Cecília 10/07/2015
Está concertado
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Estudei em escola cristã do pré-maternal até a quarta série do ensino fundamental, fui batizada e emocionei minha mãe ao entrar na igreja, vestida de anjo, para a primeira comunhão. E ainda assim, não sou nenhum pouquinho religiosa.
As cinco pessoas que você encontra no céu me interessou pelo título. Eu não sei se acredito em céu, é estranho pensar em um céu quando você já estudou sobre as camadas da atmosfera... A ideia cristã sobre o céu é interessante: um lugar perfeito, com tudo perfeito, para pessoas perfeitas (sendo que eu só consigo imaginar essa perfeição toda com um lugar totalmente branco com chão de nuvens e bem tedioso). Se essa ideia estiver correta, o céu é um lugar que eu não irei conhecer (uma vez do rock, sempre do rock, baby). Mas se for a ideia do Mitch a verdadeira definição de céu, todos nós conheceremos este lugar.
Pense em uma história lindamente triste, envolvendo uma vida qualquer, com momentos de amor e dor e terminando com um fim que espera a todos nós: a morte. Uma história simples, que te leva para o parque, para o circo, para o parque de diversão Bury, para a guerra, para um restaurante, para vários casamentos, para um rio, para um céu.
Tudo isso para explicar a vida de Eddie, do Homem Azul, do Capitão, da Garçonete, da Marguerite, do Bêbado, de Tala... Pessoas que se encontraram por ai, e ficaram juntas por pouco ou muito tempo, as vezes nem ficaram, mas estão interligadas de qualquer forma. Influenciando diretamente ou indiretamente a vida umas das outras.
É difícil explicar o que você aprendeu com um livro quando ele meche emocionalmente com você, emoções são complicadas e eu sou sensível a qualquer história onde as pessoas estão "quebradas", eu tenho um desejo muito doido de querer invadir a cena e abraçar o personagem, mudar uma fala que ele não gostou de ouvir, trazer de volta o que ele perdeu, tentar mostrar que sim, ele é especial. Como nada disso é possível (além de chorar bastante), eu vou lendo em paralelo: dou vida ao mundo do autor e faço a minha versão, só para ter a sensação de ter contribuído, positivamente, para a vida de alguém.
Não senti religiosidade, As cinco pessoas vai muito além disso. Não é um questionamento de fé, é um questionamento de vida. Que ultimamente vem parecendo ser algo tão sem sentido e sem valor... por que pensar na nossa vida, ou o que fazemos com ela, ou que fazemos com a vida dos outros, se o ônibus passa as 5h e você precisa acordar as 4h? Não é mais fácil viver no automático? Acreditando e aceitando tudo que nos é servido como ideias perfeitas a serem seguidas? Então vamos buscando por uma vida perfeita e esquecemos de valorizar o que já conseguimos. Somos todos importantes no mundo ao nosso modo, insubstituíveis, apaixonantes e loucos ao nosso modo. Não acreditem se te falarem que sua vida é inútil, principalmente se esse pensamento vier de você, porque você não tem noção da sua verdadeira fodalidade e como você é especial ao seu modo.
Mitch meu caro, você me fez amar você...