Resenhas - As Cabeças Trocadas

Filipe 01/04/2024

As Cabeças Trocadas é uma história curta e divertidíssima que tem como pano de fundo uma lenda indiana tão irônica quanto. A qualidade da narrativa de Thomas Mann é bem notável aqui, o que me faz imaginar se isso foi um desafio para ele, visto que seus maiores sucessos são obras bem mais extensas do que esta.

Repleto de misticismo e surrealismo, este conto provoca muitas questões no leitor a respeito da moral e do que conhecemos como fidelidade. Aqui, o tudo não somente foi possível como guiou os três personagens principais em uma jornada que não poderia terminar de outra forma que não fosse uma das mais belas tragédias. A cabeça (não trocada) e a capacidade de Thomas Mann em estender ideias em grandes narrativas são surpreendentes.

Carolina.Gomes 07/01/2022

?À cabeça cabia a supremacia entre os membros?
Shridaman e Nanda são dois jovens amigos que se encontravam a cada dia para contemplar a natureza e conversar sobre suas visões de mundo. Shridaman, jovem de corpo franzino, era um brâmane espiritualizado, estudioso do Veda ( livro sagrado); ao passo que Nanda, era um trabalhador braçal, forte e vigoroso, mas não propriamente culto.

Durante um desses passeios, eles avistam a bela Sita e Shridaman se apaixona por ela. Com a ajuda de Nanda, que conhece a moça desde a infância, o casamento se realiza.

Após o casamento, os três saem em uma viagem para visitar os pais de Sita e no caminho Shridaman pediu para que os dois esperassem, enquanto ele entraria no templo de Kali ( divindade hindu que representa a destruição e o renascimento).

Sita e Nanda esperam por um longo tempo, o retorno de Shridaman e este não retorna. Nanda resolve procurar o amigo e, a partir daí temos um plot twist de cair o queixo.

Mann vai do trágico ao cômico com uma habilidade singular. A aparição de Kali para Sita me fez rir muito. De igual modo, a intervenção do asceta para resolver o imbróglio.

Eu achei sensacional! Particularmente, me interesso muito pela religiosidade hindu e foi um deleite ler a versão de Mann sobre uma lenda do Kamasutra.

Leitura mais que recomendada! Adorei!

?Alguma coisa nos é outorgada; muita se nos nega e, via de regra a esperança de que um dia o que nos foi vedado possa ser concedido permanece um sonho.?

Leo.vicente 03/03/2024

Esse foi meu primeiro contato com a obra de Thomas Mann -- e devo dizer que foi o primeiro de muitos que ainda virão.

De início, não esperava muita coisa. Nunca ouvira falar dessa obra até que um amigo me convidou a ler e, depois, discutir com ele a leitura.

Fui com o pé atrás, mas me encantei logo no primeiro dos doze capítulos. Mann usa de forma magistral uma fina ironia, fazendo de uma lenda hindu uma história recheada de elementos modernos, passando da tragédia à comédia, sem deixar a peteca cair em nenhum momento.

Uma narrativa divertida e muito reflexiva. Recomendo.

mah 21/08/2022

decepcionante
Eu esperava mais do autor, talvez ter começado por uma obra não tão famosa dele não tenha sido a melhor decisão, porém confesso que fico intimidada pelos calhamaços que são a montanha mágica e os Buddenbrook.
Eu achei que o tema desta história fosse mais cativante e surpreendente, sim me surpreendi em alguns momentos mas mesmo assim não superou minhas expectativas, eu não estava imersa na narrativa, nenhum pouco curiosa para saber o seu desfecho e não ligo para nenhum dos personagens. Diversas vezes o autor se delongou desnecessariamente (e olha que eu gosto de descrições detalhadas).
Enfim no futuro com certeza gostaria de dar uma chance para seus outros livros mas esse não funcionou para mim. Ganhou 3,5 estrelas pela ironia em vários momentos e por algumas surpresas também.

Bia 25/05/2022

Gostei, mas não amei
Gostei da leitura, achei algumas partes intrigantes, mas não peguei toda parte engraçada que dizem. Gostei da história trazer a reflexão de como as pessoas sempre acham que o outro tem a melhor fisionomia, ou habilidade ou posses...e de como a amizade entre os dois protagonistas é genuína e tem admiração ali dentro daquela sociedade entre os dois e de como tudo mudou quando entrou uma terceira pessoa.

Vou me deixar um resumo que vi de outra resenha pra me lembrar quando quiser: Shridaman e Nanda são dois jovens amigos que se encontravam para contemplar a natureza e conversar sobre suas visões de mundo. Shridaman, jovem de corpo franzino, era um brâmane espiritualizado, estudioso do Veda ( livro sagrado); ao passo que Nanda, era um trabalhador braçal, forte e vigoroso, mas não propriamente culto.
Durante um desses passeios, eles avistam a bela Sita e Shridaman se apaixona por ela. Com a ajuda de Nanda, que conhece a moça desde a infância, o casamento se realiza.
Após o casamento, os três saem em uma viagem para visitar os pais de Sita e no caminho Shridaman pediu para que os dois esperassem, enquanto ele entraria no templo de Kali (divindade hindu que representa a destruição e o renascimento).
Sita e Nanda esperam por um longo tempo, o retorno de Shridaman e este não retorna. Nanda resolve procurar o amigo e, a partir daí temos a história real do negócio. Lembrando que: um admirava o outro por seus pontos fortes, assim como Sita, que gostava da inteligência do marido, mas desejando o corpo do amigo.

EduardoCDias 15/06/2021

Cabeça ou corpo?
Ler um Thomas Mann relatando uma lenda indiana é no mínimo estranho, mas o estranhamento some com o decorrer do livro escrito de forma magistral (aliás, uma marca de Mann). A história de dois amigos inseparáveis que dividem o amor por uma mesma mulher e a indecisão e preocupação da mesma, temerosa de ferir o marido, leva à consequências desastrosas, com decapitações e cabeças trocadas.

"Aonde você vai Sam?" 07/07/2022

Uma farsa grotesca.
Os homens são mesmo uns imbecis arrogantes ao julgar o que querem os deuses. Nosso pensamento, lento e truncado, só deseja o sangue e o sofrimento e caímos na armadilha de atribuir a mesma estupidez às divindades. Nós as fizemos nossa imagem e semelhança, ressaltando nossas principais características, ou seja, as perversões.
Se eles existem, riem da nossa obscena burrice e ofendem-se quando ofertamos sofrimento e sangue julgando-os tão miseravelmente mesquinhos quanto nós.

Rafael 25/05/2020

Baseado numa lenda hindu, Thomas Mann dá uma nova leitura com traços tragicômicos para a história de Sita, a de belas cadeiras, de seu marido e Nanda, o formoso amigo de seu marido.
Um livro fora da curva para os calhamaços densos de Mann, com uma escrita suave e tranquilo para se ler em um dia.
Corpo ou Cabeça, quem domina nosso ser?

Patrícia 22/01/2021

As cabeças trocadas
O insistente ?se eu pudesse? choca-se a cada instante com o duro ?impossível? e o sóbrio ?contenta-se? que nos ensina a vida.

Minha primeira leitura de Thomas Mann. Achei muito interessante. Um livro que nos faz rir em vários momentos e nos leva a querer avançar para descobrir o desenrolar da história, em uma mistura tragicômica que prende o leitor. Uma narrativa rebuscada, um narrador que nos antecipa alguns fatos gerando maior interesse, uma passagem muito rica pela cultura indiana e reflexões importantes sobre amizade, interesses, prioridades, lealdade, espiritualismo e a incessante busca do ser humano por aspectos efêmeros da vida. Ah! E tem um posfácio incrível sobre a obra de Thomas Mann. Recomento muito!

Maria11360 19/09/2023

Meio primeiro Mann
Nesta narrativa curta de uma lenda indiana, temos como tema principal o físico e o intelecto, o corpo e a mente, o carnal e o espiritual... Tive um pouco de dificuldade com a escrita do autor, mas habituei - me a mesma durante a leitura. Gostei bastante.

Rafael 07/09/2021

Uma aventura hindu
Em ?As Cabeças trocadas?, Thomas Mann faz uma releitura de um mito hindu, acrescentando uma narrativa em parte irreverente, em parte trágica. Acompanhamos a história dos amigos Shrindaman, um brâmane, Nanda, um camponês, e da ?bela das cadeiras? Sita. Trazendo vários elementos da mitologia e cultura hindu, a obra, mesmo sendo pequena, acaba por prender o leitor. Além disso, a trama traz a influência de Maya, as ilusões, e como essas podem dominar os caminhos humanos.
Cabe ressaltar, também, que Mann foi influenciado por Heinrich Zimmer, famoso indiólogo alemão, e Herman Hesse, sendo esse seu amigo. Ambos foram os responsáveis por trazer um pouco do exótico oriente para as mentes ocidentais da Europa e, com o início da Segunda Guerra Mundial, dos Estados Unidos.
Para pessoas pouco habituadas a cultura Indiana, pode ser necessário a ajuda do Google para poder imaginar as criaturas mágicas da obra, bem como os conceitos que são transmitidos.

Luciana.Lourenco 24/08/2021

Excelente narrativa sobre essa cultura de valores tão distante da nossa ocidental. Magistral e surpreendente. Recomendo.

meyfonseca 15/02/2020

Um tanto quanto incomum!
Cabeças Trocadas é um romance tragicômico escrito por Thomas Mann que narra a história de dois amigos inseparáveis e da mulher que mudou drasticamente suas vidas, ou melhor dizendo, narra a história de Sita e de seus dois maridos.

Baseado em um mito hindu o romance de Mann desenrola-se em diálogos peculiarmente espirituosos e repletos de temas filosóficos, tendo como o mais importante, o eterno conflito entre corpo e alma, desejo e culpa, e sacrifícios muito bem delineados em Shridaman e Nanda.

Shiridaman é a personificação da mente espiritual que busca a iluminação, a verdadeira sabedoria, um perfeito brâmane. Nanda é a força física, o corpo que trabalha e se locomove no mundo, a mente simples, que admira e se enamora da elevação, a personificação do corpo perfeito e Sita, a beleza personificada, é a tentação pela qual corpo e alma passam.

Contudo não pensem que esse seja um romance convencional. Não! É pura ironia.
Um livro um tanto quanto incomum! Recomendo muito a leitura, tanto para se conhecer o porquê do título, habilmente construído pelo autor, quanto para chegar no desfecho do triângulo amoroso.

Patricia Milani 20/02/2024

A história de Sita, a das belas cadeiras.... Assim começa o livro, interessante que por muitos momentos nos parece que a história seria sobre as cabeças trocas (o tema central), mas como o autor mesmo nos coloca no início da narrativa a história é sobre Sita e as cabeças trocas são consequência de suas ações (ou talvez não, mas foi essa impressão que tive após refletir sobre o livro).

Primeiro contato com a escrita do autor, foi uma leitura com início difícil para mim (tive que reler os três primeiros capítulos para poder prosseguir) depois a narrativa se tornou mais atrativa e flui melhor. Com muitas passagens que seriam cômicas de não fossem trágicas, o autor faz muitas flexões profundas sobre a vaidade, desejo, corpo, alma e espírito.

Não foi umas das melhores leituras que já fiz, mas mesmo assim recomendo.

"-Olha -disse Shridaman -, todos os seres têm duas espécies de existência: uma para si mesmos e outra para os olhos alheios. Existem e são visíveis, são alma e imagem, e sempre será pecaminoso deixar-se influenciar unicamente pela imagem, sem se preocupar com a alma."

Pamylla.Souza 24/11/2021

Uma surpresa ao findar.
Meu primeiro contato com Mann, me encantou a escrita, tão rica em detalhes, tão nobre as palavras, claro que temos uma tradução magnífica.
A história é divertida, estranha para mim, e muito bem escrita.