Mallully 12/07/2020
Nunca é tarde demais!
Quando adolescente, conheci alguns exemplares da série. Óbvio que eu vou relê-los, e com certeza ainda sentirei a mesma magia de antes. Mas agora, devido ao período conturbado em que todos nós nos encontramos em meio a esse vírus, senti que eu poderia fazer um bom uso do meu “tempo livre”, se é que isso está existindo na minha rotina, e conhecer alguns dos clássicos que marcaram a infância e a juventude de muita gente. Enquanto eu estava ocupada lendo Shakespeare, perdi a chance de conhecer vários autores de maravilhas nacionais que eu desconhecia.
Sempre tive vontade de ler toda a coleção, então não pude pensar em um momento mais oportuno do que esse. Comecei por uma ordem cronológica que encontrei, apesar de não ter certeza sobre estar certa, e foi assim que cheguei até o livro A Ilha Perdida, de Maria José Dupré.
O livro conta a história de dois irmãos de 14 e 12 anos, chamados Henrique e Eduardo, e que são crianças que não perdem a oportunidade de descobrir novidades e embarcar em aventuras. Eles chegam à passeio em uma fazenda próxima a um grande rio, que ao mesmo tempo é amedrontador e fascinante para eles.
No meio do rio existe uma ilha, de uma mata muito verde e que exala promessas de aventuras fantásticas. Os donos da fazenda, que aparentemente são tios dos meninos, têm dois filhos, chamados de Quico e Oscar. Quando o livro começa, dá-se a entender que toda a aventura irá girar em torno destes dois, mas na verdade, as aventuras se passam com Henrique e Eduardo. Henrique é um personagem um pouco mais maduro, mas menos racional. Ele sabe que precisa ser corajoso em alguns momentos para que todas as suas aventuras sejam possíveis, mas seu irmão menor, Eduardo, é muito mais sensato e se preocupa com detalhes logísticos das situações, muito mais do que Henrique. No entanto, ao fim de tudo, Henrique tem um amadurecimento muito mais desenvolvido por causa das situações em que se mete.
Quico e Oscar sempre mantiveram uma extrema curiosidade e fascinação pela ilha, o que rapidamente contamina Henrique e Eduardo. Como nunca foram permitidos viajar até a ilha, Quico e Oscar apenas nutrem a fascinação e a acalentam com a promessa de seus pais de que um dia iriam cruzar o rio, e que iriam até a ilha para ver que mistérios ela esconde. Henrique e Eduardo não conseguem esperar por uma promessa sem data. Eles anseiam desesperadamente conferir as maravilhas que a linda ilha tropical esconde, e que belezas eles conseguiriam encontrar lá. Eles traçam um plano, e depois de muito esforço e trabalho duro, eles conseguem chegar à ilha.
Devia estar cheia de papagaios, verde de periquitos, enfeitada de flores. Impossível que ali vivesse algum homem ruim; homens ruins não vivem em lugares bonitos como aquele.
Lá, muitas coisas acontecem. Não posso contar! Mas uma das coisas que me deixou extasiada foram as descrições maravilhosas do ambiente tropical e dos animais, do habitat, do clima, dos sons. A narrativa do livro constrói de forma magnífica a ambientação natural, sem esconder também o perigo iminente que o selvagem exala, apesar de não ser muito explícito.
Acho que um dos pontos mais importante sobre esse livro são os animais. Eles são retratados como verdadeiramente sentimentais, até mesmo muito comunicativos. Fiquei até em dúvida se este é um livro de fantasia ou não. A racionalidade humana e o sentimento puro e natural de amor com certeza são o auge desse livro.
Mesmo aos quase 25 anos de idade, não consegui deixar de me encantar com esse livro. Decidi, com esse pontapé inicial à série Vagalume, que não importa a idade de seus leitores: há livros que simplesmente têm uma magia incomparável e que são capazes de te transportar para outros locais com uma narrativa simples, bonita, tranquila e sem grande pompa.
Eu devia ter lido essa obra quando era criança ou adolescente, mas ainda consegui absorver o efeito. E isso me deixou extremamente feliz. Porque apesar de toda a bagagem literária que carregamos, ainda devemos manter o espírito livre e receptivo a todos os tipos de literatura, até porque elas podem nos surpreender!
Leia a resenha completa no meu blog!
site: https://mallullyblog.blogspot.com/2020/07/resenha-ilha-perdida-de-maria-jose-dupre.html