Osório 09/03/2021
Eu amei esse livro, é bem engraçado, algumas partes, percebe-se que foram inspiração para o Auto da Compadecida, as críticas sociais são muito incisivas, mas que fazem refletir.
Primeiro, a crítica da transformação de Macunaíma, de um preto retinto a um europeu dos olhos azuis e cabelos loiros, com um banho na cachoeira mágica, onde é como se sua cor representasse uma sujeira e sua felicidade demonstra a sua vontade de ser branco para ser aceito, tido como bonito.
O estereótipo do brasileiro através da figura do herói, tido como trapaceiro e preguiçoso, onde fazia de tudo para se dar bem as custas dos outros.
Como minha pesquisa e área de estudo é voltada para a História da Saúde e das Doenças, sempre que tenho oportunidade de analisar algum livro por esse viés, eu tô achando ótimo. Dessa forma, algumas passagens retratam muito bem essas péssimas condições de higiene e salubridade, as doenças transmissíveis em grau elevado, tanto que o herói na primeira noite em São Paulo já contrai "sapinho". Mais adiante, doenças como lepra, zamparina, impaludismo e doença de Chagas são citadas. É frequente ver Macunaíma falando "POUCA SAÚDE E MUITA SAÚVA, OS MALES DO BRASIL SÃO", ressaltando ainda mais esse caráter epidêmico da época.