A Sonata a Kreutzer

A Sonata a Kreutzer Leon Tolstói




Resenhas - A Sonata a Kreutzer


156 encontrados | exibindo 91 a 106
1 | 2 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11


Beatriz Machado 23/06/2023

“Antes, eu ainda tinha vacilações, dizia a mim mesmo “Talvez seja mentira, talvez me engane”. Dom Casmurro russo?
A sonata de Beethoveen dá nome a esta obra de Liev Tolstoi e ela foi inicialmente dedicada a George Augustus Polgreen Bridgetower, um violinista polonês e que depois, como relata a questão amorosa, acabou por ser presenteada a Rodolphe Kreutzer, um violinista francês.

Essa curta novela de Tolstói publicada em 1889 é focada em diálogos que acontecem durante uma viagem de trem. Há conversas bem intensas sobre a relação entre homem e mulher, além do instituto do casamento em um aspecto MUITO machista [lembrando o tempo: mil oitocentos e oitenta e nove! Não tem como discutir sobre isso, é impossível].

Muito embora haja uma moça que demonstra o avanço da sociedade russa naquele tempo, por óbvio, ainda temos uma sociedade caminhando e, por consequência, tem-se ainda os resquícios do machismo reinante.

Porém, a novela avança para sua finalidade um pouquinho mais adiante, onde um rapaz aparece e faz seu relato pessoal: ele m4t0u sua própria esposa e explica sua motivação [sendo bem sincera aqui: isso para mim não soa spoiler]. Aqui temos o que chamamos de “legítima defesa da honra”, uma figura penal que até um tempo atrás [e olha que estamos em 2023], era utilizada no Brasil.

A nível de Brasil mesmo, essa tese foi derrubada pelo STF somente em março de 2021, porque ainda existiam homens que justificavam seus atos terríveis como defesa de sua própria honra. A tese contraria os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da proteção à vida e da igualdade de gênero.

Muito embora o homem tenha praticado este ato, nós não sabemos se aconteceu o fato, até porque o rapaz está completamente cego de ciúmes e age sem pensar, achando que sua honra está ferida. Desse modo, toda a novela pode ser delírios do personagem, como também pode de fato ter acontecido.

DISCLAIMER:

Os livros são produtos de nossos tempos. Eu alimento essa tese, porque de fato, são. O livro vai trazer um desconforto para quem vai ler, até porque o machismo é massivo, mas… sabe, é 1889. Não se pode esperar nosso temos em 1889. Portanto, tenha parcimônia a ler livros tão antigos, não cobre mudança, não cobre nada, nem milite.

site: https://www.instagram.com/readstriz/
comentários(0)comente



Adriana R. 31/07/2023

Bentinho russo
Esse livro tem uma similaridade absurda com "Dom Casmurro", e no final isso fica ainda mais evidente.
Leitura excelente, novela mais do que primorosa!
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Gabriela.Andrade 28/01/2024

Achei o Pózdnichev uma versão hard-core do Bentinho de Machado de Assis.

Queria saber se realmente aconteceu tudo o que ele achou que aconteceu ou se foi só fruto da imaginação maluca dele

Gostei e recomendo
comentários(0)comente



Fernando Almeida 12/03/2024

Muito bom
Novela bem polêmica, onde o protagonista faz comentários nada agradáveis sobre a mulher, o sexo e o casamento, basicamente um incel do séc XVlll. Mas também expõe algumas contradições da época em que vivia, e é possível justificar algumas de suas ideias dado o contexto de sua vida.

A narrativa é fluida e envolvente, os fatos e mudanças na vida do protagonista vão acontecendo de maneira tão sutil e delicada que parece até a descrição de um acontecimento real. Tolstoi escreve absurdamente bem, sobretudo as páginas finais do livro, envolve o leitor nos sentimentos que quer transmitir, seja raiva, ciúme ou culpa.
comentários(0)comente



José Vitor 16/09/2024

Um história de ciúme
O livro conta a história do ciúme de um homem, levando-o a assassinar sua esposa. Todo o livro conta exatamente e somente essa história. Trata-se de uma narrativa sem grandes profundidades, mas que mostra todo o pensamento de uma época, em que esse feminicídio estaria justificado dentro da lei por conta de um possível adultério.
Não é um livro ruim, mas longe de ser um livro que demonstre a genialidade do Tolstoi. Uma narrativa simples porém extremamente bem escrita.
comentários(0)comente



Felipe 24/04/2013

A sonata ao ciúme
A exemplo de Memórias Do Subsolo, Tolstói construiu um personagem alucinado que vai desfiando sua virulência raivosa em um monólogo inquietante. A sociedade inteira ganha um tabefe dos mais repulsivos na cara. Tolstói acusa os homens de mistificarem o sexo feminino e reduzi-lo a mero objeto de desejo, para isso ele usa todo o arsenal intelectual das artes plásticas para provar sua teoria. Existe aqui uma moral avassaladora sobre o conflito dos sexos, o personagem criado por Tolstói é um homem ensandecido por uma culpa que o degradou e engendrou em sua mentalidade uma concepção radical sobre a convivência entre homens e mulheres, concepção essa que nos deixa de sobrecenho franzido, mas que não evita de inocular em nossas ideias sérias desconfianças sobre a famigerada diferença entre os habitantes de Marte e Vênus.

Depois de quase cinquenta páginas de um monólogo enlouquecido somos introduzidos na história de fato, história contada por um narrador que merece sérias desconfianças. Henry James já nos ensinou que não devemos confiar inteiramente nos narradores e a literatura em si é uma grande maneira pedagógica de ensinar os seres humanos a desconfiarem dos discursos prontos e acabados, isso desde Hamlet. A história do homem enlouquecido pelo ciúme evoca Otelo, Dom Casmurro e as digressões infinitas de Proust sobre o tema – é um desfile louco que nos faz entrar na pele do personagem e, como fez Proust com Swann e Odette, faz o ciúme ser um sentimento do próprio leitor. Existe aqui uma novela bem acabada, com momentos brilhantes e com passagens de um virtuosismo técnico impressionante. É Tolstói, e o seu nome, como uma marca digna de prestígio, não é apenas uma etiqueta, é a comprovação de um talento gigantesco.

PS: A música é quase um personagem, explorada até os limites do psicológico.
comentários(0)comente



Raquel 04/09/2013

Perturbador
Incrível como Tolstói escreveu A Sonata A Kreutzer e Felicidade Conjugal, dois livros que tratam de casamento, um na visão feminina e outro na masculina, que é o caso do atual livro.

Logo no começo o narrador mostra como foi inserido no mundo sexual das mulheres, ou seja, na adolescência começou a frequentar casas de prostituição. Diferentemente dos outros, Pózdnichev se manteve fiel à sua esposa, a qual escolheu devido a sua pureza.

Porém ele fala das suas ideias e sentimentos em relação às mulheres. Mostra o machismo, pois a mulher servia apenas como objeto de cunho sexual, além disso era extremamente dominador e ciumento, ao ponto de matar a esposa por suspeitar de uma traição.

Pesado, tenso, perturbador são alguns dos adjetivos pra tentar explicar o que senti ao ler este livro. Tolstói escreveu com maestria os sentimentos de um homem atormentado pela raiva e o ciúme.
comentários(0)comente



Jansen 10/11/2015

Ode à fidelidade
Muito bom.
Considera o celibato a maneira ideal se não implicasse no fim da humanidade. Todo o enredo acontece num vagão de trem onde um assassino confesso conta a um passageiro a razão de ter tirado a vida da esposa. Defende com unhas e dentes a fidelidade no casamento e apresenta varias justificativas para tal. Defende o cristianismo e entende que a mulher deve ser recatada ao extremo para não despertar sentimentos ligados ao sexo nos homens. São colocações muito fortes e radicais, no entanto absolutamente lógicas quando frente ao cristianismo. Era posição assumida por Tolstoy.
O momento da Sonata é grandioso. O ciúme do protagonista contamina a obra de Beethoven, quando condena a música como incentivadora do pecado. Mais que isso, relata a ligação dos movimentos da Sonata com as relações entre as pessoas. É um momento alto do livro.
comentários(0)comente



Anoca Freitas 08/02/2016

Inquietante
Não sei exatamente como descrever essa história, contada em primeira pessoa, num diálogo intenso em um vagão de trem. O que lhes recomendo é: ao chegar à parte XXIII, enquanto leem, ponham a "Sonata a Kreutzer" (Beethoven) para tocar (há excelentes execuções no Spotify, por exemplo). Se a sua imersão na história já era verdadeira, dessa maneira se tornará ainda mais real.
comentários(0)comente



José Carlos 13/08/2017

Outra vez o trem (quem já leu Anna Kariênina vai me entender). É nele, dentro da cabine de um, que entramos em contato com o dramático Pózdnichev e sua terrível história, a qual nos conta após intrometer-se num debate sobre casamento e a liberdade da mulher.

Arredio e de maneira afetada, ele nos arrasta consigo pelo inferno que se tornou seu matrimônio, descrevendo todas as etapas alcançadas até o seu desfecho. O ciúme e a paranóia dão tom angustiante à narrativa.

O mais interessante nesta obra, em minha opinião, além das descrições que em determinados momentos me deixaram aos prantos, são os debates sobre a condição da mulher. O que mais espanta é não só percepção àquela época (estamos falando de fim do século XIX) mas a exposição, através da literatura, numa espécie de denúncia, de que a mulher era vista tão somente como "instrumento de prazer".

Em A Sonata A Kreutzer, Tolstói, pelos lábios de um ciumento marido, nos conta uma historia comum - infelizmente - e que ainda hoje acontece. Por isso, talvez, as lágrimas.

Como na música do Caetano: "sobre toda a estrada, sobre toda sala/ paira, tenebrosa, a sombra do ciúme"... Outra vez o ciúme.
comentários(0)comente



Carlos 17/07/2018

"...donde hay celos y rencillas, allí hay desorden y toda clase de malas obras" (Santiago 3,16).

La calidad de este libro es sencillamente incuestionable, tanta que cinco estrellas no son suficientes para reflejar la maravilla contenida en tan pocas páginas. Este es el primer libro que leo del gran Lev Tolstoi y, ciertamente, no será el último. Su genio literario es, sencillamente, como se diría en buen francés superbe!

De entrada he de señalar que este libro rezuma pensamientos y sentimientos tan extremos con relación al matrimonio y al rol de la mujer que resultan excesivamente conservadores incluso para la época y el lugar en el que esta obra fue escrita; las ideas expuestas por el protagonista me resultan chocantes incluso para mí, que desde mi más tierna juventud me declaro conservador y de derecha, pero ciertos extremismos no me agradan.

No me resulta fácil clasificar o, incluso, asignar una categoría específica al tipo de ideas y pensamientos que el protagonista expone sobre todo en relación al sexo y al rol del sexo en un matrimonio. Algo que es completamente normal en cualquier relación y más en un matrimonio es expuesto aquí como la causa última de todos los males que aquejan al mundo. Ciertamente, en todas las épocas el interés por el sexo ha motivado todo tipo de acciones (un ejemplo incluso lo hallamos en la Biblia en el interés carnal que manifestó David por Betsabé, consumada su relación y habiendo quedado ésta embarazada, decidió deshacerse de su marido, ver 2Sam 11,1-16), pero no al punto relatado en este libro.

Considero que el punto central de esta obra son los celos, éstos son el verdadero desencadenante de las acciones fatales que llevan al desenlace de la obra y, tal como se expone en la cita bíblica con la que se inicia esta reseña, donde están éstos, pasa de todo. Tolstoi no inventó la pólvora al relatar como unos celos desmedidos condujeron al personaje narrador a actuar como lo hizo, sino que se limita a relatar algo que, lamentablemente, era ya corriente en su tiempo y sigue, muy a pesar de todos los esfuerzos, sigue siendo un mal endémico de la sociedad a día de hoy.

Basta con observar los noticieros o echar una rápida lectura a cualquier periódico para percibir que la tasa de asesinatos cuyas víctimas son mujeres a manos de parejas o ex parejas es alarmante, este es un mal que aqueja tanto a Paraguay (mi país) como a toda Latinoamérica e incluso parte de Europa. Tan solo piénsese en este libro escrito en Rusia en el siglo XIX y compárese con la situación actual, personajes como Pózdnyshev las hay a montones y no en las páginas de un libro, sino en la vida real, dejando que sus celos los carcoman y matando mujeres reales a raíz de ello. Lo acertado de la cita de la carta de Santiago queda patente con la sola observación de la realidad.

Recuerdo haber leído en una revista especializada de Psicología que una persona afectada por los celos es capaz de ver fantasmas donde no existen. Tolstoi nos muestra en este libro el perfecto ejemplo de ello. En verdad, no sabemos si de veras ocurre o no un contacto sexual entre la esposa de Pózdnyshev y el músico, pero en la mente de éste (y para un celoso esto es suficiente) ello ya había ocurrido y era suficiente.

He de decir que durante toda la lectura el aplomo con la que Pózdnyshev relata lo ocurrido me ha dejado turbado, anonadado, éste no expresa autocompasión, pero sus absurdas palabras son un intento por justificar lo injustificable; Tolstoi, desde mi punto de vista, construyó un, como le llamaríamos en Paraguay, "caradura" perfecto.

Finalmente, he de decir no creo que todas las ideas expuestas en el libro con relación al sexo, al rol del sexo en la vida de las personas y de los matrimonios, en cuanto al papel de la mujer sean ideas que correspondan únicamente al personaje encargado del relato, sino que, y de ello estoy casi convencido, corresponden al mismo Tolstoi. Existen autores, como Dostoyevski, que dejan hablar al personaje sin involucrarse directamente en la historia y dejando sobre éstos todo el peso de la narración. Otros, en cambio, hacen uso de la voz tercerizada que les proporciona la literatura para hablar a través de sus personajes. No sé si será así en otras obras suyas, pero en ésta, es Tolstoi quien habla a través de Pózdnyshev, y el rumbo que tomó su vida en cierto momento constituye un fuerte fundamento que apoya mi pensamiento.

Tolstoi escribió obras maestras hiper-voluminosas como Anna Karennina y Guerra y paz y otras obras mucho más cortas, como este libro, pero no por ello menos intensas, de menor calidad, como ya decía Pushkin, no hace falta escribir textos largos para escribir algo de calidad. Este corto librito es la muestra perfecta de ello.

Nos veremos de vuelta, Tolstoi.
comentários(0)comente



Juliana 12/10/2018

Sobre Tolstói
Entrei nessa onda de ler Tolstói e, por enquanto, não me vejo cansando dele tão cedo.
Quando a gente acompanha a obra de um grande autor é que conseguimos compreender o motivo dele ter se tornado um clássico: temas atemporais, e A Sonata a Kreutzer é mais um exemplo dessa atemporalidade.
Enquanto em um primeiro momento é possível ler esse livro apenas pela perspectiva de um personagem machista e hipócrita, que cometeu um crime hediondo e tenta racionalizá-lo perante à sociedade, em outra camada é possível lê-lo pela perspectiva de um personagem que vive em uma sociedade machista e hipócrita que até hoje mantém o mesmo tipo de postura em relação às mulheres.
No mais, percebi que não apenas eu fiz um paralelo com Dom Casmurro e me pergunto se Machado de Assis teria tido contato com esse livro e obtido alguma influência, já que são 10 anos de diferença entre as obras.
comentários(0)comente



Tati 08/11/2018

Uma profunda análise da mente humana disfarçada de novela sobre um ato distorcido
A Sonata a Kreutzer, originalmente publicada em 1889, conta uma breve história em que, durante uma viagem de trem, desconhecidos acabam por iniciar uma conversa sobre a temática do crescente número de divórcios. De um lado, uma senhora defende que isso seria prevenido se mais casamentos fossem baseados em amor. De outra banda, um senhor afirma que isso é besteira, e que os maridos precisam é manter suas esposas na rédea curta para que não tenham “ideias”...

Inicialmente calado, um estranho acaba por tomar parte no diálogo, questionando à senhora o que seria esse tal de “amor” que santificaria o matrimônio. Em que pese suas tentativas de respondê-lo, a interlocutora é surpreendida com uma posição de ceticismo praticamente sardônico ao final do que esse estranho acaba se revelando como um homem que matou a esposa, o que compreensivelmente cala sua audiência.

É com naturalidade que se vê o vagão em que se encontrava ficar praticamente vazio, à exceção do assassino e do narrador-personagem, para quem aquele passará a narrar o que o levou a matar sua mulher.

Inicia-se, então, um quase monólogo permeado não apenas pela descrição de fatos, mas também pela defesa de teses diversas sobre o amor, sobre os destinos do casamento, sobre a escravidão e sobre a emancipação da mulher, o que traz uma perspectiva única e extremamente aprofundada – para uma obra tão curta – da mente do personagem, detalhando até mesmo momentos que poderiam ser por outros narrados como se fossem de insanidade, mas que para ele seriam momentos de extrema consciência.

Polêmica, mas deliciosamente instigante, a obra está intimamente relacionada com a Sonata de mesmo nome composta por Beethoven, que não apenas dá título à obra, mas inspiração completa, sendo uma perfeita trilha sonora para a leitura.

A tradução de Boris Schnaiderman é – como sempre – digna de aplausos, sendo enriquecida pela presença de um belo posfácio nesta edição sempre elogiável da Editora 34.
comentários(0)comente



156 encontrados | exibindo 91 a 106
1 | 2 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11