André Hausmann 19/11/2021
Aqui estamos no segundo volume das aventuras do famoso ladrão de casaca, e desta vez ele está envolvido, ou seria enrascado, com o destemido detetive inglês Herlock Sholmes. Sim, está escrito certo o nome do detetive que viaja para a França no intuito de resolver os roubos que acontecem nos dois contos desse livro, e cujo principal suspeito é sem sombra de dúvida é Lupin.
Antes de falar sobre as duas histórias, abrirei um parêntese sobre o problema do rival de Lupin. Maurice Leblanc era um grande fã do personagem criado de Sir Conan Doyle e dessa forma em uma de suas primeiras histórias, Sherlock Holmes Chega Tarde Demais, ele presta sua homenagem. Acontece que Conan Doyle não gostou muito da situação em virtude do que acontece quando os dois personagens se unem, e por isso abriu um processo contra Leblanc, que por fim alterou o nome de seu detetive quando fez a coletânea de contos que formam o primeiro livros dessa série. Uma alteração que não esconde nada a real intenção original. Le Blanc ainda usou Sholmes em outras histórias além desse segundo volume. E além de não ter ficado chateado com Conan Doyle, quando este faleceu, Leblanc lhe escreveu um texto em sua homenagem.
Voltando aos dois contos dessa publicação, A Mulher Loura e A Lâmpada Judaica; neles temos um Lupin mais sagaz, cheio de um humor ácido e até meio abusado, pois fica flertando com o perigo. Nos dois casos, Lupin tenta evitar o confronto, sem sucesso, e com isso temos um combate entre essas duas mentes brilhantes querendo um se antecipar aos movimentos do outro, no melhor estilo polícia e ladrão, ou mais específico, de gato e rato. O leitor acaba às vezes se perguntando, onde está Lupin?
Apesar das histórias bem escritas, em certos momentos o tom acaba indo para o lado cômico nessa batalha, em minha opinião, isso parece ocorrer porque no fundo Leblanc ficou magoado com a atitude Conan Doyle. Mas nada que estrague o prazer de ler o livro.