Leila 24/07/2022Um romance sobre um idiota e duas loucasFalar sobre Dostoiévski é sempre uma responsabilidade enorme porque até quando ele não é bom ele é bão, entende? Então, vou tentar falar sem bostejar e/ou pecar muito (mas já sei que vou falhar miseravelmente). Dito isso, sigamos.
Lendo o idiota me senti contemplada com uma Maria do Bairro russa, tu lembra dessa novelinha mexicana? pois então! não me recordo de ver barracos e siricuticos em outros livros do autor como tem neste, e mais, Dostô também nos presenteia com várias opiniões pessoais desconexas com a obra ao longo da leitura (o leitor que lute). Ahhh você que gosta de pegar referencias de outros livros em livros, já separa a cadernetinha porque ele cita uns 1499 títulos, você vai se esfalfar!
Seguindo o bonde: Temos um príncipe idealizado para ser um ser humano perfeito (na concepção religiosa do autor era Jesus) mas que no meio do caminho resolve ser Dom Quixote (oi? não sei de onde saiu essa santa ideia, kkk), é óbvio que essa combinação ia dar ruim. Temos um idiota, como o próprio título nos alertou desde o início (nisso não fomos enganados) que não causa empatia e passa o livro todo sendo bocó e estranho ao meio social medíocre da época, que Dostô faz questão de retratar com todo seu calculismo e superficialidade (coisa que acontece desde que o mundo é mundo, né?).
As mocinhas do livro (Senhor!) são duas desvairadas que só vão ladeira abaixo... Eu que particularmente já odeio os romances românticos nos livros, nesse caso foi até engraçado, porque o comportamento de ambas era muito fora da casinha, ainda mais pra época, Nastácia era uma louca depravada? (dizem as más linguas que sim, eu até que não consegui fazer essa leitura dela, vai ver li errado né?) e Aglaia era pra frentex para a sua época mas perdidinha da Silva, coitada.
Isso só falando dos personagens principais, porque se for me estender aos outros, contarei a historia toda e vocês não precisariam lutar para ler as quase 700 páginas desse livro que tem um ritmo estranho e um estilo narrativo bem diferente e nada fluido.
O final é algo dos mais desiludidos da face da terra, desgraceira pra todo lado, todo mundo se dá mal ou morre, não há esperança de nada x nada (Deus deve ter desistido da humanidade nesse ponto já!) Você já passou o livro toda na sofrência para lê-lo e ainda se depara com toda essa "deprimência". Alguém chame Jesus para nos salvar, please!!!
Resumindo: levei 2 meses para ler O idiota, não é um livro do autor que eu amei e, não indicaria também para quem vai ingressar na obra de Dostô agora, porque ele não é fácil, requer uma certa dedicação e garra pra finalizar, mas....Dostô é Dostô e quem sou eu na fila do pão?!