guirbs 21/08/2024
Poucos romances possuem a sagacidade de serem universais e, ?Cem Anos de Solidão? é totalmente um caso à parte, pois consegue ser sagaz ao mesmo tempo que é único: especialmente para o continente latino-americano. A obra, do autor Gabriel García Márquez, acompanha sete gerações da família Buendía (e agregados), uma das fundadoras do fictício vilarejo de Macondo, que é inspirado no munícipio Aracataca, na Colômbia, lugar onde Márquez nasceu e viveu sua infância. Talvez, por isso, tenha tanto do que apenas os indivíduos latinos possam entender. Cidades, vilarejos, munícipios, rodeados de florestas, mitos e magias transmitem vivências que você andando de ônibus no Brasil ou na Colômbia, passando em milésimos segundos de vista em cada, irá conseguir permear pelas linhas do que leu e reconhecer a beleza que apenas os interiores podem oferecer. Este romance é verdadeiramente uma obra-prima, ganhando sua canonização não apenas como uma obra crucial da literatura latino-americana, mas como um romance internacionalmente renomado que colocou o realismo mágico no mapa ? nesse onde Márquez conseguiu transitar de contos de homens extraordinariamente grandes, mulheres flutuando para o céu e chuvas absurdamente longas para eventos históricos reais.
Um emaranhado de histórias, que se repetem, repetem e repetem, formando uma teia complexa de análise crítica da história, pondo em debates temas centrais que formaram a América Latina, como o colonialismo, as lutas políticas e as vidas sob ditaduras, só que não apenas isso, traz questões interpessoais de família, legado, amor e a falta dele. Tudo isso cria uma narrativa densa, mas deliciosa, que pode e deve residir nos corações e mentes de quem o lê. ?Cem Anos de Solidão? foi escrito em apenas 18 meses, mas permanecerá na imortalidade como um importante romance da literatura do século XX.
"(...) tudo que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e para sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda chance sobre a terra."