anicca 17/02/2020
Publicado por volta de 1963 pelo inglês John Fowles, O Colecionador é um livro que incita reflexões sobre doenças mentais, papéis de gênero, classes sociais, parentalidade, preconceito, academicismo, violência, concepções de amor e tantos outros temas sobre os quais ainda hoje nos debruçamos enquanto sociedade. É atual e relevante e o recomendo 100%.
A história é contada através de dois pontos de vista, vítima e algoz, um artifício que aumenta a complexidade dos acontecimentos e dá à trama cores mais vibrantes. Por isso, entrar em contato com a subjetividade de ambos despertou em mim diferentes níveis de empatia e, ao mesmo tempo, ojeriza. Também me compeliu a confrontar minha própria postura ao ler e ponderar quais atitudes assumiria em diversos momentos da trama ? que remeteu a uma música: Polly, de Nirvana.
Sendo um romance psicológico, apresenta momentos terríveis, de tirar o fôlego; é como se fôssemos a presa e John, o predador. Porque os personagens tomam atitudes intragáveis, sofrem brutais impactos emocionais, têm personalidades difíceis, se arriscam e não necessariamente alcançam o que pretendiam obter. E o ponto principal é que meros detalhes poderiam ter transformado por completo a situação, isso não sai de minha cabeça.
Mas tanto Clegg quanto Miranda são produto da sociedade em que estão inseridos. Eles trazem em si as marcas do meio em que vivem, e é interessante como percebem seu entorno, como enfrentam a situação que os une, como combatem os demônios internos a persegui-los. São personagens terrivelmente humanos.