Macunaíma

Macunaíma Mário de Andrade
Angelo Abu




Resenhas - Macunaíma


949 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Clio0 18/10/2024

Descrevi essa obra outro dia com a expressão "samba do criolo doido" e alguém me disse não se usa mais isso - que é politicamente incorreto. Tive vontade de rir.

O que pode ser mais politicamente incorreto que o heroi sem caráter de Mário de Andrade?

Nessa mistura de lendas indígenas e crítica social, Andrade tece a realidade de Macunaíma cujo único preceito ético parece ser a Lei de Gerson (ou a lei da vantagem). Em pouco menos de duzentas páginas, o personagem rouba, mata, mente, trai e destroi coisas e pessoas com um único objetivo: a satisfação pessoal.

Deixo aqui a carapuça para quem servir.

Recomendo.
comentários(0)comente



Krishnamurti 25/12/2020

MENSAGEM DE UM ESCRITOR BRASILEIRO: QUE VENHA 2021!
Por Krishnamurti Góes dos Anjos

Nos últimos 20 anos dediquei-me a, não só produzir literatura de ficção, como a divulgar, dentro das minhas modestas possibilidades, a literatura feita atualmente no Brasil, e que, diga-se, nada deve em qualidade a outras praticadas no mundo hoje.

Escrevi 9 livros (5 de contos, 2 romances, 1 de crítica literária e 1 de história da Literatura baiana). Colaborei assinando textos de Prefácio (ou orelhas, ou ainda 4ª capa), para 18 autores. Escrevi ainda textos críticos para outras 279 obras de autores brasileiros, textos esses veiculados em Redes Sociais, jornais e revistas impressos ou eletrônicos. Quanto a textos meus (crônicas, contos e ensaios) publicados em coletâneas, antologias e outras publicações, no Brasil e no exterior... Sinceramente já perdi a conta.

Não existe na divulgação desses números, qualquer exibicionismo literário. Cito-os apenas para reafirmar que acredito firmemente, e cada dia mais me convenço, que aqueles que produzem Cultura devem empunhar a bandeira da divulgação do que é produzido aqui. Imprescindível assumir um tal compromisso em um país como o nosso, de tão graves deficiências. Esta foi também a maneira que encontrei para contribuir de modo mais efetivo para aquele ideal tão almejado por gerações e gerações de escritores que nos antecederam, de que tenhamos um dia, um país melhor, mais justo e mais humano. Liberto da situação em que nos encontramos de miséria, insegurança, desgoverno e criminalidade desenfreada. Transbordando de intolerâncias e estéreis divisões. Quem há de negar que tais objetivos a alcançar não passam pelo crivo da educação e da cultura? Acrescento ainda; para que as novas gerações conheçam o que se produz aqui, e não estejam à mercê desse bombardeio de obras e autores de certos quadrantes, imposto por interesses outros, e que em última instância, acabam contribuindo ardilosamente para a eternização de outra colonização cultural, via entretenimento recheado de violentas emoções e sexualidade desregrada como temos assistido passivamente, e que segue exclusivamente a tal lógica do hedonismo dominante. A lógica brutal que garante ‘lucros’ de poucos, e condicionamento mental de tantos. Sei, sei bem que é problema complexo, e de difícil solução. Mas isto não invalida os primeiros passos para mudarmos, e que a meu ver passa sim, pelo que acabei de escrever acima.

Reza a lenda, que Simón Bolívar (1783-1830), teria dito que: “um povo ignorante é instrumento cego da sua própria destruição”. De quando (?) ele teria dito isto para cá, o mundo mudou muito, mudou demais. O que não anula àquela verdade enunciada por Bolívar. Todavia a ignorância, convenhamos, tem várias nuances – e me dou conta com muita tristeza, de que falo à pequena parcela de nossa população apta a ler e compreender plenamente esse texto... Precisamos mais do que nunca, perceber em nossos horizontes as sutis subjetividades de nossa época. Estarmos atentos à essa espiral de ilusões que nos arrasta na Babel de interesses e discórdias de línguas. A arca de Noé hoje impõe à bicharada, grave impositivo de DISCERNIMENTO. O trabalho de cada um para a consecução de objetivos coletivos, sobretudo dos que trabalham com a cultura, faz lembrar, de alguma sorte, aquele verso do Drummond “Uma flor nasceu na rua! Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”, pensemos nisto com profundidade, e que venha 2021.
Gorick 31/03/2023minha estante
Achei ótima sua resenha ?. Parabéns pela carreira tbm, aspiro a ser um autor tbm e imagino que seja muito difícil.


India (2023) 04/05/2023minha estante
Que ?




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Anica 31/01/2010

Macunaíma (Mário de Andrade)
Quando li Macunaíma pela primeira vez, acho que estava nas mesmas condições de temperatura e pressão (hehe) que muita gente que leu Macunaíma pela primeira (e única) vez. Estudante perto do vestibular, com literatura brasileira enfiada goela abaixo e portanto um leve preconceito sobre algo que não me permitiam conhecer sozinha, no meu tempo. Conclusão? Achei um saco. Só parei de torcer o nariz para o nome de Mario de Andrade depois de conhecer a brilhante coletânea de crônicas chamada Os Filhos da Candinha (fica a sugestão aí).

E então que eu resolvi dar uma segunda chance e que surpresa ahn. Adorei Macunaíma. Devorei o livro nas horas que tinha livre e depois ainda fiquei pensando nele, saboreando alguns momentos e pensando em como deveria ter sido legal conversar com o Mário de Andrade, há.

Macunaíma é livro para ler esquecendo da realidade. Você faz um pacto com o narrador quando passa os olhos na primeira página: não importa mais o que eu considero real, vou acreditar no que é dito aqui. É um acordo parecido com o que um fã de Tolkien faz ao abrir O Senhor dos Anéis: ele não vai ficar pensando “Pftt, elfos não existem!”, “Bah, anéis do poder, que bobagem!”. O que pode ser complicado para o leitor para romper com a a noção de realidade que ele tem é que Macunaíma é uma fantasia, mas ainda assim busca elementos reais combinando com o nonsense. Digamos que é quase o que Douglas Adams faz em O Guia do Mochileiro das Galáxias, mas sem o sci-fi.

E é óbvio que com o nonsense vem muito de humor também. Como a invenção do futebol, ou o plano para ir para a Europa (virar pianista e pedir pensão do Governo, hehe). O engraçado é que assim como acontece em Os Filhos da Candinha, a obra é de uma atualidade assombrosa, não só no enredo, mas nos recursos que Mário usa para escrever. A narrativa é predominantemente marcada com tons de oralidade, como se alguém estivesse contando sobre lendas indígenas para um grupo de pessoas. A única excessão é uma carta escrita por Macunaíma, que segue um tom de alguém que tenta soar formal.

Mas o legal mesmo é que ao romper com o real, Mário também quebra a noção de geografia do Brasil. Nós sempre vemos tudo em pedaços, como se nosso país fosse um monte de pequenos países, cada qual com suas características: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná… Macunaíma quebra essa imagem quando o herói segue de um lado para outro como quem atravessa uma rua. Tudo é Brasil. E o próprio autor explica como faz isso:

"Um dos meus interesses foi desrespeitar lendariamente a geografia e a fauna e flora geográficas. Assim desregionalizava o mais possível a criação ao mesmo tempo que conseguia o mérito de conceber um Brasil como entidade homogênea – um conceito étnico nacional e geográfico."¹

Não é por mero ufanismo que a obra merece ser lida. Mereceria mesmo que fosse algo relacionado com lendas australianas, japonesas ou mexicanas. O que vale a pena mesmo é atentar ao fato de como um escritor do início do século passado conseguiu dar conta de algo que muitos ditos “modernos” simplesmente não conseguem: inovar, manter-se atual mesmo com o passar dos tempos, e tudo isso sem perder o senso de humor.

¹ANDRADE, Mario de Macunaíma: O herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008. pg. 220
Silsame 12/05/2012minha estante
preciso ler esse livro pra escola agora.
sua crítica me deu mais vontade de ler ainda.
obrigada


Gabriela 22/09/2012minha estante
Ótima resenha!


Saulo 21/10/2012minha estante
Adorei sua resenha!


Ane 08/10/2013minha estante
Adorei! Acabei de ler o livro e achei muito interessante ler sua observação. Também achei um saco na primeira vez que li haha ^^


helmalu 18/08/2014minha estante
Acabei de ler- pela 1ª vez- e sua resenha clareou bastante as minhas ideias.


Galadhrim 28/07/2018minha estante
Comecei a ler agora e estava achando estranho, mas sua resenha me fez ver com outros olhos. Obrigado!




Ana Sá 11/05/2023

"Macunaíma" é um livro curto, mas não é mole não!
Vocês conhecem a história da leitura com as baleias?

Uma vez, eu estava tendo muita dificuldade com a leitura de um livro, então uma amiga me disse: "Ana, certas leituras são como observar baleias. A gente fica lá, sentada em frente a um oceano onde nada acontece. Até que, de repente, salta uma baleia! Com alguns livros é assim: apenas uma ou outra ideia se mostrará bem evidente, mas muitas vezes elas fazem valer toda a experiência".

Eu gosto dessa história porque ela mudou a minha relação com livros desafiadores, e é verdade que "Macunaíma" foi para mim um livro desafiador. Entretanto, não seria justo afirmar que ler "Macunaíma" foi como observar baleias. Não! Primeiro porque é mais coerente falarmos em boto-cor-de-rosa, nativo da Amazônia, do que em baleias. Segundo porque esses botos que vemos saltar do livro Mário de Andrade não são raros. Eles são muitos! Então é como se a gente estivesse lá, na expectativa de observar a calmaria do rio, quando, prontamente, muitos botos sequencialmente desordenados não parassem de surgir! E vocês já viram um boto? Ele é sedutor, brincalhão e engraçado? São como "Macunaíma"! Um livro recheado de um mar de botos que bagunçam tudo, mas que nem por isso deixam de nos arrancar o riso!

Leyla Perrone-Moisés falou e disse: em Mário de Andrade temos uma obra não sobre "identidade", mas sobre uma "entidade" nacional. É realmente impressionante o quanto cabe de Brasis nas poucas páginas de ?Macunaíma?.

Na minha opinião, "Macunaíma" quase que é um livro mais para ser estudado do que lido. São tantas as dúvidas que saltam a cada página. São variados os elementos linguísticos, culturais, históricos e geográficos que nos escapam durante a leitura. Outros tantos são os pontos que nos causam curiosidade de aprofundamento e de debate (por exemplo, que leitura podemos fazer hoje do capítulo da macumba?). Uma edição com notas explicativas pode ser interessante para quem quer sair do livro com mais respostas do que perguntas.

Mas também na minha opinião, justamente por causa de tudo que listei acima, paradoxalmente "Macunaíma" é um livro sobretudo para ser lido, dessa leitura livre e anárquica! Esta é sim a obra de "um intelectual para intelectuais", como alguns defendem, mas cabe lembrar que Mário de Andrade fala de um Brasil real desafiando qualquer fio de realidade. "Fantástico", "Nonsense", "Surrealismo", "Fantasia", "Mito", "Folclore"... misture um pouco de tudo que você já viu em narrativas nacionais, de heróis e em romances de aventura e aceite que um gigante ou que uma espécie de piscina de macarrão simplesmente podem fazer sentido em São Paulo!

É curioso...
Esta narrativa mítica, mística, satírica, sarcástica, caricata, irônica, nos exige demais, mas nos entrega a leveza de boas risadas e de ótimas estórias! É tudo tão deliciosamente dinâmico no livro que mais de uma vez eu tive a sensação de "Nossa, eu já não tô entendendo como o Macunaíma chegou aí, eu não sei o significado de umas dez palavras desta página, mas isso tá engraçado demais!". Se a leitora aceitar que, mesmo perdendo, haverá qualquer coisa a ganhar ao abraçar esse herói sem nenhum caráter, a diversão virá!

Há livros que não semeiam memórias em nós. Esses passam e não deixam frutos. Há outros que, ao contrário, tatuam os detalhes das personagens e/ou do enredo na nossa mente para sempre. A meu ver, "Macunaíma" não é nem um, nem outro. Emprestando de Leyla Perrone-Moisés um dos sentidos possíveis da palavra "entidade", vejo "Macunaíma" como uma experiência transcendental. Ele se apossa de nós já nas páginas iniciais e depois o que nos resta é uma espécie de memória onírica dessa viagem. Eu tive um pouco de dificuldade com a leitura, então não conseguiria, de pronto, recontá-la de forma linear e coesa (mesmo com tudo que eu já sabia previamente sobre a obra!). Por outro lado, tenho na ponta de língua o que vi-senti-imaginei-inventei em cada passagem do livro. Minhas lembranças parecem ter estacionado mais no plano da emoção do que da cognição. Depois de aprender a ler com a baleias, agora eu também sei ler junto ao ritmo frenético dos botos. Recomendo o passeio!
Flávia Menezes 11/05/2023minha estante
Excelente resenha, Ana!
Eu tenho muuuita dificuldade com esse tipo de literatura por não me identificar, mas acho muito gostoso ler uma opinião assim, porque motiva as pessoas a ler sobre um personagem que traz uma marca do nosso país. Então? mais uma vez?meus parabéns pela resenha incrível e tão cheia de associações que facilitam ao leitor compreender onde seu pensamento quer nos levar.


Pablo Paz 11/05/2023minha estante
Amo essa obra.


Pablo Paz 11/05/2023minha estante
Amo essa obra; se puderes assista ao filme também. Não dá para saber qual é melhor...


Paloma 12/05/2023minha estante
???? é esse tipo de resenha que me faz querer ler esse tipo de livro. Sobre como experiência certos tipos de leitura. ??????


Ana Sá 12/05/2023minha estante
Obrigada, Flávia e Paloma!??

Eu quis ressaltar o lado divertido da obra porque costumam frisar ou seu viés intelectual ou a dificuldade de leitura... E, sei lá, a meu ver, as risadas que damos com Macunaíma também merecem ser exaltadas ecreconhecidas!! rsrs


Ana Sá 12/05/2023minha estante
Oi, Pablo!! Eu assisti o filme há muitos anos, mas já estou pronta pra assistir de novo! Vou aproveitar muito mais agora... Foi curioso perceber que nem o filme, nem palestras etc me preparam pra Macunaíma. A experiência continuou sendo única! Eu sei que adaptações, fortuna crítica etc não substituem a leitura, mas fiquei surpresa em ver como tudo, até aquilo que eu esperava, pareceu totalmente inédito!

Aproveitando: tenho sentido falta das suas resenhas! rs


Stella F.. 12/05/2023minha estante
muito boa!


Pablo Paz 12/05/2023minha estante
E eu sentido falta do seu segundo livro, ahahah...


DIRCE18 15/05/2023minha estante
Gostaria de compartilhar dessa sua sensação inebriante. Abandonei-o logo nas primeiras páginas e nem penso em revisitá-lo.


JurúMontalvao 18/05/2023minha estante
Tô lendo ainda...




dani 29/12/2021

"Ai! que preguiça!..."
Cuidado! Este livro contém altíssimas doses de sarcasmo e humor ácido. Mário de Andrade não poupou esforços para criar um herói às avessas que esteja à altura do povo brasileiro.

O autor modernista revisita e reinventa lendas populares e passagens históricas. Não vou negar que fracassei em compreender a maioria das referências usadas. Em boa parte do livro, senti que perdi a piada.

Se um dia eu decidir revisitar esta obra, vou precisar de uma boa edição comentada para desvendar todas as referências. Mas só de pensar em reler esta obra, já me sinto como Macunaíma: "Ai! que preguiça!..."
Joao 29/12/2021minha estante
Essa foi uma das obras que me venceu hehehe. Mas ainda voltarei a ela.
Já "Amar, verbo intransitivo", eu adoro.


dani 29/12/2021minha estante
João, não sei se vou ter ânimo para uma releitura ?
Vou dar uma olhada nesse outro livro do Mário, quero conhecer mais a obra dele.


Ferferferfer 29/12/2021minha estante
Tenho essa mesma impressão. Ainda não o li, mas sinto que vou precisar de uma edição com referências.


dani 29/12/2021minha estante
Fernanda, me recomendaram a edição da Ubu. Além de ser bonita, parece bem completa mesmo.


Joao 30/12/2021minha estante
Dani, eu fraquejei com Macunaíma e foi ler esse outro meio que sem ânimo e me surpreendi bastante. Recomendo também os volumes de contos. Gostei dele como contista.


Nati 30/12/2021minha estante
Anos atrás prometi para mim que voltaria a tentar ler esse livro, mas ainda estou com preguiça.




Marcela115 03/01/2024

Macunaíma
Oi
Esse livro é meu pesadelo

Quer dizer, não é exatamente meu pesadelo.

Mas, sinceramente, que livro sinistro, né?
A mistura de alguns contos com a imaginação fértil, até demais, do autor fez com que cenas um tanto assustadoras se formassem.

Como eu já disse, é preferível ler um resumo que algum desconhecido postou na internet. Pelo bem da sua saúde mental.
Mas, assim, caso queiram arriscar, desejo-lhes boa sorte!

Bjs
Amanda 03/01/2024minha estante
tenho mt receio de ler esse livro, sério msm


zxsaturno 03/01/2024minha estante
Só por que eu queria tanto ler... ?


ephemelis 03/01/2024minha estante
amigo(a), eu li em leitura conjunta com Tati do Vá Ler Um Livro e gostei até


Marcela115 03/01/2024minha estante
Pse, eu msm achei umas cenas mto grotescas. O autor só teve o cuidado de colocar palavras pra suavizar, mas fica explícito o que a cena representa, o livro todo é assim, um eufemismo.


Marcela115 03/01/2024minha estante
Se vc gostou da sinopse, tenta ler uai. Eu não gostei, mas talvez você goste! Acho que comigo a questão que mais influenciou foi a maturidade, que eu não tinha, pra ler


Marcela115 03/01/2024minha estante
Sério? Que legal!! Vou procurar dps. Eu também lia com uma aba na internet aberta num site que a pessoa interpretava cada capítulo, me ajudava bastante




Xuxu 01/03/2022

Conhecendo o herói
Agora, aos 24 anos, foi quando fiz minha primeira leitura de Macunaíma. Durante a escola conheci poucos dos nossos clássicos nacionais, e esse foi um dos que ficou pra depois. Não me arrependo disso, pois acredito que se tivesse lido na adolescência, não teria uma experiência tão boa assim.

Macunaíma é um menino indígena que nasce do medo da noite e já na infância era diferente dos outros. Aos poucos, vai se transformando no herói da história, conquistando todas as ?cunhatãs?, perseguindo e brigando com todas as criaturas e deuses da mata. Tem como marca registrada sua preguiça e falta de caráter, o que fazem dele um herói que não é amado por todos, e sim odiado.

A grande riqueza desse livro, na minha opinião, é vermos diversos traços do folclore brasileiro, os quais conhecemos muitas vezes por histórias contadas durante a infância ou na escola, escritos numa linguagem em alguns momentos erudita (até demais) e em outros cheia de gírias e palavreados indígenas conhecidos pelo povo.

Tudo isso é contado de uma maneira tão envolvente, que apesar de haver diversas notas de roda pé com explicações minuciosas, você entende a história e se vê achando graça das façanhas de Macunaíma mesmo sem lê-las.

Confesso que fui pra essa leitura sem saber nada a respeito e ela me surpreendeu e ganhou meu coração. Se você ainda não conhece o herói sem nenhum caráter, recomendo muito a edição da Antofágica, riquíssima em detalhes e ilustrações que deixam o leitor mais instigado ainda para acompanhar as aventuras escritas por Mário de Andrade.
Francis Juliana 01/03/2022minha estante
Eu assisti o filme muito nova e nao gostei. Hoje ja adulta me deu vontade de voltar na história, agora com essa resenha fiquei com mais vontade. Viva a literatura Brasileira.


Xuxu 01/03/2022minha estante
Eu nunca assisti o filme! Vou procurar depois. Mas recomendo demais a leitura, apesar de ter muitas palavras ?desconhecidas?, a história é uma delícia, muito divertida!




Andre.28 28/04/2020

Uma Salada de Generalizações Brasileiras (Resenha Osmose Literária)
Gente, como essa resenha tem altos índices de temperatura e pressão, além de sentimentos de profunda chateação na leitura eu decidi deixar ela exclusivamente no Blog. Eu realmente estou chateado com esse livro. Tentei respirar no momento de fazer essa resenha, porém foi difícil não expressar minha insatisfação. Bom, é isso.

https://osmoseliteraria.blogspot.com/2020/04/uma-salada-de-generalizacoes-brasileiras.html
Andre.28 28/04/2020minha estante
Brasileiras* (odeio o corretor




Henrique 13/01/2024

Macunaíma
Quando entendi que a história não era lógica e que os acontecimentos eram realmente absurdos, a leitura se tornou muito mais prazerosa.
Além disso, acompanhar um podcast sobre o livro me ajudou a compreender melhor a história.
talinda â­ 13/01/2024minha estante
Oii, criei um Instagram pra falar sobre livros, caso tenha interesse o nome é tatareadingg


Gabi 17/01/2024minha estante
qual podcast você ouviu?




Leila de Carvalho e Gonçalves 12/02/2022

Ícone Da Modernidade
Quando comecei a ler o texto do Antônio Fagundes, que abre o livro, eu sorri. Um sinal de reconhecimento pois ainda adolescentes, fôramos seduzidos por Macunaíma e não duvido que esse seja, ou será o seu caso. Aliás, uma reação bastante frequente a um livro original que ousa explicar de maneira divertida porque nós, brasileiros, somos o que somos.

No Posfácio, Tom Zé revela ter compartilhado o mesmo fascínio durante a juventude e sugestivamente define Macunaíma como ?uma sucessão de fábulas com dois personagens centrais: um herói sem nenhum caráter e a fala brasileira?. ?Uma riqueza literária? que ironicamente desenha o retrato de nossa gente, sem ?edificar moral?. ?Mário de Andrade não é La Fontaine. Não prescreve.? Cabe ao leitor, após a leitura, prescrevê-la.

Uma leitura de aproximadamente 300 páginas que, reza a lenda, foram escritas em apenas seis dias, no final de 1926, quando o escritor estava de férias na chácara da família em Araraquara. Porém, o professor de literatura Frederico Coelho revela na Fortuna Crítica que o manuscrito passou por diversas mudanças até ser publicado dois anos depois. O próprio Mário, em cartas da época e nos dois prefácios do livro que escreveu e abandonou, comentou a respeito e ainda trouxe à luz um detalhe curioso: apenas dois capítulos são ?de sua lavra?; os restantes foram baseados em lendas de povos indígenas do norte da Amazonia, publicadas no livro Von Roraima Zum Orinoco do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg.

Outra singularidade da narrativa é a dificuldade de enquadrá-la num único gênero. Apenas em 1937, o autor deu seu veredicto: Macunaíma é uma ?rapsódia?, ?um termo do campo musical, usado para designar obras instrumentais de inspiração folclórica com liberdade de forma e modulação?. Uma liberdade cujo o propósito é tornar o Brasil ?um espaço fluido sem fronteiras?, isto é, ?desrespeitar lendariamente a geografia?, ?desregionalizar? o texto ao máximo, para conseguir ?conceber literariamente um país como entidade homogênea?.

Uma entidade homogênea que, segundo as antropólogas Virgínia Amaral e Aparecida Vilaça, expõe a saga de Macunaíma em busca de um amuleto perdido como o resultado das transformações estruturais sofridas pelos mitos, conforme eles são apoderados de um povo pelo outro, atravessando fronteiras étnicas, geográficas e culturais. Portanto, a obra pode ser considerada, ?uma versão paulistana e modernista? das mitologias dos povos amazônicos.

Finalmente, essa edição conseguiu superar minhas expectativas, ao apresentar a perspectiva de um indígena sobre o livro. Trata-se do texto Makunaima E Macunaímas, de autoria de Cristino Wapichana, músico, cineasta e escritor premiado. Resumidamente, sua postura crítica, em especial sobre a apropriação dos mitos indígenas não é apenas relevante mas absolutamente necessária diante dos retrocessos nos direitos dos povos originários do Brasil e dois exemplos são a paralisia na demarcação de suas terras e a falta de políticas de saúde e educação.

Boa leitura e parodiando Macunaíma: ?Xô, preguiça!??

Nota: Como de costume, da capa à diagramação, o livro está impecável e um dos destaques fica por conta das vibrantes ilustrações de Camile Stroesser. Para quem adquirir o e-book e quiser apreciá-las à cores, é preciso usar o Aplicativo Gratuito de Leitura da Amazon instalado num tablet ou celular.
comentários(0)comente



caspaeletrica 14/08/2022

0/10: A verdade sobre Chatonaíma, o herói sem nenhuma coesão
Vou ser direto. As pessoas no geral têm medo desse livro por alegarem ter uma linguagem difícil, e isso acaba caindo sobre os leitores e não sobre o escritor. Isso acontece muito na leitura dos clássicos e muitas vezes a culpa é mesmo de quem lê e não está habituado a tal leitura, mas no caso de Macunaíma, a culpa é do escritor.

O problema não é a linguagem difícil, e sim Mario de Andrade. Ele simplesmente não sabia escrever bem, digo isso com a boca cheia. As ideias são super mal ordenadas e mal exercidas; mal escritas.

E se você botasse uma escrita mais clara no livro, não deixaria de ser um livro ruim. O enredo não tem nada de especial, a única cena interessante e realmente bem feita foi quando ele e os irmãos tomam banho no rio e saem de etnias diferentes. A história não tem nada de interessante, e quando algo se destaca é por ser ridículo. O final é a coisa mais escrota de todas, tudo é mal feito e mal apresentado.

A verdade é que ninguém gosta desse livro e por algum motivo desconhecido todos são coagidos a 240 páginas de pura tortura e chatice e no fim todo mundo finge que gosta.

Pelo menos Macunaíma estava certo ao ter como bordão "Ai que chatice!", pois foi o único momento do livro em que me identifiquei. Realmente falava está frase toda hora, junto com o personagem.
Stella 06/09/2022minha estante
Obrigada por falar isso; medo de ser a única do site que acho esse livro horroroso (isso que ainda nem terminei)


caspaeletrica 23/09/2022minha estante
@Stella ai amg coragem pra terminar, só terminei pra dps não falarem que não posso falar mal já que não li tudo. Tortura psicólogica este. Não vale a pena terminar não, digo pra você. Parece uma eterna alucinação


Stella 05/10/2022minha estante
eu desisti ?




lucianomdjr 27/04/2020

"Ai! que preguiça..."
Dizem que o livro foi escrito em pouquíssimos dias. Fica evidente na leitura.
Enquanto tentativa de um retrato da cultura brasileira, "Macunaíma" é um registro louvável, mas não posso dizer o mesmo da narrativa. Alguns capítulos parecem soltos do restante da obra e me despertaram o mínimo de interesse. Na minha opinião, a tentativa de subversão da língua formal com o acréscimo de termos indígenas e expressões coloquiais não funciona tão bem. Uso como parâmetro - não sei se justo ou não - "Grande Sertão: Veredas" e "Meu tio, o Iauaretê", obras nas quais Guimarães Rosa consegue explorar as possibilidades da lingua de forma orgânica e excepcional.
Enfim, apesar da temática e da proposta bem interessantes, "Macunaíma" não é um livro que eu gostaria de reler ou de indicar para alguém. Mas quem sabe.
comentários(0)comente



Nathalie Ayres 14/07/2009

Nonsense
Um dos problemas de Macunaíma, e também sua maior dificuldade, é que o autor precisa fazer um pacto pré-leitura: não a levar a sério nada do que vai ler, não esperar lógica ou sequer uma simples continuidade. O acordo feito, o livro se torna delicioso, além de engraçadíssimo!
Macunaíma é tudo, menos um herói! Não se cansa de tirar vantagem de todos, mesmo dos irmãos! e só quer saber de brincar, no mal sentido!
Suas aventuras atravessam o Brasil, e abragem toda a sua cultura, e dão reviravoltas intensas!
Mas afinal, se Macunaíma é tão malandro, por que gostamos dele? Porque ele é a personificação do jeitinho brasileiro, e de como passamos pelas maiores dificuldades sem perder o bom humor!
Não vou me aprofundar, pois não sou uma crítica literária, mas posso garantir que se você não espera lógica, se divertirá com O Herói sem Nenhum Cárater! Afinal, de certinha já basta nossa vida, não?
Marckus 06/08/2017minha estante
Muito boa a resenha. Simples e direta.


Thalyta 14/08/2019minha estante
Nossa, estou nas primeiras 3 páginas e já fiquei de chocada com a descrição de uma luta entre homem e mulher seguida de um estupro. Vou realmente fazer esse pacto sugerido por vc. Obrigada!




949 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR