spoiler visualizarCarol 31/08/2022
Obra de Gustave Flaubert de 1856
Já faz um tempo que esse livro me acompanha. Acho que a leitura, para mim, inicialmente se deu de forma muito prazerosa, porém, logo se arrastou no ritmo do tédio profundo da protagonista. Saber que o livro havia sido processado ao ser publicado por atingir a moral e os bons costumes da época aguçou minha curiosidade de conhecer a história da Madame Bovary.
No início da história alguns fatores me marcaram e me empolgaram na leitura: A escrita realista, a narrativa é suave, rica em detalhes mas possui objetividade. Além disso, tem algo que particularmente adoro: o narrador possibilita acessar as impressões e sentimentos de todos personagens envolvidos nas cenas.
Agora, falar da protagonista Emma, é difícil. E acho que a genialidade começa justamente em retratar uma personagem feminia que foge dos padrões de interpretação sobre o que é ser mulher na época(ou não). Houve pra mim, um misto de sentimentos ao longo da narrativa, às vezes eu compreendia Emma, e entendia que sua angústia é por não se encaixar em uma sociedade que induzia uma garota tão nova ao casamento, e não a permitia que pudesse ter desejos, sonhos, aspirações, e sobretudo, ir atrás da satisfação dos mesmos.
Emma queria viajar, amar, estudar, ser livre para viver a vida que via nos livros. Que por sinal, alimentavam nela uma expectativa do que é amar, e ela vivia com o desejo reprimido de ir em busca dos sentimentos as quais eram descritos nos romances que lia. Invejava a vida dos homens, a liberdade deles de tal maneira que sua gravidez foi sua última esperança de ter uma grande realização: um filho homem que pudesse viver exatamente como desejasse.
É interessante perceber que a grande polêmica que envolve a história da madame Bovary é justamente ser uma mulher. Uma mulher que desejava e agia exatamente como os homens sempre fizeram, sem serem alvos de nenhuma crítica.
Emma queria mais, era fiel somente a si mesma. Porém, aquela que olha apenas pros seus desejos pode se tornar uma egoísta, e muitas vezes, isso me causou uma certa aversão. Emma estava insatisfeita com um marido, com a filha, com a sogra. Mas de certa forma, ela não percebia que o problema não estava neles. Charles não me soava tedioso como ela queria passar, o tédio era dela, que queria viver sob a inquietude da paixão.
Arrisco dizer que jamais soube o que era amar, porque o que ela buscava era sempre a intensidade momentânea, Emma nunca iria se habituar a rotina do amar.
Por fim, retomo que o fim do livro, se tornou pra mim a concretude do tédio de Emma, já estava cansada das queixas dela e arrastei a leitura até finalmente terminar. Acho que até a metade do livro, acontece tudo que tinha que acontecer, depois se torna mais do mesmo, justamente como a vida de Emma, então quem sou eu pra criticar a madame Bovary, também fiquei entendiada kkkkk.