SouDulce 05/10/2024"As pessoas estão se divertindo"Montag é um bombeiro diferente, sua missão é queimar livros, e tem um vida aparentemente normal, mas sem paixões com sua mulher Mildred. Quando ele encontra uma jovem vizinha diferente que o questiona sobre diversas coisas, Montag vai por em cheque toda a sua vida e sua carreira.
Fahrenheit 451, escrito por Ray Bradbury, é um daquele clássico distópico escritos ali no século XX, mais precisamente no início da década de 50, que reverbera com força na nossa atualidade. Aqui acompanhamos uma sociedade que não tem mais interesse em livros e que tem uma fixação por telas e numa noção de felicidade extrema, mas superficial, em que a dor é evitada a todo custo. Sem pensamento, não há profundidade e as relações são vazias e completamente esquecíveis. Portanto, quando Montag começa a conversar com Clarisse, uma jovem que questiona toda uma existência, como todo jovem deve ser, ele mesmo passa a questionar a si, suas relações, o seu objetivo de vida e a sociedade em que vive.
A leitura é dividida em três capítulos. O primeiro é onde desenrola a ação e o encontro com uma nova forma de olhar a vida por Montag. No segundo é o encontro de Montag com ele mesmo e a impossibilidade de voltar ao seu antigo estágio de existência e o último é o choque ao encontrar essa sociedade que não vai deixar ele viver como quer.
Acho que Bradbury foi feliz em mostrar essa vida vazia no mundo onde vivemos com bilhões de pessoas, mas somos todos estranhos que andam apáticos, nos entupindo de divertimento barato que só nos anestesiar sobre a nossa existência. Quando isso ocorre, queimar os livros nem é mais necessário, é somente um ato de reunião das pessoas, porque essas já não tem interesse em ler, em pensar.
No final da leitura, acho que além do questionamento que os livros proporcionam, Bradbury quer nos mostrar que uma vida bem vivida tem que ter relacionamentos onde pudemos compartilhar os nossos pensamentos e nossas reflexões e em que pudemos ser livres, nem que para isso estejamos a parte da sociedade tradicional, e que lá fora também tem pessoas como nós.