O Som e a Fúria

O Som e a Fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Luiz Miranda 13/01/2018

Escalando o Everest literário
Pra sobreviver aos 2 primeiros capítulos (metade do livro) é necessário ciência da grandeza da obra e, principalmente, uma vontade inabalável de lê-la. São capítulos de linguagem experimental que levam o leitor médio a nocaute em dois segundos. A coragem de Faulkner é proporcional ao percentual de desistência do livro.

O primeiro capítulo acompanha o "fluxo de consciência" de Benjy, o autista da família Compson. Saltos no tempo, repetição de nomes, confusão. O que acontece aqui voltará sob outra perspectiva nos capítulos posteriores.

O segundo é o mais impenetrável de todos. Quentin, aluno de Harvard às custas do sacrifício da família, mostra todo seu tormento e confusão mental através de parágrafos enormes e sem pontuação alguma. Um emaranhado de lembranças que mais tarde farão parte do quebra cabeças final.

O terceiro foca no personagem que considero mais interessante. Jason Compson é carregado de ódio e movido por um código moral particular. Um personagem complexo, construído de maneira magnífica. Aqui a história ganha contornos mais sólidos.

No último capítulo a narrativa passa pra terceira pessoa, onde a estrela é a "criada" da casa, a abnegada Dilsey, outra brilhante criação de Faulkner. O capítulo revela as últimas pistas sobre os assuntos tratados nos 2 primeiros, só não espere algo próximo de uma trama ou um final redondo, isso realmente não interessa ao escritor.

Se eu fosse justo, começaria agora mesmo a reler os 2 primeiros capítulos, pois sob a perspectiva dos fatos dos últimos capítulos, seriam apreciados em todo seu brilho. Pena que me falte tempo e disposição (um dia releio).

Me resta então ser honesto com minha modesta estrada literária e dar a cotação de 4 estrelas, mesmo ciente da grandeza da obra.
Paixão 24/02/2018minha estante
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Magasoares 05/01/2018

A decadência de uma família.
Já sei porque William Faulkner ganhou o Nobel da Literatura, sim eu sei... E gostei :)
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Oz 06/12/2017

“Vou começar essa resenha como começa a primeira parte do livro.” disse o resenhista.

“Tudo bem.” disse o leitor.

“Mas talvez não seja muito agradável.” disse o resenhista.

“A gente tenta.” disse o leitor.

O teclado se aproximou do dedo e depois palavras apareceram na tela. EU DISSE QUE ERA UM BOM LIVRO, DISSE O ESCRITOR. OUVI PENSAMENTOS DE UM LOUCO. COLOQUEI UM PONTO FINAL NA FRASE. FIQUEI OLHANDO PARA A TELA E O COMPUTADOR TINHA CHEIRO DE BOLO QUEIMADO. Parei de escrever.

“Será que vai ficar mais fácil de entender?” disse o leitor.

“Talvez. Mas o começo é assim mesmo, um acúmulo de atos e descrições de sentidos, o que se passa na cabeça do tal do doido do Benjamin Compson” disse o resenhista.

“Interessante!” disse o leitor.

Então eu cheguei na segunda parte e decidi clarear um pouco as coisas (não muito) porque agora eu escrevo igual à mente atordoada de Quentin Compson. As coisas começam a fazer um pouco mais de sentido aqui, embora, agora, eu apresente a você, leitor, um fluxo de consciência desse jovem, cuja chance de ir estudar em Harvard poderia marcar uma reviravolta no destino não muito promissor dos personagens desse romance. Apesar da grande oportunidade, Quentin não consegue se livrar da marca da ruína de toda sua família ESSE É UM LIVRO EM QUE OS 3 PRIMEIROS CAPÍTULOS APRESENTAM A VOZ DE UM DOS IRMÃOS COMPSON – BENJAMIN, QUENTIN E JASON – SENDO QUE O NÍVEL DE CLAREZA NA FORMA DOS CAPÍTULOS VAI AUMENTANDO PROGRESSIVAMENTE E, AOS POUCOS, VAMOS ENTENDENDO O QUE ACONTECEU NA VIDA DESSES PERSONAGENS, vivendo perturbado pela perda da honra de sua irmã, Candance (Caddy). Percebi que o próprio Quentin nutre um certo tipo de amor incestuoso em relação à irmã, sendo mais um dos motivos que o leva
a tomar certa decisão
fatal.

Como uma nuvem que se dissipa no horizonte, finalmente entro na terceira parte do livro, onde mergulhamos na cabeça de Jason Compson. É só a partir daqui que a voz do narrador ganha “racionalidade” e linearidade para os acontecimentos que vão sendo narrados. “Ufa! É uma espécie de alívio!”, você, leitor, deve estar pensando, certo? Pois deixe de ser mesquinho e intelectualmente vagaroso, pois eu não tenho paciência com esse tipo de gente. Com certeza, eu não deveria perder meu tempo para escrever uma resenha tola que mastigue pedaço por pedaço um livro complexo a ser resumido em um ou dois parágrafos, como se fosse um invólucro de uma história banal. Pois Jason pensa assim e, do alto de seu preconceito, rancor e avareza, vai narrando seu ódio por todos ao seu redor. Como filho caçula, não recebeu nenhuma oportunidade de ascender na vida, ao contrário de Caddy, que casou com um banqueiro, e de Quentin, cujos estudos em Harvard foram financiados pelos pais. Mas ele haveria de se aproveitar dos outros, como você, leitor preguiçoso, poderá vir a descobrir se, por um acaso da vida, conseguir chegar até essa altura do livro.

Enfim, estamos na parte final do livro (ou pré-final, pois ainda há uma espécie de apêndice, resumindo a vida dos personagens) e da resenha. Antes de mais nada, peço desculpas pela boçalidade do início deste texto, pela confusão que veio logo a seguir e, finalmente, pelos insultos do parágrafo anterior. Tudo não passou de uma brincadeira para tentar mostrar o que você irá encontrar quando iniciar a leitura dessa obra de Faulkner. Agora, do alto da minha lucidez de resenhista imparcial e respeitoso, como um frio narrador em terceira pessoa, posso concluir essa rápida análise maluca de “O Som e a Fúria” com uma recomendação não menos do que empolgada para que você leia essa obra única. Não se engane quanto à dificuldade da forma, pois vale a pena transpor esse obstáculo (se é que pode ser chamado assim) e imergir em uma história da decadência de uma família sulista tradicional dos Estados Unidos, com nuances brilhantes das mentes de personagens fortes e únicos.

Apêndice da resenha:

E quanto aos demais personagens, os negros, empregados da família Compson? Eles não deveriam ser mencionados nesta resenha?

Sim. “Eles resistiram”.

Meu site de resenhas: www.26letrasresenhas.wordpress.com
Rodrigo1001 06/12/2017minha estante
Uma bela resenha Faulkneriana!


Oz 06/12/2017minha estante
Ao menos tentei! hahaha!


Salomão N. 23/12/2017minha estante
Linda resenha. *-*




Leila de Carvalho e Gonçalves 19/11/2017

Para Ler E Reler
Em 1929, após ter um livro rejeitado pelas editoras, William Faulkner resolveu dar uma guinada na carreira. Isolou-se e começou a escrever um romance exclusivamente para sua satisfação, sem pretensão de agradar leitores, críticos ou editores. Assim nasceu "O Som e a Fúria", responsável por sua ascensão profissional que culminou vinte anos depois com o Prêmio Nobel de Literatura.

A narrativa tem como palco a fictícia Yoknapatawpha County e aborda a decadência de uma tradicional família do Sul dos Estados Unidos, descendente de um herói da Guerra da Secessão, o General Compson. Aliás, tanto as personagens como seus ascendentes aparecem em outros textos do escritor.

Empregando o fluxo de consciência, ruptura de sintaxe e um enredo não linear, sua leitura requer redobrada atenção. Assemelha-se a um intrincado quebra-cabeças cujas peças vão pacientemente sendo encaixadas até chegar à última. De fato, nem sempre é possível entender o que está acontecendo, mas, pouco a pouco, a história vai tomando forma e o esforço vai sendo recompensado. Uma boa maneira para não desanimar (e que me ajudou) é conhecer de antemão os quatro narradores, cada qual responsável por um capítulo do livro. São eles:

- Benjamin ou Benjy Compson: Mudo e deficiente cognitivo, é o filho caçula e motivo de vergonha da família. Descreve o mundo com baixa compreensão e um raro sexto-sentido. Seu relato soa desarticulado, com pontos obscuros e para não se perder com os frequentes saltos temporais, verifique se é Versh (infância), T.P. (adolescência) ou Luster (vida adulta) quem cuida da personagem.

- Quentin Compson: Trata-se do primogênito, o escolhido pelos pais para estudar em Harvard. Neurótico e instável, defensor da honra e da moralidade, é um suicida cujo desabafo desesperado e fantasioso conforme avança, vai se fragmentando. Essa é a parte mais difícil e estudada do livro.

- Jason Compson: Irmão mais novo de Quentin, é cínico, desprezível e manipulador. Trata-se do vilão da história que, indigno de confiança, tenta passar a imagem de filho injustiçado a quem coube sustentar a família após a morte do pai. Seu relato não oferece maiores dificuldades de entendimento.

- Na quarta parte, Faulkner faz uso de um narrador onisciente, sugerindo pensamentos e ações das personagens, mas quem monopoliza a atenção é Dilsey, uma negra que trabalha para os Compsons há muitos anos e surge como a voz da razão.

No entanto, o papel de protagonista pertence a Caddance ou Caddy, a única filha do casal. Ela jamais adquire uma voz, mas permite que os sentimentos dos irmãos revelem seu caráter, aliás, é o objeto da obsessão dos três e a única que consegue escapar da relação doentia que os une, indo viver a própria vida.

Finalmente, Faulkner se inspirou num trecho de "Macbeth" de Shakespeare para dar titulo e desenvolver a história:

"Apaga-te... apaga-te breve vela!
A vida nada mais é do que uma sombra que anda...
um pobre ator que se pavoneia e se agita durante sua hora no palco e depois não é mais ouvido.
É uma história contada por um idiota
cheia de som e fúria que nada significa!"

Nota: Um apêndice foi inserido pelo autor após dezesseis anos da primeira edição. Não só traça o esboço de algumas personagens, como dá detalhes sobre o futuro.
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Viruga 17/11/2017

História inovadora e não-linear
A magnum opus de William Faulkner, ganhador do Nobel em literatura, conta a história da decadência da família Compson. O livro é inovador na forma como narra a mente barulhenta e tempestiva de cada personagem. A história não é linear e não se preocupa em descrever os personagens. Existe apenas a ligação que cada um deles tem com sua irmã Caddy e o que ela desperta neles.

A primeira parte é relatada por Benjamim, devido a sua deficiência mental, transforma o começo do livro em algo infantil e simples. O que me incomodou nessa parte foram as birras, malcriações e choradeiras da casa constantes em todo o tempo.

A segunda parte é a de Quentin, o filho mais velho que foi estudar em Harvard custando todos os bens da família para custear os gastos. Um investimento em vão que causou a decadência financeira da família e iria trazer vários problemas futuros.

O terceiro é a parte de Jason. Odiado, racista, machista e manipulador. Eu vi nesse personagem apenas um jovem caso perdido de amargura e ódio, que se irrita com a mãe fraca e pragueja o pai niilista por arruinar a família junto com o investimento perdido em Quentin. Ele é o único filho de mente sã da família, porem em meio a decadência observa apenas a razão maquiavélica como sobrevivência.

A quarta parte relatada em terceira pessoa fala do domingo de páscoa e conta mais detalhes.

A última parte é a mais importante para entender a história. Conta fatos importantes que não tinham sido revelados antes e que fecham melhor os pontos entre os personagens, a relação entre cada um deles e qual foi o fim ou a origem de tudo. Também descreve bastante cada um dos personagens que em poucos momentos no livro são vistos sob o olhar de alguém de fora.
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Flavio 05/11/2017

O poder da escrita
Por um momento abandone a necessidade de compreensão imediata. Mergulhe de coração na narrativa inusitada e incoerente do primeiro e segundo capítulos... vai valer a pena! Mais que a história em si, é a técnica da escrita que mais importa: afinal, de que maneira entraríamos de corpo e alma no turbulento mundo dos pensamentos humanos? Nesse vai e vem de sons, imagens, emoções e lembranças é que a trama picotada vai tomando forma e a cada passo em que tudo vai se encaixando a escrita vai se reorganizando no tradicional padrão a que estamos acostumados. E que trama! A decadência trágica de uma família rica americana nas primeiras décadas do século XX, focado na relação dos quatro irmaos Compson, nos enche de revolta, ódio, pena e compaixão. O tempo é outro personagem importante, pois presente e passado estão juntos dos personagens a todo momento. Destaque para o primeiro capítulo em que nos sentimos na pele de um narrador inusitado, um autista, guiado por sentimentos simples de amor, saudade e tristeza. E foi nele que também inspirou-se o titulo ?A vida (...) é uma história cheia de som e fúria, contada por um idiota e que não significa nada? Shakespeare. Mas que permeia toda a trama, já que vários personagens vivem em função de rancores antigos, e a meu ver, para que pudessem viver o presente dignamente, esse passado não deveria significar mais nada. Afinal, quem seriam os idiotas, então?!
Márcio_MX 08/11/2017minha estante
Essa resenha ficou absurdamente boa!!
Parabéns.




Júlio 07/10/2017

O Som e a Fúria narra a saga da família Compson, acompanhando os eventos que levam ao desmoronamento da família durante um período de aproximadamente três décadas. Assim como em Enquanto Agonizo, Faulkner utiliza da técnica de fluxo de consciência para narrar sua história, onde cada capítulo é contado pela voz de um membro da família, nos casos três irmãos, com exceção do último em que o narrador passa a ser na terceira pessoa e onisciente. Como cada capítulo apresenta uma estrutura e estilo próprios compensa observar com mais atenção as qualidades de cada capítulo separadamente e como sua soma afeta na qualidade da obra como um todo.

O primeiro capítulo é narrado por Benjamim, deficiente mental e mudo. Ainda que a natureza de sua deficiência não seja explicitamente dita ele é descrito como sendo "uma criança de 3 anos no corpo de um homem de 33". Devido a sua forma não linear de interpretar o que ocorre ao seu redor a estrutura do capítulo é quebrada, cheia de intercalações temporais que ocorrem, em sua maioria, sem nenhum aviso. Essas quebras temporais, que de início são confusas mais devido a falta de familiaridade do leitor com os personagens do que devido à escrita em si, vão se tornando mais claras conforme os personagens são apresentados. Benjamin narra três épocas distintas durante seu capítulo, sua infância, adolescência e fase adulta, onde o principal marcador temporal é a pessoa responsável por ele que muda conforme a época. Faulkner aqui quer confundir, ele nomeia alguns personagens distintos com o mesmo nome e somente nas transições mais significativas de tempo utiliza da fonte em itálico para situar o leitor. Contudo esses artifícios logo deixam de ser uma barreira para a compreensão do texto, através do contexto e das ações do personagens é fácil saber onde nos encontramos nessa linha temporal. Para mim na metade do capítulo o charme da narrativa começa a perder seu brilho e logo as sentenças simples e diretas começam a cansar, poderia ter sido concluído de forma mais breve para dar espaço ao próximo capítulo, que esse sim é onde o livro brilha mais intensamente.

No segundo capítulo nos é dada a visão de Quentin, garoto inteligente que obtém a oportunidade de estudar em Harvard após a família vender parte de suas terras. Não tenho dúvidas em dizer que esse foi de longe a melhor parte do livro, a narrativa de Quentin é a mais belamente escrita, cheia de imagens lindas e confusas que contribuem para nos situar nos pensamentos de uma pessoa que está em vias de perder sua mente. Onde antes nós tínhamos transições temporais agora temos devaneios, lembranças que vem em voltam de forma tão elegante que Quentin passa a ser o personagem mais complexo e humano do livro. Não só é o capítulo com o estilo mais interessante, mas também contém minha passagem favorita da obra. O estilo de Faulkner aqui é exemplar. Apesar dele não chegar a ter a mesma engenhosidade de Joyce ou a excelência estética de Woolf, sua técnica de fluxo de consciência realmente mostra seu potencial narrativo.

O terceiro capítulo é narrado por Jason, e marca o fim de todas as transições temporais. Sua forma de pensar é totalmente linear, clara, sem surpresas, com algumas exceções que servem para mostrar o efeito da raiva em suas idéias. Embora esse seja o capítulo que mais contenha ações eu diria que é o menos impressionante, a narrativa é competente e os eventos são interessantes, o que peca é o próprio narrador, pois ele é o mais convencional possível. O caráter de Jason chega a ser basicamente uma caricatura quando posto ao lado dos outros membros da família. Sua natureza raivosa e sua índole cruel são feitas de forma a colocá-lo claramente como um antagonista isento de qualquer qualidade redentora, o que retirou parte do charme que o elenco da trama possuí. Esse me foi o capítulo menos interessante, sua principal função parece ser oferecer ao leitor algo para odiar e que movimente a trama para frente, o que salva é a escrita de Faulkner, que mesmo menos ambiciosa continua sendo competente.

Ao final o livro passa a ser narrado em terceira pessoa, descrevendo os eventos que ocorrem no dia da Páscoa em que o foco se alterna entre a perseguição elaborada por Jason e o núcleo familiar de Dilsey, a matriarca negra que tem servido e acompanhado a família durante todos esses anos. A grande surpresa estética desse capítulo foi a belíssima descrição do culto de páscoa, a narração clara e colorida pintou uma cena viva, talvez a mais viva de todo livro apesar de singela. A descrição de Luster com seu chapéu novo com Frony e Dilsey em um campo em que a chuva tinha parado de cair é singular e notável.

Faltaria mencionar tantos outros personagens importantes, como Candace que apesar de não ter voz própria como os irmãos é pivô de todos os acontecimentos importantes do livro, sendo figura central nas 3 narrativas. Me abstenho de spoilers porque para mim o mais importante aqui não é a história, mas sim como ela foi contada. Na mão de Faulkner o caráter novelesco ganha charme, porém sou da opinião que essas técnicas foram melhor empregadas em Enquanto Agonizo, que apesar de ser mais curto acaba sendo por isso mesmo mais conciso.
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David 28/08/2017

O som e a fúria e a virtude da paciência
O som e a fúria. É um trecho de uma frase que tá lá num dos livros do Shakespeare mas também é o nome do livro mais conhecido do Faulkner. William Faulkner. Uma vez li um artigo falando que o Faulkner admitiu ter escrito alguns de seus livros só pelo dinheiro. Querido: hoje, a gente escreve tuíte personificando a empresa que a gente trabalha como uma fulana ou um sicrano bem massa...por dinheiro. E pouco. E faz piadinhas bem ruins e interage com os seguidores pra gerar engajamento ou algo do tipo que eu não prestei muita atenção também (não me pagam pra escrever tuítes).
O som e a fúria é um livro muito legal. Gostei muito. Mas tem que ter paciência. Pra você que é fã da casquinha do sorvete de casquinha: pra chegar na parte boa tem que comer o sorvete de cima primeiro, não é? Paciência. E dá pra aproveitar também. Eu tô dizendo isso porque a primeira parte do livro é um pouco confusa, você vai se perguntar: que que esse cara tinha fumado? Não sei, mas, acredite, vai fazer sentido mais pra frente. Repete comigo: paciência.
Depois são mais três partes menos confusas, mas que, ainda assim, você precisa ficar ligado pra não se perder e desistir do livro. É que são tempos diferentes e personagens diferentes dentro de uma mesma família. Ah, e às vezes personagens diferentes têm o mesmo nome. Então fica ligado.
No geral a história é simples. O livro fala da decadência de uma família aristocrata norte-americana ao longo dos anos. E o que o Faulkner faz é mostrar como eventos aparentemente desconexos têm lá sua importância, afetam os personagens da história de formas diferentes e de como isso, consequentemente, afeta a família como um todo. O interessante é como o autor forma esse retrato a partir de narrativas diferentes (personagens, tempos, formas narrativas, etc). Baita obra, vale a pena dar uma lida.
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IngridEulalia 12/06/2017

Recompensador
Certamente esse livro não é indicado para leitores preguiçosos e superficiais. Faulkner nos dá uma narrativa que gera confusão em vários trechos, mas, para aquele que ainda duvida se vale a pena concluir essa leitura, garanto que sim. O padrão estético do autor beira a perfeição, o fluxo de consciência utilizado aqui monta o universo ficcional da família Compson de maneira primorosa. O livro já há muitos anos vem sendo estudado e comentado por pessoas muito mais competentes do que eu, simples leitora curiosa e ainda iniciante, portanto como dica para auxiliar durante o processo de leitura sugiro os vários vídeos disponíveis no YouTube. No mais, fica aqui o registro de alguém que se encantou pela história narrada por um idiota, cheia de som e fúria.
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Natalie Lagedo 02/05/2017

O Som e a Fúria foi uma leitura desafiadora. As idas e vindas no tempo e espaço causaram certa confusão inicialmente, fazendo com que eu tivesse que reler muitos trechos. Não me sinto apta para falar de tudo o que este livro representa para a literatura moderna, mas posso dizer o que ele representa para mim enquanto mera apaixonada pelas letras.

A família Compson, habitante do sul dos EUA no início do século XX, serve como pretexto para Faulkner mostrar a continuidade da existência humana apesar dos rompimentos, frustrações e perdas. Aliás, interrupções abundam no texto e no destino das personagens. Interrupções de relações, de modo de vida, de sonhos... Tudo se quebra, nada é definitivo. Dividido em quatro capítulos, cada um é narrado por uma pessoa diferente: o alheio Benjy, o espectro Quentin, o arrogante e sabichão Jason e um observador anônimo.

O fato de alguns personagens possuírem o mesmo nome e a troca abrupta (embora não fora de contexto) dos temas, semelhante à velocidade do pensamento foi difícil, mas prazerosa depois de achar o fio da meada. Que escrita esplêndida! A batalha entre o antigo e o novo não está apenas na quebra do velho relógio do avô e na convenção social a qual a família não mais se adequava. Saiu da comum descrição da sofrida degeneração familiar e ficou imortalizada na arte.
Gleidson 02/05/2017minha estante
Livro sensacional!! Concordo com tudo que vc falou. Está entre os melhores livros que já li na vida!


Natalie Lagedo 02/05/2017minha estante
Com certeza, Gleidson!


Gleidson 02/05/2017minha estante
Não sei se vc já leu Absalão, Absalão. Se não, leia, é muito bom também.


Natalie Lagedo 02/05/2017minha estante
Ainda não, esse foi o primeiro que li do autor. Obrigada pela dica. ;)


Salomão N. 01/09/2017minha estante
Absalão, Absalão! é fantástico demais. Inclusive o Quentin é um dos narradores ;)


Jeferson 29/12/2019minha estante
Bom dia. Ja dei as primeiras " pinceladinhas" e gostei. Realmente já vi que tera que ser uma leitura bem meticulosa, pormenorizada, cuidadosa..




Luiz Pereira Júnior 04/03/2017

Difícil, mas obra-prima!
Nada de mentiras. É muito fácil escrever que li o livro virando páginas a todo instante e com enorme facilidade. Nada disso! Primeiramente, imprimi um resumo da obra e, a partir dele, lia o livro e acompanhava o filme homônimo. Tive, dessa forma, uma excelente experiência de leitura e, em momento algum, pensei em abandonar essa obra-prima. P.S.: Sempre deixo as leituras mais difíceis para o período de férias e esse (é claro!) foi o caso! P.S.2 (nada de Playstation!): devo destacar a excelente edição da Cosac-Naify (R.I.P. e, se der, ressuscite ao terceiro ano...). Enfim, boa leitura aos bravos!
Mirzão 04/03/2017minha estante
Mais difícil que a do Ulisses?


Luiz Pereira Júnior 04/03/2017minha estante
Sem esnobismos, mas não achei difícil a leitura de "Ulisses". Eu o li aos poucos, em época de férias, sem compromisso. Demorei mais de um mês para terminá-lo com calma e sem pular trechos. No entanto, um livro que tive enorme dificuldade para terminar foi "O homem sem qualidades". Esse foi aos trancos!


Mirzão 04/03/2017minha estante
Eu não li ainda "O homem sem qualidades". Obrigado professor!




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