Hildeberto 31/05/2015Primeiramente, devo observar que a versão do livro que li foi a da Penguin/Companhia das Letras. Sendo assim, meu comentário abarca não só "A Desobediência Civil", como também os outros textos presentes no volume.
Nos textos reunidos neste livro pode-se notar que, embora escrito em momentos diferentes, há uma grande coerência de ideias. Considerado por muitos um dos grandes pensadores do anarquismo, para mim Thoreau estaria mais próximo de um moralista e individualista.
Moralista porque suas críticas à sociedade e ao Estado são baseada em preceitos morais que pretendem ser universais. No texto, há vários fragmentos sobre passagens não só da Bíblia, mas também dos textos hindus e comentários referentes ao Islã.
Individualista não em um sentido negativo. Uso esta terminologia como sinônimo de humanista. Está explicito em seus escritos uma crença na capacidade de cada ser humano particular em elevar o espírito e, por isso mesmo, melhorar da sociedade. É como se com seus escritos ele tentasse despertar os leitores do torpor no qual se encontraram para reafirmarem a humanidade dentro de cada um.
Por fim, a natureza é tratada como um elemento quase divino e fonte de libertação para o homem. Representa o que há de mais puro e libertador a nossa essência humana.
Em resumo, os textos aqui me parecem ir muito além de uma simples crítica à autoridade. Trata-se de uma obra reflexiva sobre a vida e o modo de vive-la. Por isso mesmo, ultrapassa o mero discurso político. São ideias que falam diretamente ao íntimo de nosso ser.