Daniel 28/10/2017
Pouca saúde muita saúva, os males do Brasil são
Preguiçoso, covarde, feio, mentiroso, mulherengo: assim é Macunaima, o herói da gente brasileira. Que outras características poderia ter? Não, essa não é pergunta depreciativa. Macunaima é, no melhor e no pior dos casos, a representação fiel do espírito do povo brasileiro.
Combinando lendas indígenas, mitos africanos, costumes caipiras e reflexos da sociedade paulistana.na década de 20, Mário de Andrade procurou apreender nessa obra, que ele prefere chamar de rapsódia ao invés de romance, toda a multiplicidade de um Brasil que é pré -cabralino, colonial, imperial e moderno. Tudo ao mesmo tempo. Por isso, é impossível traçar um corte temporal para a história: ela acontece em todas as épocas.
O absurdo permeia a obra do início ao fim. Com certa influência Surrealista, situações fantásticas, inverossímeis e surpreendentes saltam aos olhos do leitor a cada página. Seres humanos que se transformam em bichos, bichos que viram objetos, objetos que viram gente, gigantes peruanos que comem gente e vivem em casaroes de luxo em São Paulo, escritores modernistas que fazem macumba e toda sorte de seres lendários e superstições populares que povoam o folclore nacional. Tudo isso numa miscelânea alegre, satírica, coberta de irreverência, que nos faz soltar boas risadas a cada capítulo.
A linguagem, bastante inovadora, saltando virgulas, utilizando termos indígenas e falas regionais, serve como complemento ao aspecto nacionalista e criativo da obra.
Um dos grandes tesouros da literatura brasileira. Super recomendo!