spoiler visualizarDaniel.Ribeiro 12/07/2020
Uma visão sobre um herói sem caráter (contém spoiler)
Muito pode se dizer desta obra de Mário de Andrade. Criado como um marco do Modernismo, nesta obra pode-se elencar diversos fatores.
No capitulo VI, podemos encontrar a narrativa entre Macunaíma e seus irmãos, Maanape e Jiguê, em que quando já estavam em São Paulo, um dos irmãos gostava muito de café e o outro de dormir. Macunaíma então faz um feitiço para quando um for tomar café, e o outro quando for para a cama dormir, aos acontecimentos destes fatos, os irmãos procuravam uma maneira de ‘fazer mandinga’ com Macunaíma também, onde eles transformaram um tijolo em uma bola de couro, e assim o narrador evidencia com esses fatos que foi a criação do futebol.
Outro fato acontece no capítulo VIII, o herói andava faminto e tombou com uma árvore enfeitiçada, Macunaíma pediu alimento e a árvore não cedeu, e, usando de sua artimanha ele fez com que muitas frutas caíssem e ele se alimentasse. Com seu furor a árvore se vingou lançando o herói para muito longe onde ele bateu a cabeça e ficou desacordado, um urubu precisava fazer as suas necessidades, e as fez em cima do herói. Quando acordou, ele estava todo sujo, pediu ajuda para uma entidade, e vendo a imundície de Macunaíma disse: ‘Vá tomar banho’, onde assim surgiu a origem da expressão.
Assim que recuperaram a Muiraquitã, Macunaíma e seus irmãos retornam para sua terra, o Uraricoera, onde todos da tribo os esperavam. Muitas aventuras ainda os esperavam, e em uma delas acontece uma desavença em questão de mais uma das brincadeiras de Macunaíma com seus irmãos, que se esforçavam para manter a aldeia se alimentando, enquanto Macunaíma, o herói da história, tenta ficar com a fama. Nesse desentendimento os irmãos, uma maldição feita por Macunaíma devora Maanape e Jiguê, e Macunaíma foge. Em sua solidão, Macunaíma tenta esquecer o mal que fez aos irmãos, onde procura novas aventuras, e nisso aparece um ser que acaba com todos os seus pertences. Desgostoso com mais esta perda, Macunaíma decide virar uma estrela.
O fato heroico no final revela que, como em cada epopeia, o herói se sacrifica para ficar registrado na memória, pois durante o tempo restante na aldeia ele conta todos os fatos da sua vida para um papagaio, que conta essa história para um humano que foi visitar a aldeia, e se tratava do narrador da história. As aventuras do herói sem caráter, do individuo sem escrúpulo, não se trata de um fato heroico em si, e também das grandes realizações de um grande feito, mas sim, de uma espécie de lei de Talião: ‘olho por olho’; é bem verdade que Macunaíma só fazia certas ações para seu próprio benefício, e não se importava com suas ações, sempre se safava. No entanto, o autor trouxe não um desfecho heroico para o final, como se vê nas epopeias gregas, trouxe um fim amargo, mas que pela posição do herói Macunaíma, uma história que seria contada onde seu fim seria lembrado, não pelas suas realizações, e sim por sem um herói sem caráter.