Rose 20/02/2017Antes de começar a falar do livro, um rápido esclarecimento sobre a palavra Zahir. "É uma palavra árabe que quer dizer visível, presente, incapaz de passar despercebido. Algo que uma vez tocado ou visto, jamais é esquecido."
Os livros do Paulo Coelho sempre mexeram comigo e me levaram a muitas reflexões. Isso desde o primeiro livro que li dele. Sempre foi assim. Enquanto muitos criticam, para sempre sempre funcionou muito bem.
Em O Zahir não foi diferente. Aqui temos a história de um famoso autor (do qual não sabemos o nome) que escreve sobre espiritualidade.
Após muitos relacionamentos sem futuro, o autor acaba se envolvendo com Esther, uma conceituada jornalista, ganhadora de alguns prêmios. É ela que o incentiva a escrever seu primeiro livro.
O casamento deles não é aquele tradicional que conhecemos. Talvez por conta das constantes viagens dos dois, ou até mesmo pela personalidade de ambos. Fato é que funciona para eles.
Mesmo amando Esther, o autor mantém alguns casos extraconjugais. Esther nunca reclamou ou questionou, e ambos nunca conversaram a respeito. Nem mesmo se ela teria seus próprios casos extraconjugais...
Esther sente-se triste, com a vida empacada, então decide ser correspondente de guerra. Mesmo não gostando da ideia, o autor aceita e de certa forma apoia o desejo da esposa.
As viagens são constantes e os períodos de afastamentos longos, mas o casamento segue firme... aparentemente...
Até que um dia Esther some sem deixar pistas ou qualquer tipo de recado. Sem maiores explicações ela parece ter posto fim a um casamento de dez anos. Tudo aponta para uma fuga com um suposto amante chamado Mikhail. Ele é um jovem do Casaquistão que trabalha como interprete para Esther.
O desaparecimento da jornalista é investigado, e o autor chega a figurar como suspeito. Com a inocência comprovada, e os indícios de fuga, ele não tem outro jeito e segue em frente com sua vida.
Com o orgulho ferido, ele começa a questionar os motivos de Esther teria para deixá-lo. O tempo vai passando e o autor vai refletindo sobre seu casamento e sua vida. Esther torna-se o seu Zahir. Mesmo assim ele vai se envolvendo com outras mulheres, até chegar em Marie, uma atriz famosa e desejada.
Ambos engatam um namoro, mas a presença de Esther é constante.
Quando o autor está lançando mais um livro, o "Tempo de Rasgar, Tempo de Costurar", uma espécie de tributo à Esther e ao casamento deles, Mikhail aparece em uma das sessões de autógrafos. É a chance que ele tem de reencontrar Esther e entender o porquê dela ter fugido sem nenhuma explicação.
Mas antes de encontrar a esposa (ele ainda a chama de esposa), ele vai ter um longo caminho de reencontro consigo mesmo. Ele vai precisar entender os motivos do término do casamento. Onde um acabou se perdendo do outro. E por mais incrível que isso possa parecer, é justamente Mikhail o guia desta caminhada.
Dois anos depois, ele tem a possibilidade de ficar frente a frente com Esther, mas será que depois de tanto tempo, há alguma chance de um recomeço? Por que Esther partiu? O que Mikhail tem haver com isso? O autor realmente conseguiu entender o declínio de seu casamento? Depois do encontro ele conseguirá finalmente fechar um ciclo e seguir em frente?
Questões que são explicadas no livro conforme o autor vai relembrando fatos antigos de seu casamento conforme lembranças vão invadindo seu dia-a-dia.
A verdade é que chegamos ao final da jornada sem ter a certeza do que vai de fato ocorrer, apesar de termos a sensação de que se encaminha para o final apresentado.
Um fato muito interessante é que Paulo Coelho usa sua própria história de vida para compor o enredo. Uma mistura de ficção e realidade, onde o leitor não sabe onde começa o personagem e onde termina o autor Paulo Coelho. Sem contar que ele faz o leitor se questionar sobre várias atitudes (ou falta delas) dentro de um relacionamento. É o comodismo entrando em nossas vidas, mesmo sem ser convidado. Aquela palavra que não falamos por acharmos desnecessária e termos a certeza de que o outro deve saber o que pensamos. Será mesmo???
Como disse no início da resenha, os livros do PC funcionam muito bem para mim, e mais uma vez gostei de ter lido. E você, já leu algo do autor? Gosta da escrita dele?
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