O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


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Andre.Crespo 20/10/2009

Sorel e seus sonhos
Há muito tempo, ao ver o título desse livro, fiquei pensando: "Este deve ser daqueles livros em que eu devo ler mais tarde, quando estiver mais velho". Porque quando se vê o título, "O Vermelho e O Negro", eu não penso em outra coisa a não ser filosofia. Agora que acabei de ler, vi que não tem nada a ver com filosofia. É pura literatura mesmo.

O livro fala sobre a vida de Julien Sorel, que tem um desejo em sua vida: tornar-se rico. Por isso, pensa em ser padre e poder ganhar um bom salário. Tem uma adoração profunda por Napoleão, a quem se espelha. É odiado por seu pai e irmãos. Quando vê a primeira oportunidade de sair de casa, aproveita e sai. Vai trabalhar na casa do prefeito de sua cidade e é lá que as coisas começam a acontecer.

Stendhal conta a história de Sorel, um perfeito anti-herói de uma forma esmiuçante, como que se destilasse o período mais conturbado da vida do protagonista e a contasse aos poucos, quase que detalhadamente, seus sofrimentos, dores, realizações; enfim, tudo por que passa Sorel.

Ao me deparar com esse relato, pensei que o livro acabaria e nada de realmente impactante acontecesse. Mesmo que a história fosse demasiadamente interessante e contada de uma forma fluida, algo tinha que acontecer para que a mesmo se tornasse, assim, perfeita.

Foi quando cheguei ás cem últimas páginas. É quando a tensão dá lugar á relativa tranquilidade que reinava no livro. Essas cem páginas correram como se fossem dez, tamanho interesse me tomou em conhecer como se desenlaçaria a impressionante história de Sorel, este camponês, que, não se conformando com sua baixa condição, foi atrás de seu desejo. E quem ler este livro, saberá aonde ele chegou!
G. 05/11/2010minha estante
já deu uma vontade de ler!!!!


Ale 04/11/2013minha estante
Estou lendo este livro e estava com certo receio se valeria a pena. Agora estou um pouco mais animada, rsrsr


Cinquenta Páginas 04/12/2013minha estante
Estou com ele nas mãos, imaginando que ainda não estou preparada para me debruçar sobre ele como merece. Estou curiosa, sim, isso é fato. Mas algo ainda não acendeu aquela chama do interesse devastador de leitura em relação a ele.


Antonino 30/04/2020minha estante
Quando iniciei a leitura desse livro, foi de maneira totalmente despretenciosa.
Mas esse livro tr pega, desde.o início.
Um homem com um dom, em um ambiente em que apenas o berço importa..

Valeu a pena ada página virada.


Lucopes 04/12/2022minha estante
Sorel, muito vida louca.


Lu1991282282 08/09/2023minha estante
É pura literatura mesmo,é bem indicado se vc quer algo mais antigo(a linguagem o cenário)


laramaximo 13/09/2024minha estante
Adorei essa resenha! Muito obrigada!




Jardim de histórias 20/06/2023

O incrível vermelho e o negro de Stendhal ?
As crônicas do século XIX, nessa obra, são descritas de forma excepcional, com um tempero romântico, muito bem elaborado. 

 A história se passa no período da restauração ou pós-restauração (após queda de Napoleão), durante a pré-revolução liberal ou revolução de 1830, que foi o período de articulações políticas, que culminou na tomada do trono pela burguesia (Luís Filipe I). Quem já leu os miseráveis de Victor Hugo, sabe bem de que revolução me refiro. 

Este livro é um dos maiores expoentes da literatura clássica universal, que transcende, devido à grandiosidade e como os costumes da aristocracia do século XIX são retratados (hipocrisia, romances proibidos, a normalização das articulações políticas). Não podemos deixar de destacar, a forma sagaz, que Stendhal, conduz a história, nos envolvendo completamente, devido ao formato indutivo que o livro é escrito, tornando a leitura incessante e prazerosa. Assim, Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal, nos entrega essa obra, uma ficção, com contornos históricos, que dão a história, a robustez necessária de um grande clássico. 

No ponto de vista político, o livro é repleto de críticas socio econômicas, contundente, apontando o vazio e superficialidade que permeia a burguesia. Um olhar social, mostrando uma identificação e crítica com às lutas de classe. Uma citação do autor, sintetiza muito bem esse olhar político: "Amo o povo e odeio os opressores, mas, seria um tormento viver sempre com o povo". Uma crítica contundente, não somente aos opressores, mas, também, direcionada aos oprimidos. Segundo sua crítica, é notório a falta de ambição das classes menores, exemplo, o personagem principal, Julien Sorel. Filho de carpinteiro, que ao se indignar com sua posição, ou seu lugar no mundo, busca motivações para alcançar uma posição na vida (condição e riquezas). Criticando assim, a ideia de conformismo e subserviência.

Stendhal, explora muito bem a utilização da sedução como artifício de ascensão, assim como o volúvel comprometimento político, que se moldava, conforme conveniência. Acompanharmos também, conflitos religiosos, críticas às tradições teológicas jesuítas sobre o aspecto jansenista, comportamento que reflete, as experiências religiosas e as dificuldades de relações com seus preceptores, vividas pelo autor. 

Enfim, é um livro muito bem escrito, com um herói ou protagonista inesquecível, mas por suas camadas, que lhe dão características muito verdadeiras (sedução, eloquência, imaturidade, impulsividade). Uma obra vigorosa, robusta e eterna. Incrível!!!!
Jardim de histórias 20/06/2023minha estante
Sim, qualquer comparação com os miseráveis de Victor Hugo é pertinente, somente pela contemporaneidade. Pois são histórias singulares totalmente distintas. Um banquete para os historiadores. Ah! O conhecimento sobre o contexto histórico, neste livro em especial, auxilia muito o entendimento da obra.


Vanessa.Castilhos 21/06/2023minha estante
Uau!! Parabéns pela resenha, maravilhosa e impecável como sempre!


Jardim de histórias 21/06/2023minha estante
Opa Vanessa, muito obrigado pelo carinhoso retorno!




keyla 02/07/2022

Julien é, acima de tudo, um coitado.
Julien pra mim, é um dos personagens mais intrigantes da literatura, ao mesmo tempo que é inseguro e carente, é totalmente orgulhoso, frio, prepotente e persuasivo.
Em algumas cenas se acha superior e em pouco tempo, se sente inferior. Ele está pensando em como todos são uns asnos e depois sente-se irritado e miserável por ser pobre? mas mesmo sendo pobre, é mais inteligente e interessante que os outros.
Apesar de todas as merdas, eu torci por ele o livro inteiro. Afinal, é apenas um homem que ama Napoleão e come casadas.
Sobre o contexto histórico: essa parte é muito rica, tive que pesquisar bastante pra entender alguns trechos. Stendhal crítica todo mundo, do burguês ao trabalhador, ninguém sai impune nesse livro.
Gostei bastante, mas foi extremamente cansativo de ler.
ângelo.roberto 02/07/2022minha estante
Come casadas KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Vsf Keyla


ângelo.roberto 02/07/2022minha estante
Come casadas e mocinhas indefesas de origem burguesa


ângelo.roberto 02/07/2022minha estante
Ou ?a mocinha no chefe?


keyla 02/07/2022minha estante
acho que mocinha do chefe é uma boa definição kkkkkjkk


Michela Wakami 04/07/2022minha estante
Quem disse que o livro era infinito? Kkkkkkk.


keyla 04/07/2022minha estante
ele já é como um filho pra mim


Michela Wakami 04/07/2022minha estante
?


keyla 04/07/2022minha estante
esteve em todos os momentos do ano ?


Whiten't 07/07/2022minha estante
Estou no processo da leitura(capitulo 17), meio claudicante, mas indo.


keyla 11/07/2022minha estante
uma hora vai, não consegui fazer fluir




Carolina.Gomes 13/09/2021

Julien
Fazia tempo que eu vinha adiando essa leitura e fico feliz que tenha escolhido esse momento para fazê-la.

A narrativa de Stendhal é enxuta e objetiva, desenrolando-se num crescente de acontecimentos imbricados que prenderam minha atenção.

Trata-se de um romance inovador e muito bem redigido com um final surpreendente e impactante.

Embora não seja um romance de ação, gostei muito da escrita do autor, do desenrolar da história, bem como da constituição dos personagens.

Mais um clássico imperdível que retrata a França no período da Restauração com forte crítica social e às instituições.

Recomendo!
Thamiris.Treigher 15/09/2021minha estante
????????????




Fábio 29/07/2011

Eis aí o belo milagre de vossa civilização! Do amor fizestes um assunto corriqueiro – BARNAVE

O Vermelho e o Negro é a obra prima de Stendhal, romance que analisa a sociedade francesa na época da restauração. O significado do título suscita muita discussão, até hoje há divergência entre os críticos, publicado em 1830, coincide com a Revolução de Julho.

Acusado desde o começo, de sua vida literária, de plágio, Stendhal chega ao fim da vida desamparado, seus livros não alcançam mais grande sucesso, o que leva a dizer: “Posso fazer uma obra que não agrade ninguém e que será reconhecida como bela no ano 2000”

Nem precisamos dizer que atualmente, pelo menos no que tange este livro, é uma belíssima obra, acertando o presságio, este livro nos faz uma reflexão das atitudes da alta sociedade, incrustado na personagem Srta. de La Mole (Mathilde), e de um rapaz de família humilde, filho de um carpinteiro, que tenta desesperadamente subir o patamar na escala social, um completo arrivista, representado por Julien.

A volubilidade da vida faz Julien passar por várias casas como preceptor, graças a sua facilidade em latim, e seu conhecimento do Segundo Testamento da Bíblia. Por onde passa o amor arrebatador e seu orgulho exacerbado o persegue, destruindo sonhos, famílias, futuros. Na sua primeira casa onde trabalhou, conheceu a Sra. de Renal, personagem fundamental em sua vida, na qual, suas atitudes nunca mais serão a mesma depois que a conheceu.

Na época para conseguir subir de classe social tinha-se basicamente duas alternativas: os estudos teocráticos para ser padre, ou o exército. Julien opta pelo primeiro, porém, a vida no seminário não é fácil, suas notas boas, sendo o “queridinho” do professor, levanta o ódio dos outros estudantes, que por sua vez se afastam dele, levando ao isolamento.

Um ponto interessante é que cada começo de capítulo há uma frase, de algum outro autor, que resume ou faz alusão de um assunto principal do mesmo. Amor, briga, orgulho, ódio, tentativa de assassinado, julgamento, cadafalso, pontuam esta grande obra.

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Fabianne 14/10/2024

Quem vence a luta entre paixão e religião?
Apesar de ter demorado para finalizar essa leitura, a culpa foi da vida, não da escrita maravilhosa do autor. É um livro para ler rapidamente.

"O Vermelho e o Negro" (Le Rouge et le Noir), escrito por Stendhal, é um dos grandes clássicos da literatura francesa e do realismo europeu. A obra retrata a França pós-napoleônica e oferece uma crítica mordaz à sociedade e à hipocrisia da época, com um foco particular no conflito entre ambição pessoal e as restrições sociais.
A obra conta a história de Julien Sorel, um jovem ambicioso de origem humilde que tenta ascender socialmente em uma França dominada pela aristocracia e pela burguesia emergente. Ele se encontra dividido entre duas forças representadas pelas cores do título: o vermelho, que simboliza a paixão, a ambição militar e o espírito revolucionário, e o negro, que representa o clero, a religião e o conservadorismo da sociedade da época.
Julien, filho de um carpinteiro, é extremamente inteligente e sonha em se destacar na sociedade. Inicialmente, ele se prepara para seguir a carreira militar, inspirado nas memórias da era napoleônica, mas acaba sendo aconselhado a ingressar no seminário, uma vez que a carreira religiosa oferece maior estabilidade e prestígio na nova ordem restaurada após a queda de Napoleão.
Na trama ele se envolve em dois grandes casos amorosos. Primeiro, com Madame de Rênal, onde trabalha como tutor de seus filhos. Mais tarde, ele se apaixona por Mathilde de La Mole. Esses casos amorosos mostra um personagem dividido entre seus sentimentos pessoais (representados por suas paixões amorosas e sua admiração por Napoleão) e as expectativas sociais, que o forçam a seguir um caminho religioso e conservador.
"O Vermelho e o Negro" é um romance sobre ambição, amor, poder e a luta por ascensão social em um mundo que impõe realidades intransitáveis. Julien Sorel, representa a figura do homem comum que desafia seu destino, mas acaba sendo esmagado pelas forças que ele não consegue controlar. Com sua crítica social afiada e sua profunda exploração da psicologia humana, a obra permanece relevante e continua a ser estudada e admirada até hoje.

A obra escrita em 1830 é uma crítica social afiada e profunda que merece ser lida e admirada até os dias atuais.
Max 31/10/2024minha estante
Livro marcante! ?




Gilmar 08/11/2023

Stendhal me atravessou de uma forma que eu não esperava
Conheci esse livro através de resenha de booktube, mas, confesso, não havia me interessado o suficiente para ir atrás da leitura. Acabei encontrando-o, assim, numa geladeira literária em Canoa Quebrada. Logo iniciei a leitura e fiquei completamente vidrado. Certamente, ajuda muito se o leitor possuir contexto histórico, mas nada supera a trama do que o próprio protagonista. Julien Sorel é fascinante. Detestável e querido na mesma medida, eu fiquei fascinado pelo personagem. Preciso reler um dia!
Dayvid Simplicio 06/12/2023minha estante
Estou com ele na minha estante há 3 anos e nunca dei oportunidade. Mas agora eu quero?


Gilmar 07/12/2023minha estante
Pois eu recomendo muito. O livro é ótimo, gostei bastante!




tmgoncalves 02/05/2022

Intensidade, Ambição e Orgulho !!
Excelente obra clássica, superou totalmente minhas expectativas. Não à toa que Stendhal é considerado um dos maiores autores franceses, ao lado de Victor Hugo.
Com a narrativa ambientada após a Revolução Francesa, o livro relata a ascensão de Julien Sorel, um camponês que ganha espaço entre os maiores aristocratas através de sua inteligência, eloquência e simpatia. Habilidades essas que ganharam o coração da Sra. de Rênal e de Mathilde.
Já no estilo de escrita da obra, o autor soube construir detalhadamente a personalidade de cada personagem, bem como descrever a angústia, o sentimento e o ponto de vista de cada personagem diante do contexto histórico. Ademais, crédito a Stendhal, na forma de descrever os costumes da época, desde os bosques franceses como também os grandes salões dos jantares de gala.

Política, clero, orgulho, ousadia, amor, traição, vingança, classe social e julgamento estão entre os principais temas, que com certeza, vão prender a atenção do leitor !!
Patricia.Goncalves 04/05/2022minha estante
Já tá na minha listinha




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

O vermelho e o negro, Stendhal - Nota 8,5/10
Julien Sorel, protagonista da obra, nasceu em uma família pobre, na França pós napoleônica, mas com forte ambição de ascender socialmente. Para atingir seu objetivo, Julien opta pelo caminho da religião. Mesmo sem ter muita fé, a riqueza e a estrutura social da igreja aparentam ser uma forma de rápida de se livrar da pobreza em que vive. No entanto, o protagonista se depara com uma classe hipócrita e repleta de indivíduos que, a seu ver, não fariam jus à posição conquistada. Mas será que com o tempo, o próprio Julien não se tornará um desses aristocratas desprezíveis? A leitura é densa e profunda, chegando às vezes a ser cansativa. O livro, no entanto, é um clássico, muito bem escrito e que merece ser lido!

site: https://www.instagram.com/book.ster
BetoOliveira_autor 26/07/2020minha estante
Estou relendo a obra em comento. Ela traz uma profunda cítrica social, e como todo bom escrito francês, desce o pau na hipocrisia cristã. A forte ironia do Sthendal mecfez lembrar as novelas do Voltaire.
Inpressionante o desenvolvimento psicológico dos personagens, a capacidade observadora que o autor mostra ter sobre a alma humana. É, ao mesmo tempo, é uma leitura divertida, cheia da hipocrisia diária das convenções sociais, dos erros, das fofocas, das ambições e mesmo as mais comezinhos invejas.




spoiler visualizar
Carolina.Gomes 21/06/2022minha estante
Gostei, Kassio! Julien e Stendhal são incompreendidos.


Kássio Meniglim 22/06/2022minha estante
???




Bastos 28/06/2021

Fiquei um pouco decepcionado com esse livro, a história até que é boa e tem momentos sensacionais como o final por exemplo, mas também tem alguns capítulos que não levam a história a nada. Quando acabei o livro estava tão cansado dele que nem li as páginas finais sobre o autor.
Grande parte da minha decepção vem do fato de eu esperar um livro como O Conde de Monte Cristo, com salões de festas da nobreza e até um pouco de duelo, infelizmente não tem nada disso.
Talvez daqui algum tempo eu arrisque reler o livro e reconsidere minha resenha.
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Bel * Hygge Library 16/06/2021

O Vermelho e o Negro (Stendhal)
A obra foi publicada em 1830 e o autor teve, como uma de suas inspirações, o caso Berthet (1927). A história se passa no período da Restauração Monárquica Francesa e Napoleão já está no passado.

O personagem central é Julien Sorel, para quem a vida no interior da França não é algo suficiente. Entretanto, ele não tem nem nome nem riqueza para almejar algum prestígio na sociedade. E o caminho que ele escolhe para conquistar seu lugar é o caminho do clero. Ele é um homem com mais ambição do que fé, sendo a ambição a força que o impulsiona rumo aos seus objetivos, que, para dizer a verdade, não são tão claros assim. Entretanto, ele é refreado, muitas vezes, pela questão das classes sociais.

Julien torna-se preceptor dos filhos da família de Rênal. Entretanto, ele acaba tornando-se amante da sra. de Rênal, o que acaba gerando alguns problemas para ele e para a família. Com isso, para afastar-se deles e das fofocas, ele vai para um seminário onde, de início, não é bem aceito devido ao seu orgulho. Com isso, ele é enviado para ser um secretário do sr. de La Mole, onde conhece Mathilde, de quem torna-se amante também.

Por toda a jornada de Julien, Stendhal coloca uma riqueza psicológica incrível e critica a todos, não importa que sejam setores da sociedade com quem ele concorda ou não. Ninguém escapa de suas alfinetadas.

Em vários momentos, há monólogos interiores simplesmente sensacionais e, em tais momentos, a voz interior dos personagens se mistura de tal forma com a voz do narrador, que exige certo nível de atenção do leitor para diferenciar quando é o personagem e quando é o narrador, afinal, a transição de uma voz a outra é muito sutil e bem feita. O narrador está entre os meus personagens favoritos do livro. É um narrador onisciente, que interage com o leitor, dá a sua opinião sobre as atitudes das personagens e as julga. É magnífico!

Por fim, Julien Sorel, apesar de todo seu talento e esforço em suas empreitadas na ascensão social, ele acaba sendo vítima de suas próprias paixões e da hipocrisia que tanto cultivou.

site: https://www.instagram.com/hyggelibrary/
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Jean Bernard 17/08/2020

Ambição que cega, amor que ilumina!
Como pode um escritor conseguir unir reflexões psicológicas, filosóficas, políticas e históricas com tamanha maestria? Com inteligência e ironia.
Recomendo com forte ênfase a leitura das ?aventuras? de Julien Sorel. Um jovem ambicioso que faz tudo para alcançar seus objetivos.
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Luigi.Schinzari 28/08/2020

Algumas palavras sobre O Vermelho e o Negro
Os apaixonados por história possuem um sentimento em comum além de seu amor mútuo: cedo ou tarde, terão uma percepção de que vivem em um momento errado da cronologia humana. Queríamos ter conhecido grandes personagens influentes para nosso modo de visualizar a vida, como os pensadores gregos e latinos, ou gostaríamos de nos deliciar com o clima leve de épocas, aparentemente, melhores que a nossa como, por exemplo, a Belle Époque. O mote (um deles, pelo menos) do romance O Vermelho e o Negro (1830), do francês Henri-Marie Beyle (1783-1842), mais conhecido como Stendhal, é justamente esse anacronismo pessoal, focado no sentido pelo protagonista, Julien Sorel, e sua falta de pertencimento em relação ao momento em que vive e a sua admiração controversa pela figura de Napoleão, a época reprovável por uma França prestes a adentrar em mais uma revolução.

A história do jovem Julien, jovem descrente que estuda para se tornar um padre por conta das fronteiras que pode transpassar com sua posição religiosa, e aficionado pelo então falecido imperador corso em um momento em que sua atestar sua admiração por ele seria motivo de extrema reprovação social e como vai galgando posições dentro da sociedade (inspirado mas de modo diferente de sua inspiração, logo mais voltaremos a isso), por meios pragmáticos e muitas vezes calculistas, enquanto se envolve em romances, trabalhos e intrigas -- essa história é das mais conhecidas e reverenciadas que a França, celeiro de algum dos maiores clássicos, já nos proporcionou. Stendhal, autor tardiamente reconhecido, nos coloca em meio a uma confusão mental dentro não só da cabeça de seu protagonista. São contradições, hipocrisias, tiradas, ironia -- não a toa tratam O Vermelho e o Negrocomo o primeiro romance psicológico da literatura ocidental.

A maestria do escritor está não em ser capcioso e nos confundir em um emaranhado de pensamentos desconexos com o único e caprichoso intuito de demonstrar a complexidade de suas construções literárias; por cada página Stendhal narra uma linha de causas e consequências lógicas para aquele núcleo, e nos atém presos aos conflitos morais que eles possuem, principalmente nas figuras do supracitado Julien e suas duas musas, a Sra. De Rênal e Mathilde de La Mole. Julien, primeiramente, sente-se perdido em seu tempo: reconhece sua inteligência mas percebe que seria muito mais celebrado caso vivesse no período em que Napoleão governava, pois poderia utilizar sua mente para fins militares, sendo justamente por isso que resolve buscar na religião o meio de alcançar suas metas; já Mathilde sonha em viver um romance idealizado com alguém -- e este alguém vira (e não é) Julien, apenas pelo acaso -- aos moldes do vivenciado por Margarida de Navarra e seu antepassado Boniface de La Mole (figuras históricas e que serviram de inspiração para um livro de Alexandre Dumas); a Sra. de Rênal, por outro lado, sofre por conta de sua paixão adúltera pelo jovem Sorel, enquanto se martiriza por seu ato e por sua fé até o fim da obra. É este o cenário, imerso em tramas da aristocracia francesa e suas intrigas e personalidades fúteis e mesquinhas, por vezes, e nobres e autênticas por tantas outras.

Está posta a mesa para este banquete servido por Stendhal. Conhecendo o contexto, fica claro, mesmo não estando nos planos do autor -- pelo menos não sabemos se Stendhal era um vidente ou algo do tipo --, como estavam exaltados os ânimos dentro da França em seus momentos prévios a Revolução de 1830, que tratou de colocar Luís Felipe como Rei, chamado de Rei Burguês, um monarca, a princípio, com visões mais liberais. A maestria narrativa e a complexidade deliciosamente traçada e detida pelo autor de A Cartuxa de Parma, seu último romance, é uma aula de boa literatura. Pegamo-nos, ao fim da leitura, nos perguntando sobre dois temas tão díspares -- a verdadeira felicidade e a idolatria pelo passado -- mas que, no contexto, fazem tanto sentido estarem juntos tal qual a nuvem e o céu, que percebemos quão poderoso foi o livro lido.
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