Andre.Pithon 18/09/2022
Bingo de Fantasia/Sci-fi do Reddit (um absurdo eu poder usar esse livro pra isso KKKKKKKKK)
3.1 - Nome do protagonista no título
Literalmente um shitpost. Uma grande piada. Um meme que Mário de Andrade escreveu em um fim de semana de tédio para trollar romances indianistas.
E maravilha, eu também não sou um fã de romances indianistas, eca José de Alencar, e aprecio umas boas piadas. Um dos meus gêneros preferidos são shitposts desnecessariamente longos e intrincados nas profundezas do reddit. Já escrevi uns absurdos parodiando os estilos da comunidade na qual costumava escrever. Mas por melhor que seja uma piada, quanto mais ela se estende, e enrola, e se repete, menos graça ela tem. E esse livro não é nada mais que repetição.
Macunaíma corre por aí. Faz alguma merda. Escapa de alguma figura mitológica genérica. Transa com alguém. Dorme, sempre reclamando da preguiça. Herói sem nenhum caráter e sem nenhum entretenimento também. Dezenas de episódios que não levam a nada, que se repetem e repetem, e que não apenas não são melhorados pela linguagem mitológica e oral proposta, mas começa a cansar na enrolação.
E na boa onda modernista, puxando influência do surrealismo e outras vanguardas, nada faz sentido nenhum. Causa e consequência colapsam, Macunaíma morre umas três vezes e fodasse, precisa só alguém dar uma chacoalhada no cadáver e tá tudo bem, eventos se sucedem aleatoriamente, os fios narrativos são fracos. Nah. Fracos seria um elogio, eles são quase inexistentes.
A trama principal é a saga do protagonista indo para São Paulo para se vingar do gigante Venceslau que roubou uma bugiganga da antiga esposa morta de Macunaíma, e é tudo resolvido subitamente quando ele chega andando na casa do maluco, convence ele a subir num balanço cheio de espinhos só enchendo o saco, o gigante se corta todo e depois cai numa panela de macarrão fervendo onde morre. Muito legal. São realmente momentos bem planejados, com profundidade dos personagens, com diálogos bem construídos, não só um mesmo cara repetindo a mesma encheção de linguiça até o gigante escolher o suicídio por não aguentar mais fazer parte desse livro.
E tudo bem, replicar linguagem oral, tradição cultural, blah blah blah.
Fábulas e contos orais funcionam ao redor da fogueira, com expressão, com o benefício da atuação e enunciação, mais rápidas e empolgantes. Não com centenas de páginas dos mesmos absurdos sem sentido.
Talvez eu devesse dar uma estrela a mais e respeitar o valor literário disso.
Mas nah.
É um meme e será tratado como um meme.