Mathias Vinícius 16/10/2023
Um comentário sobre: O velho e o mar
É interessante e ao mesmo tempo engraçado falar sobre um livro que muitos leitores consideram incrível, mas que não consegui encontrar o mesmo apelo durante a leitura. Antes de tudo, é importante mencionar que meu primeiro contato com esta obra ocorreu anos atrás, quando a revista Avon ainda vendia livros em seu catálogo. O livro sempre esteve lá, e a capa me transmitia a sensação de que se tratava de uma obra espirituosa e um tanta autoajuda, com uma mensagem motivadora no final da história. A arte da capa apresenta duas mãos juntas, um barco no meio do mar e uma pessoa solitária a bordo. ("Nossa, Mathias, você está julgando o livro pela capa?” Quem nunca cometeu esse erro que atire a primeira pedra, mas, sim, julguei, e estava errado)
Você pode estar se perguntando por que, depois de tanto tempo, resolvi dar uma chance a este livro. A resposta é simples: eu desejava experimentar o mesmo prazer com a leitura que tantas pessoas elogiavam. Estava errado em buscar isso? Talvez não, mas o que quero dizer é que expectativas são traiçoeiras e podem nos prejudicar.
Quero deixar claro que meu comentário não tem a intenção de ofender o texto de forma alguma. Quem sou eu para criticar o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1954, Ernest Hemingway?
O que um homem de idade avançada e no final de sua carreira busca na vida? Talvez o reconhecimento ou a mera sobrevivência, a fim de continuar habitando o mesmo espaço que seus pares, para que ele não seja julgado por eles diante de seus fracassos. Este idoso, Santiago, não apenas enfrenta uma longa maré de azar que dura pelo menos 84 dias, mas também passa sua vida em solidão, a ponto de nem mesmo gostar de ter o retrato de sua falecida esposa encarando-o na estante de sua choupana. Até seu jovem colega, o garoto Manolin, foi impedido por seus pais de ir pescar com o velho devido a essa má sorte. “Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”.
Em um dia específico, precisamente no 85º dia de azar, Santiago navega para o alto mar em seu pequeno barco, determinado a capturar o grande peixe que restaurará sua honra. Ele permanece lá até que finalmente consegue fisgar sua presa. Novamente, a solidão orienta sua determinação e perseverança, revelando seu verdadeiro valor. Nossas escolhas não se tratam do que ganharemos, mas do que estamos dispostos a sacrificar. O velho estava disposto a renunciar ao escasso conforto de sua vida modesta, a enfrentar as forças intransigentes da natureza que jamais se curvam diante dos homens, a rejeitar sua própria solidão, e vencer. “Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado”.
Creio que já comentei o bastante sobre essa leitura. Ela é breve; consegui concluí-la no mesmo dia em que comecei, o que talvez explique por que não explorei outros aspectos do livro. Fiquei satisfeito em notar as referências a Cuba na obra, considerando que Hemingway passou muitos anos vivendo na ilha. “A sorte é uma coisa que vem de muitas formas, e quem pode reconhecê-la?”.
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