Eduardo Mendes 31/12/2022
Uma metralhadora de críticas sobre a indústria do consumo
Ainda que a primeira regra seja não falar sobre o Clube da Luta, eu tenho certeza que você já conhece a história de um dos filmes mais bem sucedidos e amados da nossa geração. A verdade é que por trás da ótima obra cinematográfica entregue por David Fincher em 1999, há o livro escrito em 1996 por Chuck Palahniuk, e ele é ótimo!
Mesmo quem já viu o filme e sabe do plot twist do final, consegue acompanhar o livro sem ter a experiência comprometida, aliás, é até interessante conhecer o ponto de virada pra entender toda a loucura do narrador ao longo da jornada. Livro e filme têm abordagens diferentes sobre o mesmo tema.
“Você compra móveis. (…) Depois precisa do aparelho de jantar certo. Da cama perfeita. De cortinas. E do tapete. Então você fica preso em seu belo ninho e as coisas que costumavam ser suas agora mandam em você”.
Essa forma de escrita crua que coloca o narrador como se fossemos nós leitores é uma das cerejas do bolo. Palahniuk escreve de forma caótica propositalmente para bagunçar a sua cabeça, ele não separa os diálogos dos pensamentos do narrador (que não tem nem nome) e isso nos coloca dentro da cabeça confusa e perturbada do protagonista. Assim, temos um narrador que num mesmo parágrafo alterna assuntos inesperadamente, ora narrando a história, ora divagando em pensamentos autodestrutivos.
O protagonista é um cara normal que leva uma vida enfadonha, limitada a trabalhar num emprego que não gosta, e que caminha a passos largos para um quadro de depressão e insônia. Quando ele parece chegar no fundo do poço, conhece Tyler Durden, um sujeito de caráter duvidável que parece ter se desprendido das convenções da sociedade, vivendo de forma livre sem reprimir seus instintos. Tyler é claramente o antagonista da história e juntos eles fundam o Clube da Luta.
Clube da luta é uma metralhadora de críticas sobre a indústria do consumo, o modelo de produção capitalista, a perda da individualidade e diversos outros temas que aparecem ao longo da obra. Ao mesmo tempo, a trama que caminha pra anarquia e violência desenfreada também não parece ser o caminho ideal a seguir. Ou seria?