letbooks. 02/08/2024
Ele soca postes de montão e insiste que vê assombração
Meu deus QUE LIVRO! não apenas pelo seu tamanho considerável kkkkk, mas pela profundidade e complexidade. quando comecei, pensei que não ia acabar nunca, mas sinceramente, foi uma leitura tão envolvente que valeu cada minuto. em meio ao terror que permeia a narrativa, o livro destaca-se também como uma bela e emocionante história de amizade.
o enredo, gira em torno de sete crianças que se unem para enfrentar o Pennywise ou A Coisa, que está matando crianças na cidade de Derry. King alterna entre o passado, quando os protagonistas eram crianças, e o presente, quando precisam confrontar seus medos novamente como adultos. essa dualidade temporal é um dos pontos mais interessantes da obra, mostrando como o terror do passado ainda ecoa na vida adulta.
as crianças – Bill, Beverly, Ben, Eddie, Mike, Richie e Stan – são cativantes, com personalidades únicas e bem desenvolvidas. a habilidade de King em retratar a inocência, os medos e as esperanças da infância é impressionante. mesmo quando os personagens crescem, ele consegue manter a essência de cada um, o que torna o desenvolvimento deles algo lindo de se acompanhar.
a narrativa é rica em detalhes, o que torna a leitura extremamente imersiva. Derry, a cidade fictícia onde a história se passa, é quase um personagem por si só, com uma atmosfera carregada de mistério e terror. King não tem pressa em nos apresentar cada canto dessa cidade, seus habitantes e os horrores que a infestam. no entanto, essa riqueza de detalhes pode tornar a leitura cansativa e, em alguns momentos, difícil de imaginar (o que aconteceu comigo acho que por conta da densidade das descrições que pode deixar o leitor um pouco perdido, embora isso ocorra poucas vezes).
também é abordado muitos pontos sensíveis, como gordofobia, racismo, homofobia e todo tipo de preconceito. esses temas são apresentados de forma crua e realista, o que pode ser um gatilho para alguns leitores. durante a leitura, houve momentos em que fiquei boquiaberta pelo tamanho do choque, especialmente ao ver como esses preconceitos impactavam profundamente os personagens.
o que eu amo em "It" é que King mostra como Pennywise amplifica o mal existente. ao invés de ser o único causador do terror; as pessoas e seus preconceitos cruéis também são.
apesar da densidade e das partes desnecessárias que parecem servir apenas para estender a narrativa, essas adições acabam contribuindo para a construção da atmosfera e do desenvolvimento da história. cada detalhe, por menor que seja, enriquece a experiência de leitura e dá mais profundidade ao enredo.
e falando sobre desnecessário, não irei nem comentar sobre a cena do esgoto, sinceramente, não consigo nem imaginar em quais circunstâncias mentais CRIANÇAS conseguiriam estar para propor o que foi proposto naquele esgoto, fiquei tão enjoada que quase pulei, mas enfim, vou só apagar da minha memória e seguir.
os capítulos de interlúdio de Mike Hanlon são algumas das minhas partes favoritas, o incêndio no Black Spot é descrito de forma tão assustadora que é possível sentir o calor e o cheiro da fumaça. o jeito que King retrata esses eventos é desesperador e muito real.
entretanto, "It: A Coisa" não é apenas uma história de terror; é uma celebração da amizade e da capacidade humana de enfrentar seus maiores medos. Stephen King consegue, criar uma obra que assombra e emociona, deixando uma marca no coração de seus leitores. é uma leitura que, apesar dos momentos de tensão e medo, acolhe e aquece com a força de seus personagens inesquecíveis.
no decorrer da história, me identifiquei em vários momentos com o jeito dócil e gentil de Ben (somos iguais ben, estou contigo e não abro!) e com Beverly, especialmente em relação a suas questões familiares complexas (daddy issues). no entanto, todos os membros do Clube dos Otários moram no meu coração. "It" é um livro que sempre ficará marcado na minha memória, uma obra que transcende o terror e se torna uma poderosa narrativa sobre a amizade.