Eliane406 10/01/2024
As gerações são inerentes
?Certa vez fiz um curso de Escrita Criativa e o professor era colombiano, ele contava as histórias da sua terra, morava numa cidade pequena no litoral, é ele dizia que em cidades pequenas as pessoas ainda acreditam milagres, a magia sempre está presente ao ponto de um pescador encontrar o número da loteria marcada em um peixe. Quando comecei a ler Cem Anos de Solidão me lembrei dessa magia, García Márquez usou de todo o seu artifício realismo fantástico para criar metáforas mágicas nesta escrita, são cem anos em pouco mais de 400 páginas, a história tem emblemas de sua própria vida, as histórias contadas pela avó, a casa em que morava assombrada pelas vidas que passaram por ali, as novidades do mundo que avô o mostrava, tudo isso tornou-se base para a história dos Buendía, que começou e terminou em voltas do tempo, como a teoria de Einstein que mostrava o tempo como algo relativo, ou Shakespeare que dizia que nunca morremos, mas nós perpetuamos em nossa prole. A questão da solidão, chega a ser a solitude em que todos nós comungamos, das coisas que ninguém pode viver por nós como as doenças, amarguras, paixões, a morte, a agonia, a consciência, o peso da vida, cada um em seu ser.
A história dos Buendía é a de muitas cidades que se ergueram do amor, da fé e da esperança e acabaram por se deixar no esquecimento, abandonadas cada um em sua solidão.
Uma narrativa excelente, as notas metaforicas e fantásticas me fez refletir muito sobre o tempo, as descrições sobre as paixões que se engendravam na cama, entre quatro paredes foram as melhores!
?"-- Queria o quê? -- murmurou. -- O tempo passa.
-- É verdade -- disse Úrsula --, mas não tanto.
Ao dizer isso, percebeu que estava dando a mesma resposta que recebera do coronel Aureliano Buendía em sua cela de condenado, e uma vez mais estremeceu com a comprovação de que o tempo não passava, como ela acabava de admitir e sim dava voltas redondas."
? "...a história da família era uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que teria continuado dando voltas até a eternidade, se não fosse o desgaste progressivo e irremediável do eixo."