias de suas vidas e pelas escolhas que fazem. Além disso, "A Leste do Éden" é uma exploração magistral do conceito de hereditariedade do pecado e da possibilidade de redenção. Steinbeck sugere que, embora possamos ser moldados por nossas origens e pelo legado de nossos antepassados, temos o poder de transcender nosso destino através do amor, da compaixão e do perdão. TIMSHEL!
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dmitrivileheart 27/12/2023

Gerações de famílias que perpetuam ciclos, personagens maldosos e defeituosos e o modo trivial, cruel, triste mas ainda esperançoso em que a vida continua.

Caim e Abel ganham uma vida nova aqui, no meio de um drama de um país que nasce aos poucos e em meio aos próprios problemas pessoais e familiares. Tem um pouco de relegiosidade, uma porção de drama e uma grande parte de tristeza e melancolia, detalhados por um olhar divino que observa tudo por trás de uma lupa.

É uma narrativa bem longa mas nunca cansativa, crescendo junto com a vida dos personagens e continuando até além deles. Pra mim é uma história única que vou guardar pra sempre.

"Ultimamente, eu nunca me sentia suficientemente boa. Há muito tempo que andava com vontade de explicar-lhe que era má.

? E agora que já não precisa de ser perfeita, pode ser boa, não é isso?"
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Juliano.Ramos 27/12/2023

Esse livro é como um trem desgovernado, ele é avassalador, a história é um grande épico familiar sobre amor/odio entre irmãos, quando vc pensa q a história vai seguir por um caminho, o steinbeck te surpreende e vai por outro totalmente diferente. Esse livro é até melhor q as vinhas da ira, nota 10.
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v de vanisse 11/12/2023

TIMSHEL!
John Steinbeck deve ter lido Os irmãos Karamázov e pensado ?eu posso fazer pior? e foi lá e escreveu A leste do Éden que é tipo Os irmãos Karamázov só que versão mommy issues
Mateus 14/12/2023minha estante
Pare conhecer esse autor, seria melhor esse livro ou as vinhas da ira?


v de vanisse 14/12/2023minha estante
Boooa pergunta? eu comecei pelas Vinhas da Ira, foi o livro que fez eu me apaixonar pelo autor. A leste do Éden é tão maravilhoso quanto E EU NÃO CONSEGUI DESGRUDAR DA LEITURA!! Mas eu recomendo As Vinhas da Ira primeiro.




abibliotecadamica 10/12/2023

Excelente.
A Leste do Éden é a obra-prima de Steinbeck e um dos meus livros favoritos, sobre o qual já falei muitas vezes aqui no perfil, e que hoje está retornando por um excelente motivo: o lançamento de uma nova edição pela Editora Record.
Antes de registrar minhas impressões, é importante esclarecer que trata-se de um livro grandioso e complexo, portanto é sempre difícil escrever sobre ele. Assim, limitei minha postagem a um singelo resumo de apresentação da obra, no fito de despertar em todos o interesse por esse belíssimo romance.
Ambientada no Vale do Salinas, na Califórnia, a narrativa entrelaça o destino das famílias Trask e Hamilton, durante três gerações. Steinbeck, nascido e criado na região, consegue transpor minuciosamente para as páginas do livro toda a região das Salinas, o que nos faz mergulhar na trama desde os primeiros parágrafos.
Os personagens do primeiro núcleo são Charlie e Adam Trask, uma referência à Caim e Abel, que irá se repetir em uma próxima geração, através dos filhos de Adam com a personagem Cathy (ou Kate, depois de alguns capítulos), uma das vilãs mais pérfidas que já tive o desprazer de acompanhar na literatura. Porém, é através dessa personagem muito bem construída que Steinbeck nos faz refletir sobre o mal e se existem pessoas propensas a ele.
Como contraponto, no segundo núcleo temos Samuel Hamilton, modelo de moralidade e valor, bem como o criado chinês Lee, que esbanja conhecimento e é um profundo conhecedor da Bíblia, o que se faz necessário, visto que Éden trata-se de uma transposição moderna do livro do Gênesis, e essa explicação é feita através das palavras deste criado. Esses dois personagens são responsáveis pela construção dos melhores diálogos do livro, em uma dinâmica de sabedoria e sensibilidade.
Emaranhando todos esses personagens em uma saga que cobre aproximadamente 50 anos - da Guerra da Secessão até a Primeira Guerra Mundial - Steinbeck trata de temas profundamente humanos como inveja, ciúme, ambição, sabedoria e bondade. Mas, sem a menor dúvida, o ponto alto do livro é a reflexão sobre o bem e o mal, sua hereditariedade e especialmente sobre o poder de nossas escolhas: TIMSHEL!
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lahmot 07/12/2023

Enrolei bastante para fazer essa resenha, porque não sei se consigo colocar em palavras tudo o que eu achei desse livro. Meu primeiro contato com ele foi a mulher do sebo me falando: "Esse livro é muito bom!" (Ou teria ela dito "maravilhoso"? Minha memória falha), e dito e feito, creio que tenha sido o melhor livro que eu li esse ano.

Você começa a ler e é automaticamente transportado a Salinas, na Califórnia, onde a trama se passa. As descrições de Steinbeck são detalhistas, mas não cansam, e te permitem conhecer aquele lugar tão bem quanto um morador dali. É como ouvir o relato de alguém que conhece ali a área. Em determinado momento, por exemplo, ele cita que personagem x estava indo até determinada rua, e eu na mesma hora assumo "Ah!!! Ele está indo até o bordel!".

A história segue as famílias Trask e Hamilton no decorrer dos anos a partir do final do século 19 e eu me peguei sentindo-me tocada até mesmo por personagens que aparecem brevemente, como o Tom e a Dessie Hamilton. O melhor personagem, sem dúvidas, é o Lee com toda sua sabedoria, ouso ainda dizer que ele é o grande alicerce da história. Acho que me vi bastante no Cal, também.

A maior antagonista, Cathy, coloca muitas vilãs de novela no chinelo. Ela representa a falta daquilo que nos faz humano, a empatia; o amor. É mencionado no livro umas duas vezes a ocasião em que, quando alguém nasce sem alguma coisa, ela não compreende o que seria tê-lo, não sabe o que está perdendo pois nunca teve a experiência de possuir aquilo, e Cathy é assim com todas as coisas que são puras. Não entra em sua cabeça como alguém pode fazer algo sem ter intenções maliciosas, ou que não sejam para ganho próprio, pois ela mesma nunca pôde pensar diferente. Ela é a personificação do "agir pela natureza", ou seja, agir por como lhe foi prescrito, e nada além disso. A partir do momento em que alguém não procede como o esperado, ela aos poucos cai na desgraça.

Não tem como resumir esse livro em uma coisa só, mas sinto que os temas mais importantes nele são a rejeição, e sobre você seguir seu próprio caminho. Uma das coisas mais citadas quando se fala nesse livro são as referências bíblicas na forma dos irmãos Caim e Abel (sendo, na trama, representados tanto por Charles e Adam, quanto por Caleb e Aron), mas eu vejo muito pouco ser mencionado o fato de que essa é a base, mas não o molde, para a caracterização dos mesmos. Há uma discussão, a qual acredito ser a passagem mais marcante do enredo, exatamente lá pela metade do livro, entre Sam Hamilton e Lee sobre o significado dessa passagem da Bíblia – de Caim e Abel – e da palavra "Timshel", que pode significar tanto o "deve", quanto o "pode", trazendo-a certa ambiguidade. Será que, porque estamos propensos a ser, devemos agir de acordo? Ou em outras palavras, aquilo que somos está predisposto? Ou podemos fazer nosso próprio destino, controlar nossas próprias ações, independente de onde viemos ou de quem nos criou?
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Vivian24 01/11/2023

Magnífico
Que livro perfeito de ler. A construção dos personagens, o desfecho, tudo simplesmente amarradinho e maravilhoso. Tornou-se um favorito e não vejo a hora de ler outras obras do autor.
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Jenni Pradera 17/10/2023

O bem. O mal. a liberdade de escolha. As consequências resultantes. A solidão. A beleza.

Este livro é recheado de sabedoria inspiradas e aninhadas nesta história profundamente íntima (basta dar uma olhada nas citações). Não posso deixar de concordar com um amigo quando ele afirmou que este livro "mudou a vida dele”.

Este livro foi muito tocante e estou sempre pensando a respeito. É só ver uma casinha a distância e Boom! Esse livro está na minha cabeça novamente.
Até hoje não me decepcionei com uma leitura clássica, por isso que são clássicos. =D

Soube que tem o filme e não tive a chance de assisti. Mas escutei a trilha sonora e é magnifica. Se tiverem a chance de escutar ou até mesmo ler com essa trilha no fundo. É emocionante e combina perfeitamente com o a história.

TRILHA SONORA ABAIXO





site: https://www.youtube.com/watch?v=7ih7T1_uY7k
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pascalevm 16/07/2023

Perfeito
Não é à toa que é um clássico da literatura americana. É perfeito! Não achei que iria gostar tanto. Já quero ler outro título do autor. Foi escrito em 1952 e conta a história de 3 herações de duas famílias da Califórnia (que seriam parentes do autor) e inspirada na Bíblia e em Caim e Abel. Adorei os personagens. Não consegui escolher um só como o meu preferido. Steinbeck tem uma escrita fluída, daquelas que não dá vontade de parar recebeu o Nobel de Literatura e um Pulitzer e teve 17 de suas obras transformadas em filmes.
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Hayanne Lins 18/06/2023

Escrita excelente! Esse é o primeiro livro que leio de John Steinbeck. Já ouvi falar da obra "As vinhas da ira", que está na minha lista, mas esse ainda me era desconhecido.

Gostei bastante da leitura, uma história bem concisa, e que traz muitos detalhes da vida real.
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