O som e a fúria

O som e a fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Xavier 17/11/2024

Difícil, entediante e chato.
Apesar de ser considerado um marco na literatura moderna, O Som e a Fúria está longe de ser uma leitura acessível ou agradável. O estilo experimental de Faulkner, que mistura fluxos de consciência desordenados, mudanças abruptas de narrador e uma linha do tempo fragmentada, faz com que o livro seja mais um desafio do que uma experiência envolvente.

Um dos capítulos, narrado por Benjy, um personagem com deficiência cognitiva, é especialmente confuso devido à completa falta de pontuação em momentos cruciais e à ausência de uma lógica linear. Em vez de uma narrativa instigante, o leitor é deixado às voltas com um texto caótico, que exige atenção quase obsessiva para encontrar sentido.

Além disso, a história da decadência da família Compson, repleta de traições, tragédias e desespero, torna-se arrastada e repetitiva. As discussões filosóficas e os símbolos profundos que muitos críticos exaltam podem parecer pretensiosos e desnecessariamente complicados para quem busca uma boa história.

Por fim, O Som e a Fúria foi um dos poucos livros que terminei com dificuldade, mais por insistência do que por interesse. A densidade emocional e o formato experimental acabam tornando-o uma leitura cansativa e, muitas vezes, frustrante. Definitivamente, não é uma obra que eu recomendaria para alguém que b
usca prazer ou fluidez na leitura.
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Erica 16/11/2024

Confuso
O começo é bem confuso, difícil até de engatar a leitura, depois q se acostuma aí da pra entender melhor. Mas não me envolvi tanto com a história, esperava mais.
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Bruna.Toledo 27/09/2024

Desafiador
Faulkner usa o fluxo de consciência dos personagens para narrar a história, o que é bem desafiador, principalmente na primeira parte (não darei spoilers).
Achei o enredo muito envolvente, é um quebra-cabeças que você precisa montar ao longo do livro. Mas achei confuso e muito do que acontece permanece entrelinhas.
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Carla.Parreira 20/09/2024

O Som e a Fúria (William Faulkner). Destaco a complexidade da narrativa desse livro que utiliza a técnica do fluxo de consciência, refletindo os pensamentos soltos dos personagens. Esta abordagem, embora desafiadora, proporciona uma experiência única e enriquecedora ao leitor. A história gira em torno de uma família em declínio no sul dos Estados Unidos, composta por quatro filhos e os pais, que enfrentam crises pessoais e sociais. O pai lida com o alcoolismo e a mãe, debilitada, influencia emocionalmente os filhos. Os irmãos têm personalidades distintas, cada um lidando com suas próprias questões e dinâmica familiar, como a relação complicada de Quentin com sua irmã e o ressentimento de Jason, que expressa sua amargura e frustração. Os personagens se revelam através da perspectiva dos outros, criando uma construção narrativa intrincada e fragmentada. A conexão emocional com os personagens é intensa, trazendo à tona dilemas humanos que ressoam ao longo da obra. Vale a pena mencionar que, no último capítulo, há um alívio na narrativa ao mudar para a terceira pessoa, permitindo uma nova perspectiva sobre os acontecimentos. Gostei da empregada da família, que demonstra grande lucidez e força ao longo da história, influenciando a dinâmica familiar. A obra não apenas retrata a desintegração da família Compson, mas também reflete sobre a decadência da aristocracia do sul dos Estados Unidos na década de 1920. Falando sobre o autor, Faulkner aos 32 anos, inseriu-se no movimento modernista, utilizando o fluxo de consciência para intensificar a narrativa. Em 1945, ele acrescentou um apêndice que ofereceu mais clareza sobre a história da família, remontando a acontecimentos anteriores.
*
Melhores trechos: "Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo seu fôlego tentando conquistá-lo... Porque o pai disse que os relógios matam o tempo. Ele disse que o tempo está morto desde que é tiquetaqueado por pequenas rodas; apenas quando o relógio pára vem o tempo para a vida... O pai disse que o homem é o somatório de suas desgraças... Os brancos morrem também. A tua avó morreu que nem qualquer negro... Nenhum nome vai ajudar ele. Nem atrapalhar. Ninguém fica sortudo mudando de nome. O meu nome é Dilsey desde que eu me lembro e vai ser Dilsey depois de muito tempo que me esquecerem... Que Cristo não foi crucificado: foi gasto pelo tique-taque de um minuto de pequenas engrenagens... Mas então penso que se precisa no mínimo de uma hora para perder a noção do tempo, que demorou mais que a história para penetrar a sua progressão mecânica... Qualquer homem vivo é melhor que qualquer homem morto, mas nenhum homem vivo ou vivo é tão melhor que qualquer outro homem vivo ou morto... Até o som parecia falhar neste ar, como se o ar estivesse gasto de tanto carregar sons. O som de um cachorro vai mais longe que o de um trem, no escuro pelo menos. E o de algumas pessoas também... Acho que essa gente, usando a si própria e uns aos outros tanto pelas palavras, é pelo menos consistente ao atribuir sabedoria a uma língua calada... O homem é a soma de suas experiências climáticas, o Pai disse. O homem a soma do que a gente tem. Um problema em propriedades impuras levado tediosamente por um nada invariável: beco sem saída de pó e desejo... Não há tempo no mundo que não seja desespero, nem mesmo o tempo é tempo antes de ter sido... Descobri que quando um homem se deixa no caminho do trem a melhor coisa a se fazer é deixá-lo lá... E se um homem não alimenta mais o seu cão é porque não o quer mais ou não deveria tê-lo. Como eu digo se todos os negócios de uma cidade são dirigidos como negócios de roça teremos uma cidade de roça... São sempre aqueles que nunca fizeram nada de útil que vem nos dar conselhos... Como tanta gente fria, fraca, quando se vê em face do desastre irremediável, ela tirava de algum lugar uma espécie de força..."
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CarolCaliopio 18/09/2024

Leitura desconfortável como só boa literatura pode ser
Um dos livros mais difíceis que já li em termos de estilo narrativo, mas que também me provocou muito desconforto pela abordagem do racismo e do machismo. Mas é essa a razão da literatura, nos provocar e instigar o pensamento. Eu sofri lendo, mas adorei o livro.
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Carla 30/08/2024

Não tenho muito oq dizer kk esses livros de fato histórico, vida real (mas nesse livro acho que não foi tudo real, q foi contado) não me cativam mais, como antes, na época de escola. Não tenho mais paciência pra ficar tentando entender oq tá se passando. E bem, é uma leitura difícil, difícil pra se saber o que tá acontecendo, mas tente.
Tem temas pesados dentro dele, se caso vc se deparar com esse livros em mãos e tenha dúvidas veja um vídeo dele antes e depois daí vc vê se quer realmente ler ou não.
É literatura e é um livro clássico, velho por assim dizer kkk (por isso q é complicado gostar)
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Rodrigo1185 24/08/2024

"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira"essa frase de Tolstói se encaixa perfeitamente a essa história.Um livro difícil em seu primeiro capitulo até o meio do segundo,pensei várias vezes em abandonar,pensei que o livro estava com "defeito" cheios de erros de impressão,mas aí vi algumas resenhas (sem spoiler) em que diziam para insistir (graças a Deus),e a partir da metade do segundo capitulo as peças foram se encaixando dando forma a um dos melhores (o mais difícil) livro que já li.Comecei a leitura com um sentimento estranho e terminei orgulhoso de mim mesmo como se tivesse vencido um desafio.Que livro!!!!!
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Viajante Literário 17/08/2024

Um clássico de um gênio.
Difícil descrever este livro e mais ainda o motivo que eu daria a você leitor para lê-lo. Apenas que é uma experiência literária, uma proposta que apresenta toda a força que uma escrita experimental possa oferecer. Admito que não sou muito fã da técnica literária do fluxo de consciência ( fui ler madame Bovary e simplesmente dormi enquanto lia) mas aqui é diferente, simplesmente a história é narrada no presente enquanto um determinado personagem tem um fluxo de consciência baseado em um acontecimento do passado, tudo isso em tempo "real" no mesmo parágrafo.

Insano, Faulkner é um monstro!
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oslivrosdagiu 09/07/2024

Merece releituras
Difícil, confuso e adoravelmente incrível. A escrita, pesar de diferente de tudo que já li até hoje, prende a atenção numa ânsia de entender cada passagem, cada revelação que aparece quase que entrelinhas. Passado e presente se confundem freneticamente e me peguei olhando pro nada tentando entender oque havia acabado de ler. Acho que tem muita coisa ainda pra descobrir com uma segunda, terceira leituras e claro que essa obra prima da literatura anglófona merece muito a boa fama que tem, livros que não terminam quando acabam são assim. Leiam o Som e a Fúria e não desistam de primeira, vai ler a pena.
oslivrosdagiu 09/07/2024minha estante
Apesar *




Luana 01/07/2024

Meu primeiro contato com Faulkner foi confuso, escuro, ganhando forma e luz ao longo da leitura. Não é uma leitura fácil! No início é tudo tão embaralhado que eu tive vontade de desistir mas que bom que eu continuei! Cada capítulo vai ganhando um pouco mais de ?capacidade de estruturação de pensamento/fala?, ao mesmo tempo que ganha a demonstração bruta dos acontecimentos.
Achei um bom livro, tive que buscar saber mais do plano de fundo dos EUA da época pra conseguir compreender melhor a leitura.
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Stella F.. 14/06/2024

Genial e Instigante!
O som e a fúria
William Faulkner - 2017 / 376 páginas - Companhia das Letras

O romance “O Som e a Fúria” foi publicado em 1929. É ambientado no Sul dos Estados Unidos, particularmente no Mississipi e vai narrar a decadência da família Compson, utilizando-se de quatro vozes narrativas onde o passado e o tempo são “personagens” importantes. As quatro vozes narrativas são Benjy, Quentin, Jason e o último capítulo se dá em terceira pessoa, mas com muita ênfase na Dilsey.

Um romance famoso de um autor que reverteu o conceito de fluxo de consciência, fazendo um texto quebrado, muitas vezes sem pontuação, falas em itálico, idas e voltas no tempo, brincando com o tempo, fazendo o leitor aceitar ou não o desafio. Um desafio bastante difícil, mas que ao final é recompensador.

Ao iniciar a leitura eu tive muitas dificuldades, principalmente na primeira parte, mas ao ler relatos de leitores do romance, me animei e continuei bravamente. E não me arrependo. O livro é excelente, genial e desafiante, e nos faz querer voltar, ou seja, precisar voltar em algumas passagens para seguir adiante, porque nada é entregue de maneira óbvia, tudo é trabalhado para que possamos degustar aos pouquinhos, compreender passo por passo, bem devagar. E isso é instigante.

O capítulo 1 (7 de abril de 1928) é narrada por Benjy, um menino bobo, que sempre precisa de alguém para guiá-lo. Passa-se em vários tempos, então a leitura deve ser atenta, porque logo de início pensamos que está no presente, mas depois está no passado, quando crianças, e não se sabe muito dos personagens, não é dito quem é mãe, pai, irmão. Aos pouquinhos vamos tentando saber quem são, e mesmo assim ficam dúvidas. Comecei fazendo anotações, mas depois elas mesmas já não valiam, porque havia entendido errado.

Após uma intensa investigação de leitura, vamos descobrindo que a mãe se chama Carolina, o pai Jason, os filhos Benjy (antes Maury), Caddy, Quentin, Jason. Há o tio Maury e a neta Quentin. Os empregados são Dilsey e seus filhos. A mãe está sempre reclamando do Benjy, como se fosse um bebê, um problema que não tem jeito, o Luster implica com Benjy por ele ser chorão com 33 anos, e a Caddy o trata com muito carinho, o leva para passear e faz suas vontades. Há cenas importantes como quando as crianças estão no rio nadando, e vê-se um desentendimento entre os filhos dos empregados, entre os filhos da família Compson, uma grande amizade entre os irmãos Caddy e Quentin, com muitos diálogos. Há o aniversário do Benjy, a cena do Natal e a mãe sempre sofrendo, doente, a cena do balanço narrada neste capítulo será muito importante para esclarecer alguns detalhes, e a Dilsey sempre a ajudando e segurando as pontas da família. Ao longo do capítulo sabemos que a troca de nome de Maury para Benjy foi por medo de azar. O Benjy está sempre gritando, fazendo sons ensurdecedores. Ele é surdo-mudo. A grande maioria da família preferia que ele fosse internado em algum lugar, mas a irmã, Caddy, o protege. Aconteceu algo bem grave com ele, que só ficamos sabendo bem mais à frente na narrativa. Algo inacreditável! “Ele sabe muito mais que as pessoas pensa.” disse Roskus. “Ele sabe quando chega a hora de cada um, que nem aquele perdigueiro. Se ele soubesse falar ele dizia quando que vai chegar a hora dele. Ou a tua. Ou a minha.” (pg. 35)

O capítulo 2 (2 de junho de 1910) tem como narrador o Quentin. Ele está cursando Havard e o personagem principal aqui seria o tempo. Está muito presente o relógio, fala-se dele sempre, o relógio que o pai deu a ele. É como se Quentin corresse contra o tempo, apressado, sempre olhando o relógio da praça, para cumprir algum tipo de plano. Ele quebra o relógio, vai na loja, fica querendo ver a hora cheia, chega atrasado na escola, pega o trem, faz a mala, e parece que está decidindo se vai para o casamento de alguém (provavelmente da irmã Caddy). Está muito presente aqui as sombras. Ao mesmo tempo tem os diálogos ou lembranças de diálogos com seu pai, os seus ensinamentos. E após um relato direto por algumas páginas, que parece mais linear do que o capítulo anterior, começam novamente textos em itálico com recordações do Benjy e outras lembranças. Nesta parte vemos uma pontuação ou falta dela completa. Uma palavra emendando na outra, e entrelaçando as frases em itálico, que seriam o fluxo de consciência. Os parágrafos são como uma colcha de retalhos que temos que ir juntando. Entre os pensamentos/lembranças de Quentin está a Caddy ter escolhido se casar com um cafajeste e ela dizendo que tem que se casar (deve estar grávida) e em relação à mãe querer levar embora com ela somente o filho Jason já que os outros filhos não gostam dela. Quentin conseguiu cursar a faculdade porque venderam o estábulo de Benjy para ele estudar e depois para a Caddy se casar. Essa situação preocupa a Caddy e faz Quentin prometer que cuidará de Benjy e do pai, este um fumante em vias de morrer. Benjy vê o dia do casamento da Caddy e fica urrando debaixo da janela. Enquanto isso, Quentin pega um trem, desce, acompanha uns meninos que estão pescando, e decidindo onde irão pescar, e tem umas passagens bonitas, poéticas, mas bastante herméticas e as falas do pai sobre o ser humano são bastante melancólicas. Há uma bonita passagem de um encontro do Quentin com uma menina, supostamente italiana a quem ele oferece pão na padaria. Nessa segunda parte já entendemos um pouco melhor o enredo, retornando muitas vezes à primeira parte para retomar algumas cenas. Há um mistério sobre uma carta e as malas que volta no quarto para pegar, mas subtende-se o que ele pretende fazer, pelos movimentos de todo o capítulo. “Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque jamais se ganha batalha alguma, ele disse. Nenhuma batalha sequer é lutada. O campo revela ao homem apenas sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão de filósofos e néscios.” (pg. 79)

O capítulo 3 (6 de abril de 1928) é narrado por Jason (filho). É apresentado em uma escrita mais linear, com muitos diálogos e uma formatação mais tradicional em sua maior parte. Aqui alguns fatos vão ficando mais claros. O capítulo trata bastante da relação da Caddy e sua filha, Quentin. Sabemos que a Caddy foi abandonada pelo marido, e que sua filha foi criada pela avó e com o dinheiro de Jason, que após a separação do casal ficou sem o emprego prometido, e fica ressentido porque não teve a oportunidade do irmão Quentin e agora tem que trabalhar em uma lojinha qualquer. Jason tem um comportamento rude, grosseiro, sua fala é sempre áspera e maldosa, é preconceituoso principalmente em relação a negros e judeus. Com o desenrolar da narrativa tomamos conhecimento que está dando um golpe na mãe, finge ser sócio da loja, mas modifica o livro-caixa. A mãe acredita nele piamente. Caddy tenta ver a filha, e Jason a engana, a mostra de longe. Ela está proibida de entrar em casa e seu nome nem é citado ou mencionado à filha Quentin. O comportamento da filha repete o da mãe, que era muito namoradeira, e ficou grávida antes do esperado. Mesmo não convivendo, é como se a história se repetisse. Todas as despesas da casa são da sua alçada do Jason. Os embates entre ele e Quentin são geniais e os diálogos fortes, que nos prendem à narrativa. Aqui eu pude perceber muitos eventos antigos e voltar ao capítulo 1 para rever algumas cenas, e a principal delas foi a cena do balanço, quando a Quentin está saindo com um jovem do circo que se instalou na cidade. Ele usa uma gravata vermelha. Há uma insinuação de que a Quentin (filha) se parece muito com o Quentin (irmão), além de esclarecer o que aconteceu de tão terrível com o Benjy (ver acima). Tudo que o Jason queria era conseguir o seu dinheiro de volta, dinheiro que ele achava que deveria ter sido dividido entre os filhos e não só beneficiar alguns. Apesar do comportamento nojento do Jason este foi meu capítulo preferido, o que li com mais prazer e compreensão. “Quer dizer, até onde é possível fazer isso com um negro. Esse é o problema dos criados negros, quando eles estão há muito tempo com a gente eles ficam tão metidos a besta que não prestam mais como criados. Acham que mandam na família toda.” (pg. 212)

O capítulo 4 (8 de abril de 1928) é narrado em terceira pessoa, mas foca principalmente na Dilsey, ajudante da família. Um capítulo mais linear com diálogos excelentes, embates e debates muito bons, com frases simples que remetem ao tópico do capítulo 3. Jason continua roubando a mãe e até possui uma caixa em seu quarto com o dinheiro guardado. Continua perseguindo a sobrinha Quentin e a ofendendo com palavras ofensivas ao seu modo de se maquiar e se vestir. A mãe se culpando por não ter sinalizado ao marido sobre sua decisão de vender o os bens em favor de dois filhos, e não ter dado uma oportunidade ao Jason. Apesar disso, continuado egoísta, chamando a atenção para sua doença, sobrecarregando a Dilsey. A maldade do Jason é clara, e ele persegue tanto a sobrinha que ela um dia sai pela janela, apesar da avó trancá-la toda noite, e rouba o dinheiro do tio. Benjy continua gritando e babando, mas se acalma quando vai para a igreja e ouve música. Algumas cenas remetem ao Natal narrado no capítulo 1. O Luster (filho da Dilsey) sempre tem que tomar conta do Benjy apesar de claramente detestar, e a mãe sempre está dando broncas nele. No final do capítulo 4 reaparece novamente a personagem Frony (filha da Dilsey). “Elas entraram. Não era um quarto de moça. Não era um quarto de ninguém, e o leve odor de cosméticos baratos e os poucos objetos femininos e outras tentativas grosseiras e inúteis de torná-lo feminino tinham apenas o efeito de deixá-lo ainda mais anônimo, emprestando-lhe aquele ar morto e estereotipado de transitoriedade dos quartos de bordéis. (pg. 287)

Amei a leitura e a técnica do autor, e se você consegue não desistir no primeiro capítulo, então como li nas resenhas, é só deixar fluir que tudo se encaixa, quase tudo. Nunca fui de retornar para ler os capítulos de novo, e o fiz enquanto estava lendo o terceiro e quarto capítulos. E agora após finalizar os textos de apoio estou relendo o primeiro capítulo de novo. O ensaio anexado do próprio autor esclarece muitas dúvidas e os textos do tradutor e suas escolhas e o texto de Sartre, um pouco mais complexo, também ajuda em muitos fatos, principalmente porque fala do tempo na obra de Faulkner. Não sei se entendi tudo, mas gostei dessa experiência diferente de não estar tudo dado a priori, que provavelmente cada leitor vai ter uma experiência diferente da de outro leitor. Meu primeiro Faulkner! Adorei!



Leticia Nassinger 03/09/2024minha estante
Comecei a ler e deixei de lado, pois fiquei muito perdida, vou ver se com sua resenha eu me situo, obrigada


Stella F.. 04/09/2024minha estante
ok. Continue sim, vale a pena.


Leticia Nassinger 14/09/2024minha estante
To Lendo ? Luz em Agosto ? dele, achei melhor pra iniciar, e depois volto com ?som e fúria ?


Stella F.. 14/09/2024minha estante
Legal! Esse não li.


Leticia Nassinger 15/09/2024minha estante
To lendo num fôlego só, ganhou o Nobel, tô gostando ?


Stella F.. 15/09/2024minha estante
?




liz 11/06/2024

Um grande qualquer coisa
Nada aqui faz sentido, mas não no sentido positivo, tipo "uau, tô meio perdida, mas essa é a intenção". Não. Esse é o tipo de livro que só chegamos ao fim porque é considerado um clássico, afinal, queremos entender por que tanta gente ama e a conclusão é que eu estou longe de ser uma dessas pessoas. Apesar de tudo, a primeira parte do livro foi a melhor para mim. Me envolvi e interessei pelos personagens, pelo enredo mostrado e a forma com que nos é introduzido àquele pequeno mundinho. A confusão não foi o problema. Mas nada acontece a partir daí, e o que acontece é jogado, simplesmente cuspido na nossa cara, a troco de nada. Uma única frase citando um acontecimento que deveria ser importante e pronto: já não me interessa mais. O final, então, é realmente desanimador. Para ser mais precisa: ruim. Não sei se sou aquela criança no fundo da multidão dizendo que o rei não está usando roupa nenhuma ou estou mais para o idiota que precisa ver para crer, mas pelo menos tirei mais um da minha lista para nunca mais voltar.
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Nicole 01/06/2024

A inexistência do futuro, o peso do passado
Se eu pudesse fazer uma resenha de duas palavras seria: meu deus. Eu comecei esse livro esperando uma experiência parecida com a que eu tive com Meridiano de Sangue pela escrita maluca dos dois livros, mas ao contrário de Meridiano, eu me conectei muito com O Som e a Fúria, a ponto de que toda vez que pegava pra ler, sentia um peso no estômago, aquela angústia que não chega a ser tristeza mas está ali, persistente, e se eu pudesse descrever esse livro com uma sensação física seria exatamente essa.

É um livro difícil, mas assim que você passa o capítulo do Benjy, as coisas deslancham. O segundo capítulo, do Quentin, é mais fácil mesmo ainda sendo confuso, e já no terceiro capítulo, do Jason, é como se estivesse lendo um livro comum, então eu diria que o desafio mesmo é só passar o so Benjy (nos 2 meses que levei pra ler, 6 semanas foi só pra passar ele kk), e vale totalmente a pena a paciência e a persistência porque é de fato um livro genial.

A profundidade dos personagens durante o livro me chamou atenção, achei que o Faulkner desenvolveu as particularidades de cada um de um jeito simplesmente maestral, cada um instável de um jeito diferente mas todos inegavelmente instáveis, o Benjy com a deficiência, a Caddy incontrolável, o Quentin e a melancolia, o Jason e o ressentimento. Pra mim foi como se, pela maneira que o Faulkner escreveu, todos esses aspectos dos personagens fossem palpáveis, não sei explicar direito, é como se eu estivesse observando a singularidade dessas pessoas como se essa singularidade fosse captada por todos os meus sentidos. É uma viagem que eu não sei descrever KKK só mostra o nível de conexão que eu tive.

O livro trata também da questão do tempo. O tempo como um fardo, como na passagem do Jason pai: "A gente pensa que as desgraças se cansam, mas aí é o tempo que é sua desgraça." E fica bem ilustrado no início do capítulo do Quentin, afundado pelo peso das memórias que ele não esquece, que ele crê que moldam tudo o que ele é e tudo o que ele tem, quando ele quebra o relógio que o pai deu pra ele. Independente da diferença da vida de todos os irmãos Compson, é perceptível como o passado volta pra assombrá-los de uma maneira incansável, e não há perspectiva de futuro melhor, sequer há perspectiva de futuro. Sobre como o Faulkner desenvolveu essa questão, tem uma reflexão muito boa no final do livro.

Enfim, mesmo sendo um livro que precisa de paciência e persistência, definitivamente é uma experiência completamente única, especialmente pra quem ainda está entrando na literatura mais obscura e melancólica. As razões por ser um clássico tão aclamado e conhecido ficam muito óbvias à medida que você vai lendo, eu não sei descrever o que o Faulkner fez aqui, parece até que ele não é humano.
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Niki Pádua 06/05/2024

Um livro recompensador
Antes de começar a leitura de 'O Som e a Fúria', eu ouvi muitas pessoas comentando sobre a dificuldade deste livro. Agora, após a leitura, posso confirmar. Esse livro requer muita atenção e paciência, principalmente durante os primeiros capítulos.
É muito doida a experiência de te entregarem as informações todas embaralhadas, escritas de formas e por personagens diferentes. Tudo o que aconteceu está lá desde o início, mas não é para ser entendido. Assim como um quebra-cabeça, você leitor vai montando as peças e descobrindo o que realmente aconteceu com essa família. E esse é só um dos pontos que faz esse livro ser tão bom.
Tenho certeza de que vou reler essa obra logo, deve ser uma experiência totalmente diferente.
Um clássicão daqueles pra não por defeito, 5 estrelas.
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