LivroAleatorio 03/02/2024
Autodestruição, sociedade, masculinidade
Em "Clube da Luta" a gente acompanha a trajetória do protagonista após uma tragédia ocorrer em sua casa durante uma viagem.
A partir daí, o protagonista encontra Tyler Durden e a "amizade" dos dois vai se iniciar. Depois o Clube da Luta e suas regras serão criadas, gerando a trama e os desdobramentos da história.
O livro traz uma crítica social (principalmente dos EUA), fala sobre o coletivo e o comportamento humano, critica grandes corporações e a falta de um sistema de saúde estadunidense.
O livro também faz uma crítica a sociedade pacata, a vida perfeita, parada, estagnada e como os seres humanos não podem ser felizes assim. Mesmo assim eu não consigo simpatizar com esse livro, sinto muito.
Pra mim apesar de um plano de fundo com as tais problemáticas e questões interessantes, o livro vai tratar isso através de um olhar puramente "de macho" como o próprio autor faz questão de mostrar no posfácio dessa edição.
Fala do autor:
"E ao mesmo tempo as livrarias estavam cheias de livros como O clube da felicidade e da Sorte, Divinos segredos da irmandade YA- YA e Colcha de retalhos. Eram todos livros que apresentavam um modelo social para mulheres se reunirem. Sentarem-se juntas e dividirem suas histórias. Dividirem a vida. Mas não havia um livro apresentando um novo modelo social para os homens dividirem a vida."
E assim, o tal "modelo social" seria o que? Homens se espancando, mijando na comida dos outros, colocando cenas de pornografia em filmes infantis, ameaçando cortar as bolas uns dos outros, menosprezando a vida etc. Tudo envolto numa atmosfera de degradação, autodestruição e a imundice. Isso é masculinidade? Só genitais e violência? Acho que não, né?
"Talvez o autoaperfeiçoamento não seja a resposta. Talvez a autodestruição seja a resposta." (E ele leva a sério, viu?)
"O que você vê no clube da luta é uma geração de homens criados por mulheres." (Eu aposto que essas mães não levam a vida pacata do portagonista)
"Cada um de nós tinha que levar doze carteiras de motorista para Tyler. Isso provaria que cada um de nós tinha feito doze sacrifícios humanos." (O motivo dos sacrifícios? Nenhum, eram pessoas aleatórias na rua)
Fora isso as únicas duas personagens femininas em toda a trama são uma paciente oncológica com duas falas e que está desesperada por sexo e a Marla, que é apresentada da mesma forma. Se as duas fossem trocadas por sacos de batatas dava na mesma. Sério. E tudo o que for relacionado ao feminino é pejorativo.
"Mesmo com os olhos roxos e os cabelos loiros cortados bem curtos, você vê o rosto belo e sério sem nenhuma ruga ou cicatriz. Coloque um vestido nele e o mande sorrir e virar uma mulher. O anjinho fica parado com os dedos dos pés encostados na porta da frente" (nota: de repúdio)
Apesar de tudo isso, e eu não sou de criticar livros em resenhas, achei que é bem escrito no que ele se propõe, mesmo que eu não tenha gostado tanto da experiência. Esse livro me fez refletir sobre questões importantes, tem um plot twist interessante e um fechamento realmente bom para a história.