Anna 23/05/2012Resenha no www.pausaparaumcafe.com.brQuem me acompanha no twitter (@chacomcookies) deve ter notado o quanto comentei na ultima semana sobre a minha leitura de O Clube da Luta.
3 dias de leitura. Os 3 dias que poderiam não ter acabado.
Esperei muito por esse lançamento da Editora Leya, quando soube que depois de 3 anos sem ter o livro no mercado eles iriam fazer uma publicação, e com essa capa linda eu fiquei louca. Deveriam ter gravado minha reação quando o livro chegou. E eu não estou exagerando.
E claro. Estou quebrando a primeira regra do clube da luta. E a segunda também…. mas quem liga agora? O livro é bom. E vocês precisam saber disso.
Antes de tudo, precisa saber de uma única coisa. Você já assistiu o filme? Pois bem, espere um pouco e leia o livro primeiro. Se sim, fique sabendo que esse é o único livro que li que achei a adaptação mais leal ao livro.
Regra nº 1 – Você não fala sobre o Clube da Luta.
Chuck é um autor de primeira. Apesar de alguns resenhistas odiarem e como diz o autor, falar que o livro era “sombrio demais”, “violento demais”, “estridente demais, agudo demais e dogmático”.
Eu descrevia o clube luta como “diferente demais”. Sua linguagem não segue um padrão comum. O livro inteiro praticamente se passa na cabeça do Narrador, são seus pensamentos, e isso até em certo ponto incomoda.
Regra nº2 – Você não fala sobre o Clube da Luta.
Para quem não sabe. O Clube da luta foi primeiramente uma história com 7 folhas de Chuck. E hoje para mim nada mais é que apenas um livro de uma mente maluca que acaba por acidente se tornando muito mais que apenas um livro e se torna uma crítica a sociedade capitalista. Retratando como ela transforma as pessoas, como somos carentes e necessitamos de atenção.
“A propaganda faz essas pessoas irem atrás de carros e roupas de que elas não precisam. Gerações têm trabalhado em empregos que odeiam para poder comprar coisas de que realmente não precisam.- Não temos uma grande guerra em nossa geração ou um agrande depressão, mas na verdade temos, sim, é uma grande guerra de espírito. Temos uma grande revolução contra a cultura. A grande depressão é a nosa vida. Temos uma depressão espiritual.”
O livro mostra como e porquê vemos tantas personalidades que se sobressaem e convencem milhões de pessoas a fazerem o que elas querem. Ex: Líderes religiosos.
Regra nº 3 – Quando alguém gritar “pára!”, sinalizar ou desmaiar, a luta acaba.
É um livro inteligente. Cheio de sacadas e frases de impacto. O meu livro ficou cheio de anotações e pos-its colados para essa resenha.
Regra nº 4 - Somente duas pessoas por luta.
O Narrador demora muito no livro para perceber o que acontece. Se o leitor for atento as dicas que o autor dá ao longo de todo o livro, vai perceber muito antes o que acontece na história. Que ela não é apenas a história do Clube da Luta. O porque Marla Singer se sente tão estranha com Tyler e com o Narrador.
Regra nº 5 – Uma luta de cada vez;
Regra nº 6 – Sem camisa, sem sapatos;
Regra nº 7 – As lutas duram o tempo que for necessário;
Regra nº 8 – Se for a sua primeira noite no Fight Club, você tem que lutar!
O personagem principal (narrador) e único tem uma mente confusa, e também isso não é para menos. Ele não percebe que Tyler o criador do Clube da Luta, a mente por trás do Projeto Desordem e Destruição é uma criação de sua própria mente. Sua dupla personalidade. Uma projeção de algo que ele gostaria ser. Gostaria de fazer.
E toda vez que ele dorme. Tyler acorda.
Na história o Narrador se sente cansado e não consegue dormir e isso se origina da sua personalidade conflitante. Ela acorda para jogar. Ou melhor. Para lutar. A Misantropia de Tyler é demais. Tanto que a criação do Clube da Luta passa a não se tornar o bastante para se recuperar, para conseguir dormir, para se sentir em paz. Em um minuto tudo esta perfeito. Em outro você arrebenta a carra de um menino em seu primeiro dia do clube da luta e aquilo ainda não é o suficiente.
Assim surge o Projeto Desordem e Destruição. O objetivo de Tyler é se fazer ser percebido por Deus. Para ele é mais importante ser odiado por ele do que ser ignorado.
“Não poder fazer perguntas é a primeira regra do Projeto Desordem e Destruição”
O reflexo de uma mente que se sente não apenas ignorado por Deus, mais ignorado pela humanidade, apenas mais um na multidão que todo dia repete sua rotina, dia após dia. Todo o dia. Sempre aquilo.
Resumindo, o livro é uma crítica interior contra a sua própria postura perante ao mundo. É um livro que depois de ler a ultima frase, depois de entender todo o sentido você vai ficar sentado olhando para o teto e pensando na humanidade.
Vai pensar que muitas vezes gostaria de ter a sua dupla personalidade e pensar: ” Onde esta a minha versão de Tyler Durden?”.
“- Que se foda essa merda toda – Tyler fala. – Talvez você seja minha alucinação esquizofrênica.”
O final é surpreendente. Não por ter um final super fantástico. Mais por ter uma justificativa, por ser um final possível, real e mostrar a amplitude do Clube da Luta. Mostrar a quantidade de pessoas que conseguiram ser afetadas por essa arma de destruição planejada para ser a fuga de uma mente cansada e maluca.
O Clube da Luta consegue completar seu objetivo. Mostrar que a necessidade de ser visto por Deus, pode ser de cada um de nós.
Peço que se atentem muito para quem é o Deus em seu final.
Ponto negativo: Em todo o livro é difícil encontrar um ponto negativo. Conheci pessoas que não gostaram da narrativa. Mas isso já é uma questão de gosto e ponto de vista. Para mim a narrativa é rápida e com diálogos consistentes. Apesar de algumas vezes se confundir em meio a pensamentos. O que muitos podem não gostar ou estranhar.
Outro ponto a se notar é sobre a diagramação. Encontrei um erro no livro, como um “no” que aparece em um lugar que não deveria estar, deixando a frase errada. Mas só um errinho na edição.
E por ultimo temos um erro na capa do livro. Na versão da Leya em sua parte de trás temos 7 regras do clube da luta e essas regras estão erradas se for comparada com o que Tyler diz no livro. A 3º regra que consta na capa não é uma regra “oficial” no livro. Ele não diz a 3º regra é: “a regra da capa” . Nesse caso ele diz a regra que esta como 4º regra na capa. E assim, acaba faltando uma regra na capa. A última no caso que seria: “Se esse é seu primeiro dia no Clube da Luta. Então você tem que lutar!”
Já em algumas pesquisas na internet pude notar que todos colocam como 8 regras no clube da luta. Pois de fato ele cita a 3º regra no livro, mais em outro momento.
Então ai vocês podem fazer a conclusão de vocês, se esta certo ou errado.
Espero que tenham gostado da minha enooooooorme resenha. Eu realmente me empolguei.