Resenhas - Madame Bovary

Eduardo 31/03/2020

Digno de ser um clássico da literatura mundial
Comecei a ler este sem muitas esperanças. Não gosto de livros ambientados no século XIX, século de extrema opressão e crueldade para com meu povo negro, sempre aparecemos como escravos, burros, idiotas, os autores sempre adotam os ideais do racismo científico, e exaltam as "virtudes" brancas europeias (mesmo se forem descendentes de escravos, como Machado de Assis). Mas este livro de Gustave Flaubert realmente me conquistou. A narrativa é extremamente fluente, descritiva, sem exageros nem floreios desnecessários. Flaubert é econômico mas, diferente de outros autores, não é de forma alguma pobre de palavras. A palavra certa na medida certa, pode-se dizer. A história gira em torno de uma mulher interiorana, Emma, que passou a vida a ler histórias de romances e nunca mais parou de perseguir uma vida principesca, frívola e luxuosa na vida real, tal como ela imaginava em seus livros. Entretanto, embora fosse burguesa, Emma não conseguiu nunca se aproximar desta vida, pois mesmo sendo bem de vida o que os livros não diziam é que era preciso ter muito dinheiro para viver como nos romances, e isso Emma e Charles, seu marido tão apaixonado por ela como entendiante, não podiam. É esta frustração e descompasso entre sonho e realidade, o que ela queria ser com o que ela de fato era, que dá o mote do livro. Mas o livro não fica por aqui. Aborda diversas questões sociais. Um deles, a título de exemplo é o machismo. Flaubert critica a opressão contra a mulher. Se os homens são livres para fazer o que quiserem e irem para onde quiserem, porque às mulheres como Emma isto não é permitido? Vê-se nas entrelinhas a crítica ao machismo. Ao final, este livro não me deixou tirar os olhos de cima dele e então descobri porque é considerado um dos marcos do realismo e da literatura mundial. Recomendadíssimo.

Arih 31/03/2020

Madame Bovary é muito mais do uma adúltera
Em uma época em que a sociedade ditava regras rígidas para as mulheres, uma obra ousada surge para desafiar convenções e despertar paixões. "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, nos transporta para a vida de Emma Bovary, uma jovem sonhadora que, criada em um convento, anseia por um amor arrebatador e uma vida repleta de aventuras, como nos romances que devora.

Seu casamento com Charles Bovary, um médico de caráter bondoso, porém sem grande espírito, a aprisiona em uma rotina monótona e sem paixão. Frustrada com a realidade que se apresenta tão distante de seus devaneios românticos, Emma busca refúgio em aventuras extraconjugais, na busca por emoções fortes e pelo luxo que sempre almejou.

Enquanto Emma se entrega a um turbilhão de desejos e ilusões, Charles, cegado por um amor incondicional, permanece alheio à insatisfação da esposa. Ele se afunda em dívidas para satisfazer os caprichos de Emma, sem perceber que a cada dia se aproximam de uma tragédia inevitável.

Flaubert, com uma escrita elegante e perspicaz, nos conduz pelos meandros da alma humana, expondo as contradições e fragilidades de seus personagens. "Madame Bovary" é um retrato fiel da sociedade francesa do século XIX, com sua hipocrisia, seus preconceitos e suas convenções sufocantes.

Mas acima de tudo, é a história de uma mulher em busca de si mesma, em uma luta desesperada por liberdade e felicidade. Emma Bovary se torna um símbolo atemporal da mulher insatisfeita com seu papel na sociedade, que ousa desafiar as normas e buscar a realização pessoal.

"Madame Bovary" é uma obra-prima do realismo que continua a nos conquistar e intrigar até hoje. Prepare-se para uma leitura envolvente, que o levará a refletir sobre temas como amor, adultério, moral e a busca pela felicidade em uma sociedade repleta de contradições.

Felipe.Protti 19/03/2020

Literatura sendo literatura
A cada livro clássico que leio, entendo porque de um clássico ser um clássico. O autor consegue criar um ótimo ambiente, com muitos detalhes e riquezas, o realizamos é muito presente nesse livro. Confessando o meio do livro pro final, me deu uma cansada, mas a conclusão ganhou meu coração de leitor, algo que eu nunca iria esperar e no mesmo instante sendo algo podemos dizer até normal na época. Então para quem gosta de um clássico, esse é uma ótima pedida.

JoYulli 18/03/2020

Louca?
Demorei quase 10 anos para concluir esse clássico. Na época em que foi lançado foi um livro de muita polêmica que chegou a ser proibido. Mas tem a sua razão de ser, pois é um livro com críticas a sociedade da época em que vive, não só dá sociedade mas críticas religiosas, de hábitos e costumes.
Minha leitura de madame Bovary foi lenta e quase desisti muitas vezes, é um clássico e como tal deve ser lido lembrando da época em que foi publicado, diferente de muitos outros clássicos que se tornaram atemporais.

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Val 12/03/2020

Romance realista
Diferente de livros deste gênero que romantizam personagens, Madame Bovary mostra cada um com suas mazelas egoístas. Um livro formidável.

Paulo Silas 10/03/2020

O amor dos livros, dos grandes romances, daqueles em que a felicidade é encontrada e mantida por meio da união de duas almas, que provoca júbilo e arranca suspiros dos envolvidos na relação, é aparentemente aquilo que que se terá quando o casal central da obra "Madame Bovary" se une enquanto tal. De um lado, Charles Bovary, um médico desafortunado na vida sentimental que após viver um peculiar casamento com uma mulher mais velha se torna viúvo. De outro, Emma, uma moça encantadora que vive o ansiar de um amor presente naqueles tantos livros que com frequência lê, aguardando que apareça em sua vida a pessoa que fará com que viva esse sentimento. Ao tratar de um paciente no campo, Charles acaba conhecendo a filha do enfermo, Emma, surgindo um encantamento quando do contato entre esse homem e essa mulher. Charles mantém para si sua efusividade, pois casado, mas passa a frequentar com assiduidade as visitas nessa casa situada no campo sob o pretexto de tratar do paciente. Após ficar viúvo, o médico procura por Emma a fim de lhe propor casamento, surgindo aí a união desse casal que tem de tudo para viver os momentos mais felizes de um relacionamento a dois. Porém, enquanto Charles desfruta dos prazeres do casamento, Emma não encontra nele a tão esperada felicidade do amor. Eis o mote que encampa a obra.

O infortúnio de Emma Bovary é o elemento central que conduz a narrativa da obra. Não encontrando aquele esperado êxtase no casamento, Emma passa a viver a infelicidade em seus sentimentos. Teriam mentido todos aqueles livros que lera? Estaria fadada a um relacionamento amorfo que não contemplava todas aquelas suas expectativas? Essas inquietações perturbam o espírito de Emma, passando a conduzir o seu viver quase de maneira estoica - que assim seria efetivamente se não houvesse um despertar de seu ânimo ante a possibilidade de viver aqueles sonhados sentimentos e emoções de alguma forma outra. Emma, tomada pelo desejo, pelo ardor da paixão, pela expectativa do amor, pela volúpia, pelo querer sentir e viver algo que pudesse ser contemplado de maneira significativa, conhece então outro homem com quem passa a se relacionar secretamente, tornando-se adúltera. É a partir de então, ao experimentar a efervescência de seu íntimo tal como lia nos livros, que Emma passa a trilhar uma nova vida secreta.

"Madame Bovary" é tido como o romance dos romances. Um dos marcos da fase realista. Gustave Flaubert, que chegou a ser processado por conta da escrita e publicação dessa obra, constrói aqui algo sólido e próprio. Característico. Uma história em que há muitos elementos psicológicos na trama, decorrendo daí inclusive o termo 'bovarismo', além das tantas reflexões e imersões feitas durante a convidativa e agradável narrativa. É muito mais que uma história de um casamento infeliz para uma das partes que acarreta no adultério e tantos outros problemas como consequência. Esse elemento central da trama, a infelicidade da principal personagem, conduz a outros pontos que convidam à imersão na leitura. "Madame Bovary" é assim um excelente livro que faz jus ao patamar de clássico que alcançou.

Nirley 05/03/2020

Que livro...
uma obra muito bem feita, Emma é uma personagem muito forte!
Enquanto lia, era partilhado comigo as emoções dos personagens, em especial as de Emma.
O autor criou uma mulher que fazia exatamente o que desejava, isso é impressionante, já que que o romance é do século XIX!

Jéssica Romeiro 29/02/2020

O que podemos dizer de um romance que causou tanto impacto em seu lançamento, e que a principal crítica do autor era o modo de vida da provinciana burguesia francesa. O romance se passa no período descrito por Charles Baudelaire, contemporâneo de Flaubert, numa sociedade esgotada, embrutecida que se escandalizava com a ficção e amava apenas as posses. O livro foi recebido com críticas por parte da sociedade francesa que rendeu até um processo contra Flaubert que foi a julgamento sob acusação de imoralidade, mas que felizmente acabou sendo absolvido. Como pontua o próprio Baudelaire, o livro por si só já teria sido grande sucesso mesmo sem o processo, pois os críticos já haviam aprovado o romance quando ele ainda era escrito em forma de folhetim.
O livro começa contando a infância e juventude de Charles Bovary que tem como principal característica o temperamento moderado, nos estudos era mediano apesar de ser esforçado. Com a insistência da mãe foi estudar medicina, mas não entendia nada do que era dito então não levou os estudos a sério, consequentemente não conseguiu ser aprovado no exame de oficial de saúde em sua primeira tentativa. Charles se casa então com uma mulher mais velha, com arranjos feitos por sua mãe, com interesse no dote da então esposa, achando que iria ter mais liberdade, no entanto a mulher era quem mandava. A primeira esposa de Charles não é a nossa madame Bovary, que dá nome ao livro, mas sim Emma Rouault, que se casa com Charles após morte de sua primeira mulher. Como descrever Emma? Jovem do campo, educada num convento, tinha na cabeça sonhos de ter um romance como nos livros que lia. Casou-se com Charles em busca desse amor arrebatador que muito costumava ler, mas logo nos primeiros dias de casada sentiu a monotonia do casamento e se arrependeu.
A história se desenrola de forma fantástica, pelo menos comigo, tive sentimentos mistos em relação a Emma, em certos momentos você entende a personagem e chega a torcer por ela, mas há trechos que você simplesmente a odeia, principalmente quando longe de seus amantes ela se torna uma pessoa insuportável chegando a ser mimada.
Esse livro merece ser lido pois todos devem conhecer essa incrível história e tentar entender esses personagens e suas motivações, você acabará por gostar de todos os personagens narrados, senão a maioria deles, pois são muito bem elaborados, as descrições são muito bem-feitas. Se você terminar esse livro não querendo ser ou não amando Emma Bovary, mesmo com seus defeitos, você leu errado.

Kel Cesar 25/02/2020

Arrastado
Emma Bovary: mulher a frente de seu tempo e igualmente de uma ingenuidade que dá raiva!
Flaubert foi bastante incisivo ao criticar a sociedade da época, porém poderia tê-lo feito em um texto mais enxuto.

Mara Mares 21/02/2020

Madame Bovary
Emma, nasceu no campo, mas é uma jovem muito ambiciosa.
Charles, jovem médico, viúvo.
Ele a conheceu qndo sua esposa ainda era viva, logo descobriu não poder ficar sem vê-la. Após a morte de sua esposa, casou-se c/ Emma. Porém, as ambições dela, seu desejo por riqueza, por luxúria, não a deixavam viver naquela vida simples a que Charles podia oferecer.
Apesar de o Charles ser um corno manso e a Emma ser uma sirigaita, recomendo. Livro muito bom.

Wanderson.Pill 20/02/2020

Grande expoente do Realismo
Gostei muito do enredo, e o desfecho embora soubesse do defecho da Emma, nao sabia qual seria o do Charle. Fiquei muito comovido com o destino de toda a família Bovary, inclusive com o da filha Berth. ??

Camila1856 18/02/2020

O clássico realista sobre a vida de Emma Bovary
Minha percepção quanto ao livro mudou sensivelmente do meio para o final. Que a personagem Emma Bovary por vezes é extremamente irritante isso é inegável. Em algumas cenas temos vontade de dar uma leve torcida no pescoço dela (principalmente nos momentos com a sua filha) rsrsrs.
O que também para mim ficou muito evidente, é que a personagem certamente tinha algum tipo transtorno. Se depressivo, boderline, bipolar, apenas um especialista para diagnosticar corretamente. O que para a época era impossível de ser tratado, pois não havia nem esse tipo de estudo, então tudo era diagnosticado como doença dos nervos.
Disto isto, é muito possível que todo esse comportamento impulsivo e insatisfeito da Emma fosse muito mais aflorado por causa desses transtornos. Temos que levar também em consideração, que a sociedade nunca esteve muito preparada para as mulheres mais revolucionárias, quanto mais em se tratando do sec XIX. Caso ela vivesse nos dias atuais, provavelmente não escolheria o casamento, visto que, como descrito desde o início da história, já no convento Emma era uma mulher muito culta e questionadora, tinha idéias, gostava de literaturas e músicas que não condiziam com o que a sociedade esperava das mulheres naquela época. Ela não se sentia feliz no casamento, talvez por uma fração de segundo tenha gostado da ideia de casar com o Charles devido ao pensamento de uma possível posição social que ele a elevaria.
"Antes de casar, Emma julgara sentir amor; mas a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, pelo que se deveria ter enganado, pensava ela. Procurava agora saber o que se entendia, ao certo, nesta vida, pelas palavras felicidade, paixão e êxtase, que, nos livros, Lhe haviam parecido tão belas."Influenciada pela literatura Emma sonhava com os príncipes dos contos, mas quando tentava, através do adultério, viver essa liberdade e excentricidade que tanto buscava, com o passar dos dias aquela sensação de encantamento acabava e a relação entrava novamente no cotidiano.
Em determinado ponto da história, Emma sente-se decepcionada com um de seus amantes, além de estar abarrotada de dívidas geradas por sua infidelidade. Desesperada, se envenena e morre. Seu marido, após descobrir as traições e as dívidas, acaba morrendo de desgosto.
Em alguns momentos o excesso de descrições me incomodou um pouco, se tornou massante, porém vale muito a leitura. Todos os seus personagens possuem suas qualidades e defeitos, assim como a mocinha não é nenhuma heroína. Além da história sobre uma mulher adúltera, sonhadora e insatisfeita com o próprio casamento, “Madame Bovary” é uma obra que também faz críticas ao clero e à sociedade burguesa, temas intoleráveis na década de 1850.
Li em algum lugar que a história do livro foi inspirada em uma história real, após Flaubert saber de um caso de suicídio na Normandia, França, cometido pela mulher de um oficial após um adultério.

Iago 07/02/2020

Um romance necessário.
Lendo Madame Bovary senti muito do que sinto lendo Machado de Assis. Uma ironia aqui, um senso de humor ácido ali, personagens contraditórios e cheios de camadas. Mas, ei, não somos todos assim? E é disso que Gustave Flaubert parece se valer nesse romance, colocando nossa madame, uma personagem explicitamente romântica, em um mundo fatalmente realista.