janresenhando 30/09/2024
Carrie White e sua vingança sangrenta.
Carrie é o primeiro livro do Stephen King, e o meu primeiro contato com a sua escrita. Desejei por muito tempo ler Carrie, por causa das suas adaptações cinematográficas. Eu já tinha ouvido falar sobre como ele se apega a detalhes que não são necessários e eu entendo agora, por exemplo, em Carrie, ele conta a vida do vocalista da banda gospel favorita de Margaret White, somente porque ela estava o escutando.
Além disso, Carrie tem uma narrativa que traz recortes de jornal, passagens do livro biográfico da personagem, Sue, e até artigos científicos, o que pessoalmente, quebrava muitas vezes o ritmo da leitura. Às vezes nem se mostravam realmente necessários, poucos foram importantes e interessantes. Ainda assim, a leitura não deixou de ser proveitosa.
Esta já é uma história conhecida, a pobre Carrie sofre um bullying pesado na escola até que descobre poderes sobrenaturais e no dia do baile, se vinga.
Diferente das suas adaptações, aqui, Carrie é uma garota gorda e sofre com piadas gordofobicas, o que trás um peso maior para a narrativa e até mesmo para a história que o King quer contar. É dito que ela veste roupas que não a valoriza, e vemos isso quando o seu corpo é descrito e está longe de ser nojento como dizem. O seu rosto é cheio de espinhas e acnes (mas ela só precisava parar de comer chocolate) Ela é um alvo fácil, todos tiram sarro dela, até os professores a desprezam. Desajeitada e refém de uma doutrina religiosa em casa, não havia salvação para Carrie.
O livro é conduzido pela relação problemática entre mãe e filha. Margaret é fanática religiosa e Carrie, a sua fiel seguidora, está cansada de ser obediente. Sobretudo, ela deseja ser normal. Acho que se Margaret não fosse tão louca, as coisas talvez tivessem dado certo para Carrie. Ela é o catalisador de todas as tragédias que aconteceram, tudo começou pela sua obsessão pelo pecado, pela salvação, pelo Diabo e Deus.
No decorrer dos capítulos, o passado da mulher é revelado. Descobrimos muita coisa sobre ela e Ralph, pai de Carrie, que apesar das teorias sobre ele ser o próprio demônio, ele não passava de um homem comum.
Certa noite, Ralph bebe e toma a esposa a força. Carrie nasce, embora sua mãe quisesse mata-la. Esse desejo é constante, Ralph até salva Carrie bebê de ser morta pela sua mãe. Ela viu a menina levitar uma mamadeira e jurou que era o diabo. Margaret sempre soube do dom da filha, herdado pela sua avó materna, irônico, né ? O filme de 2013 nos revela isso.
Os outros personagens não tem muito aprofundamento. A gente vê um pouco do relacionamento tóxico entre Billy e Chris, os dois sujeitos que tramam contra Carrie no fatídico baile e nada mais. Sue e Tommy, quase os mocinhos da história, são o que os filmes mostraram, nada além daquilo.
A minha maior decepção com o livro é a cena do baile. Após o sangue ser derramado, Carrie foge, mas volta, decidida a não ser mais só a vítima e põe sua vingança em curso. Porém, ela faz e vê tudo acontecer atrás da janelinha da porta da quadra de esportes. Eu acho que eu tinha muita expectativas por causa dos filmes. Erro meu, talvez?
Dito isso, o remake de 2013 segue sendo o meu favorito, acho que fora o mais fiel e trouxe algumas adições que não houve nos outros. Enquanto eu lia, eu só visualizava ele na mente. A Carrie da Chloë Moretz, exceto a aparência(assim como toda atriz escalada anteriormente) claro, é a melhor personificação da personagem. O jeito delicado, a inocência, a curiosidade sobre o poder, o novo sentimento de potência e, com certeza, o desejo desesperado de se encaixar, estão ali. E digo mais, a Carrie voa sim!
Houveram cenas que eu gostaria muito de ter visto nas telas, como a Carrie dizendo que a mãe chupa e fode. Ela dizendo que foi até a mãe para matá-la, a própria a esperava voltar para casa para matá-la também. Ela indo atrás de Billy e Chris no Cavalier com uma faca cravada nas costas. E também deixar evidente o quão catastrófico fora a noite do baile. Carrie destruiu toda uma cidade! Vemos um pouco disso no remake de 2013, mas, deveriam ter ido mais afundo nisso.
Enfim, essas foram as minhas considerações.