spoiler visualizarRegis2020 26/06/2023
Uma cidade à mercê do mal
Salem é o segundo livro de Stephen King a ser publicado, se passa em 1975 e toda atmosfera do fim da Guerra do Vietnã e o clima de cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo, estão muito presentes na história. Temos a fofoqueira mor; que inclusive recebe uma ajudinha com linhas telefônicas cruzadas e interceptação de chamadas de terceiros, temos a casa mal assombrada, o bar onde todos se encontram, um antigo morador que retorna depois de muitos anos despertando curiosidade em todos, forasteiros excêntricos que ao chegarem desencadeiam uma série de acontecimentos que chocam os habitantes despertando desconfiança e falatório... e assim temos o ambiente perfeito para um mistério de horror e carnificina se desenvolver.
Durante as primeiras cento e trinta páginas a história progride lentamente enquanto mil e um moradores da pequena cidade de Jerusalem's Lot são apresentados, não que uma desenvolução lenta seja problema, gosto muito do desenvolvimento de personagens de King, mas em Salem têm personagens em excesso e o ponto de vista muda a todo instante, tornando o tempo que passamos com os personagens principais muito curto e insuficiente para que um laço insolúvel seja desenvolvido. Ben, Susan, Matt, Mark (que por um acaso é um personagem bem inverossímil), Jimmy e Padre Callahan são os personagens centrais e mesmo assim não me senti completamente envolvida com nenhum deles em especial... talvez eu tenha me importado mais com Ben e Matt? Realmente não sei...
Tirando esse ponto negativo do caminho; o suspense é constante, a curiosidade sobre o que realmente está acontecendo e como toda aquela loucura vai acabar é inebriante, depois da página trezentos fica difícil respirar, a espera por acontecimentos acaba e tudo começa a seguir um caminho de horror e insanidade crescente.
O autor presta uma homenagem ao Drácula com essa obra e tendo em vista o quão maravilhoso foi o livro de Bram Stoker para mim, eu gostei bastante do livro. A cidade de 'Salem's Lot e a Casa Marsten também são personagens no romance e os acontecimentos que têm início com a chegada de Ben Mears, Mark Petrie e o misterioso Senhor Barlow são intrigantes.
Stephen King possui uma escrita muito imersiva que costuma proporcionar um prazer muito grande. Com suas palavras despretensiosas e sua escrita fluída ele consegue nos prender a ponto de tornar bem difícil pausar a leitura, quando dei por mim já havia lido mais de cento e trinta páginas em uma única sentada, apenas porque não conseguia largar o livro e porque ficava ansiando por mais a cada página virada.
Em resumo: mesmo sendo o primeiro romance de King e tendo em vista que são muitos personagens; ainda assim a atmosfera gótica do livro, o mistério e o crescente horror conseguiu despertar minha curiosidade e me prender até o final, tornando essa uma ótima leitura.
Recomendo para todos.
Obs: SPOILER!!! Alguns furos como: Barlow entrando sem convite na casa de Mark Petrie, a cruz perdendo o poder de afastá-lo mesmo estando na mão do Padre Callahan (sendo que outros a empunharam sem que fosse necessário que tivessem fé no objeto), a decisão continua dos personagens de enfrentarem Barlow só quando a hora do vampiro estava próxima e Susan e Mark indo até a Casa Marsten sozinhos e se deixando apanhar quebrou um pouco com a minha suspensão da descrença.
A série A Missa da Meia-noite foi baseada nesse livro e reconheço que muitos dos elementos foram bem adaptados, principalmente o clima de cidade isolada e à mercê do mal.