Lavoura arcaica

Lavoura arcaica Raduan Nassar




Resenhas - Lavoura Arcaica


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Leila 25/03/2018

Lírico, imagético, cru
Não raro me empolgo com as leituras que faço, no entanto, poucas me deixaram tão desconcertada. Não esperava pouco de Raduan Nassar, mas as experiências sensoriais e as reflexões proporcionadas por esse livro me deixaram aturdida. Lavoura Arcaica é visceral, mas também repleto de lirismo, símbolos, imagens e belíssimas considerações sobre o tempo. Enfim, uma prosa poética fascinante.

?O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza, não tem fim [...] onipresente, o tempo está em tudo [...] aquele que exorbita no uso do tempo, precipitando-se de modo afoito, cheio de pressa e ansiedade, não será jamais recompensado, pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas ...?
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Carla 29/01/2018

prosa poética no mundo rústico...
Um livro maravilhoso escrito em prosa poética de forma magistral por Raduan Nassar. No decorrer a leitura eu me pegava lendo em voz alta para sentir toda a aura do livro, da história e para sentir sobretudo a família, cada um dos personagens. Todos os personagens têm papel fundamental na narrativa, nesta família que ao longo de sua história foi falhando em sua comunicação, trazendo dor, tensão e sofrimento.
A narrativa traz a história de André, que cansado da vida rural e sentindo-se sufocado pelo amor incestuoso que sentia pela irmã Ana, foge de casa, mas acaba cedendo aos apelos de seu irmão mais velho Pedro e de sua mãe e volta para casa, dando a sua família um trágico final.
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Anoca Freitas 02/01/2018

Um sem-fim de poesia
Se eu tivesse lido "Lavoura arcaica" em 2017, acho que teria sido o melhor livro, porque é um texto recheado de conflitos e reflexões, descritos em metáforas extremamente poéticas. Como falei em publicação anterior, há, em cada linha, um sem-fim de poesia. Cada página tem algum ensinamento, ora simbólico, ora direto e cru, sobre família, valores, moral, amor, virtudes. Sobre o tempo.

Uma das ideias principais é a de que a paciência é a maior das virtudes, porque "só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas" (p. 57), que não podemos dar passos maiores que nossas pernas, porque isso seria "suprimir o tempo necessário à nossa iniciativa" (idem). Mas aí "eu tinha simplesmente forjado o punho, erguido a mão e decretado a hora: a impaciência também tem os seus direitos!" (p. 92). É tudo muito humano.

É um livro que rememora que há "o tempo de aguardar e o de ser ágil"; que às vezes temos as mãos atadas pelas circunstâncias, mas isso não significa que devemos, espontaneamente, atar também nossos próprios pés, mesmo que não nos importemos mais com o rumo do vento, se ele nos leva para a frente ou para trás (p. 165).

Recomendo demais. ?
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r.morel 31/08/2017

Resenha Telegráfica
O único romance de Raduan Nassar que, além desse livro, publicou apenas uma novela e uma coletânea de contos; parou de escrever em 1984 e retirou-se para um sítio. Sorte que a sua prosa poética caprichada ainda pode ser apreciada.

Trecho: “Na modorra das tardes vadias na fazenda, era num sítio lá do bosque que eu escapava aos olhos apreensivos da família; amainava a febre dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma vergada ao peso de um botão vermelho; não eram duendes aqueles troncos todos ao meu redor, velando em silêncio e cheios de paciência meu sono adolescente?”

site: popcultpulp.com
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Fabíola 25/02/2017

A inversão da parábola
Adiei bastante essa leitura...O avançar de páginas me embriagava com sentimentos maléficos...Raiva, escárnio, nojo, náuseas, incredulidade...
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Uma resenha extremamente difícil de ser realizada.
Como ler tal obra e não permitir que tamanha escuridão invada nosso pensamento...
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O livro é absolutamente lírico, uma prosa poética repleta de detalhes alencarianos e reflexos de Saramago. Nassar conta a história de uma família ortodoxa cristã descendente de libaneses, sendo possível observar o conservadorismo do século XIX.
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É uma obra que destrói de forma contundente vários princípios de uma ordem tradicional do espírito. Sua trama gira em torno dessa família aprisionada pelos grilhões de uma fé cega.
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O livro é articulado através de memórias e digressões do antagonista André.
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A leitura exige um grande amadurecimento literário, percebi que se o lesse a alguns anos atrás não teria aproveitado .
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Tudo se inicia com a fulga de André devido a sua ávida busca...Na verdade uma fome insaciável , uma escuridão perversa...
Toda família sofre com a falta de sua presença perturbadora.
Sua família é composta pelo pai Ióhana, sua mãe , quatro irmãs (Rosa, Zuleika, Huda e finalmente Ana) e por dois irmãos Pedro o tronco grosso, mais velho , e o caçula Lula.
Durante toda história, é preciso um olhar atento para entender o contexto , as reflexões, referências, conturbações psíquicas, o anarquismo de André.
Lavoura arcaica é uma inversão da parábola tão conhecida pelos cristãos do filho pródigo. Neste caso caracteriza um perdão do pai que nunca será aceito, a desunião da família é inevitável e o sexo entre irmãos para mim algo venenoso, inconcebível.
Se já não bastasse o incesto com Ana, (observa-se em todo livro a obsessão por sua irmã, são utilizados diversos recursos estilísticos para retratar de forma bela tão terrível ato...Pomba, Ana e inocência são uma coisa só) André em seu retorno ao conversar com seu irmãozinho sonhador (Lula) não resisti aos seus olhos primitivos que tanto lembram o de Ana e o sodomiza.
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Sua qualidade estética é inegável, possuí uma linguagem elaborada com plasticidade. Arremete claramente a morte da ordem.
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Muito difícil para mim avaliar tal obra. Por isso preferi não dar nota.
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Karla 18/02/2017

Conflitos!
" ... (...) trazem na mão a chave mas se esquecem do que ela abre, e, obsessivos, afligem-se com seus problemas pessoais sem chegar à cura, pois recusam o remédio;(...)"


A vontade que eu tive foi de transcrever todo o livro é só então, eu acho, que poderíamos falar sobre esse livro incrível. Mas por motivos óbvios eu não posso trancrever o livro.


Esse é um livro que transborda conflitos. São conflitos dentro das relações familiares, conflitos internos, conflito entre tradição e liberdade, entre o velho e o novo. Enfim, conflitos.


Os pensamentos do narrador são tenebrosos, o ambiente é sombrio e os acontecimento são permeados pela confusão das lembranças de André.


O estilo narrativo de Raduan Nassar é permeado se uma sonoridade quase musical, durante toda a leitura eu juro que quase ouvi ao fundo uma melodia. São palavras bem colocadas, frases que são quase versos de um poema trágico. Uma odisseia do retorno de André ao seio da família, uma quase paródia da parabóla do filho pródigo.


André é a ovelha negra dá família, o filho diferente que se afastou do seio da família e de todas as tradições que os pais ensinaram e impuseram desde criança. No primeiro capítulo vemos que Pedro, o filho mais velho veio a sua procura para levá-lo de retorno a todas as tradições e a tudo de que ele fugiu.


Apesar de ver, na grande parte da narrativa, que André tem um certo desprezo e contrariedade por todos os princípios clássicos nós não conseguimos visualizar se tudo isso o repele verdadeiramente. É uma narrativa quase de miragem, quando estamos a ponto de alcançar um dado nos.perdemos no eterno conflito interno entre liberdade e tradição.


É uma leitura que eu recomendo muito que todos facam, pois como sempre, eu acho que cada um precisa tirar as próprias conclusões sobre essa história.
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Cristina117 08/05/2009

Poderia ser melhor
“Lavoura Arcaica” é um daqueles livros que eu li principalmente para saber porque há quem idolatre tanto esta obra. Li e gostei. Gostei principalmente das falas sobre o tempo, sobre a paciência, a impaciência, e sobre o questionamento das imposições familiares. A trama em si não é lá essas coisas; chega a parecer forçado o motivo que leva André a ir embora de casa. Seria melhor se não houvesse motivo específico, seria melhor se ele fugisse de casa por não suportar as imposições familiares. Simples assim. Lê-se em duas sentadas.
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Vinícius 20/06/2009minha estante
Discordo de você em um ponto: não acho que o motivo de André ter saído de casa tenha ficado claro; logo, esse motivo não poderia ser forçado. E confesso também que adorei as divagações sobre tempo, (im)paciência e sobre a família.




Eduardo 06/01/2013

Apesar do início extensamente adjetivado, com relatos de sentimentos analogicamente comparados às experiências do campo, com os instrumentos que o personagem conhecia de sua vida rural, o livro torna-se interessante se, com paciência, soubermos compreender o tolhimento sofrido pela educação patriarcal recebida, e daí tirarmos o que, efetivamente, o autor procurou demonstrar. Leitura extremamente reflexiva, intensamente válida para nossas vidas, a comparar o que vivemos, o que sofremos, o que gozamos, a título de valores morais em conflitos que o que não queremos deles aceitar. Paciência... muita paciência com os períodos extremamente extensos, mas ricos em narrativa! Valeu!
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Pricilla 27/01/2013

Filho pródigo
Lavoura Arcaica é um romance que narra a história de André, adolescente que vive com os pais e irmãos em uma fazenda. Num ambiente marcado pela austeridade do pai, carinho da mãe e simplicidade do lugar, André se apaixona por Ana, sua irmã. Não sendo correspondido resolve fugir dos próprios sentimentos e da vida pacata. Pedro, irmão mais velho consegue que André retorne ao seio da família para felicidade de todos, principalmente dos pais que ordenam a realização de uma festa. Durante o evento Pedro conta ao pai sobre os anseios de André. Ao saber de sentimentos tão pecaminosos o patriarca têm um ataque fulminante e morre.
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Vania Carvalho 18/04/2013

Mais do que uma história intensa o livro é poesia, como se confere no trecho:

"É preciso refrear os maus impulsos, moderar prudentemente os bons, não perder de vista o equilíbrio, cultivar o autodomínio, precaver-se contra o egoísmo e as paixões perigosas que o acompanham, procurar encontrar a solução para os problemas individuais sem criar problemas mais graves para os que são de nossa estima, ponderar em cada caso o mesmo tronco, a mão leal, a palavra de amor e a sabedoria dos meus princípios (faz ref. lavoura arcaica . raduan nassar)

depois de ler o livro vale a pena asssitir o filme!
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shoriboo 06/11/2024

Deus pai
História batida e uma escrita chatissima, ninguem marece ler isso não. ah que ele ganhou sla quantos premios, então ta querida, vai la com ele morar na roça vai
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Aninha 02/08/2013

Final arrebatador
Raduan Nassar
Companhia das Letras - 194 páginas

"...Nós nos olhamos e num momento preciso nossas memórias nos assaltaram os olhos em atropelo, e eu vi de repente seus olhos se molharem, e eu senti nos seus braços o peso dos braços encharcados da família inteira..." (página 9)

André sai de casa e se refugia em uma pensão na cidade, pois não concorda com a forma como o pai conduz a vida da numerosa família na fazenda. Além disso ele ama Ana, sua irmã.
Pedro, o irmão mais velho, o encontra na pensão e tenta convencê-lo a voltar, afinal a família toda está sofrendo - e muito!

A partir daí, vemos não apenas o embate de palavras entre os irmãos, mas as lembranças de André, em diversos momentos do tempo.
Finalmente, ele se sente livre para dizer o que pensa: confessa seus medos, seu amor incestuoso e sua inconformidade com a tradição paterna.

O final é arrebatador.

Leitura forte e obrigatória

site: http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com.br/2013/07/lavoura-arcaica.html
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Leonardo 12/09/2013

Um livro sobre desejos reprimidos
Com esse livro, completei a leitura de todos os romances de Raduan Nassar. Além de Lavoura Arcaica, seu outro romance é Um copo de cólera, resenhado aqui. E só. Escreveu alguns contos, publicados na obra Menina a caminho. Aposentou-se ainda em 1984 para dedicar-se à sua fazenda, no interior de São Paulo.
Apesar da obra tão curta, Nassar é admirado pela crítica e seus dois romances viraram filmes também bastante elogiados. Um copo de cólera é uma pequena pérola. Um livro curto, mas arrebatador, que diz muito. Encontrei Lavoura Arcaica no sebo e nem titubeei. Finda a leitura, fica evidente o talento de Raduan Nassar. Lavoura Arcaica conta uma história simples: André foi criado no seio de uma família simples e de valores bem tradicionais, na zona rural. Seu pai é uma figura sempre presente, com seus sermões sobre o tempo e sobre os valores religiosos. André não suporta aquela vida e foge para a cidade. Seu irmão mais velho, Pedro, encontra-o numa velha pensão e leva-o de volta para casa. A história deste retorno é entrecortada com a conversa entre André e Pedro, quando o irmão mais novo conta os motivos que o levaram a fugir de casa.
A maneira como Raduan Nassar conta, entretanto, não é usual. Ele explora muito os sentidos, a intimidade de André, expressando-se sempre por meio de muitas metáforas. O livro todo passa a impressão de ser poesia travestida de prosa, a começar pela primeira cena, que descreve o jovem André se masturbando no chão do seu quarto de pensão.
Os capítulos, apesar de curtos, não têm parágrafos. É como se o protagonista vomitasse tudo, numa torrente inquietante de pensamento. Se, de um lado, a narrativa de André é confusa, não são menos misteriosos (e belos!) os sermões de seu pai sobre o valor do tempo.
Vejam abaixo uma coleção de ais, bem ao estilo bíblico, dirigidos àqueles que não têm paciência, que desafiam a capacidade transformadora do tempo:
“Não se profana impunemente ao tempo a substância que só ele pode empregar nas transformações, não lança contra ele o desafio quem não receba de volta o golpe implacável do seu castigo; ai daquele que brinca com fogo: terá as mãos cheias de cinza; ai daquele que se deixa arrastar pelo calor de tanta chama: terá a insônia como estigma; ai daquele que deita as costas nas achas desta lenha escusa: há de purgar todos os dias; ai daquele que cair e nessa queda se largar: há de arder em carne viva; ai daquele que queima a garganta com tanto grito: será escutado por seus gemidos; ai daquele que se antecipa no processo das mudanças: terá as mãos cheias de sangue; ai daquele, mais lascivo, que tudo quer ver e sentir de um modo intenso: terá as mãos cheias de gesso, ou pó de osso, de um branco frio, ou quem sabe sepulcral, mas sempre a negação de tanta intensidade e tantas cores: acaba por nada ver, de tanto que quer ver; acaba por nada sentir, de tanto que quer sentir; acaba só por expiar, de tanto que quer viver; cuidem-se os apaixonados, afastando dos olhos a poeira ruiva que lhes turva a vista, arrancando dos ouvidos os escaravelhos que provocam turbilhões confusos, expurgando do humor das glândulas o visgo peçonhento e maldito; erguer uma cerca ou guardar simplesmente o corpo, são esses os artifícios que devemos usar para impedir que as trevas de um lado invadam e contaminem a luz do outro, afinal, que força tem o redemoinho que varre o chão e rodopia doidamente e ronda a casa feito fantasma se não expomos nossos olhos à sua poeira?”
E o pai continua seu sermão, que, como é possível perceber, concentra-se muito na pureza e na vigilância em relação à carne. Isso porque André é um sujeito de sexualidade atormentada, nutrindo inclusive um amor incestuoso por sua irmã.
Ler Lavoura Arcaica requer atenção completa, ou você se perde e não desfruta da prosa tão rica. Não é, portanto, um livro fácil. Mas a recompensa é grande.


site: http://catalisecritica.wordpress.com/
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Melo 12/01/2014

Minha inspiração
Raduan Nassar é o autor que, através de Lavoura Arcaica, serviu-me como inspiração total para meus livros (ainda não publicados). Devo dizer que Wanderley Assis apresentou-me tal autor e mal sabe ele o quanto fez-me bem à psique.
A introspecção de André -- revelando todo o lado oco de sua família que é aparentemente muito sustentada sobre si, exibindo além do mais uma narrativa que explora a linguagem, o novelesco, o lírico, o belo, o ser -- é de uma grandeza, uma maturidade de escrita, uma singularidade que eu desconhecia nas escritas julgadas como Contemporâneas.
Lavoura Arcaica é daquele tipo de livro que entra em sua vida e, de tempos em tempos, seu cérebro haverá de pedir-lhe para lê-lo novamente porque você sentirá falta da história chocante-bela, do modo de narrar divisor de águas, da profundidade sentimental de um filho tão padecido de seu amor-pecado, de seu desejo-monstro, que toca a capacidade de Kafka, em Carta ao Pai, de lhe dominar completamente.
Sou um grandioso fã de Raduan Nassar.
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