As cabeças trocadas é um ponto distinto — sob vários aspectos — no conjunto da obra de Thomas Mann. Nesta novela de 1940, publicada em Estocolmo, o autor alemão embrenha-se por terras indianas e reverencia a tradição védica para criar o triângulo amoroso entre Sita, “a das belas cadeiras”, Shridaman, descendente de uma estirpe de brâmanes, e Nanda, vigoroso ferreiro e pastor de gado. Sita se casa com Shridaman, mas se deixa encantar pelos atributos físicos de Nanda — na verdade, os dois amigos íntimos têm qualidades que, para ela, se complementam idealmente.
Ao se aproximar da filosofia oriental, Mann experimenta temperos narrativos como o erotismo, a profanação e a mitologia. Por outro lado, não abre mão de elementos caros à sua prosa: a questão da identidade e o embate entre instinto e razão. Despretensiosa em sua origem, trágica e cômica a um só tempo, As cabeças trocadas alcança alto grau de refinamento pela voz de um narrador que gosta de pôr à prova a “força espiritual do auditório”.
Ao se aproximar da filosofia oriental, Mann experimenta temperos narrativos como o erotismo, a profanação e a mitologia. Por outro lado, não abre mão de elementos caros à sua prosa: a questão da identidade e o embate entre instinto e razão. Tradução de Herbert Caro e posfácio de Claudia Dornbusch.
Ficção / Literatura Estrangeira