Carlos.Eduardo 14/10/2024
Pouca saúde, muita saúva, os males do Brasil são.
Macunaíma é um livro difícil. Não deixa de ser bom, mas em muitos momentos pena por ser muito truncado. O que não diminui a criatividade de sua forma e de sua trama e a importância de suas linhas.
Macunaíma, um anti-herói à brasileira: folgado, covarde, lascivo, invejoso, preguiçoso e aproveitador; ao mesmo tempo corajoso, divertido, irreverente, inventivo e sagaz. O herói sem nenhum caráter, de fato: tanto pelos defeitos que fogem do tipo padrão de herói, quanto por não ter um caráter definido, tal qual uma criança. A personificação perfeita de uma república, na altura da publicação da obra, ainda praticamente na infância. Uma povo sem identidade e um herói sem caráter.
A leitura não é das mais fáceis, tampouco das mais prazeirosas, mas ainda assim vale a pena pela inventividade de sua trama. A cama de gato construída por Mário de Andrade se mostra uma visão interessante de um Brasil que não sabia onde estava e, quase cem anos depois, ainda não sabe para onde vai.