Morcego 09/01/2016
JOGO PERIGOSO (Stephen King).
Vou confessar.
Tenho uma coleção grande de livros de Stephen King, mas, li somente alguns. Desses alguns, um deles foi JOGO PERIGOSO. Sobre esse livro, posso dizer o seguinte: é um livro tenso, pesado, violento, cruel e... ASSUSTADOR! Nunca pensei que uma historia simples, centrada em uma única pessoa pudesse dar tantos arrepios...
O livro é sobre Jessie Burlingame, esposa de Gerald, um renomado advogado da Nova Inglaterra. Com dificuldades no casamento, eles decidem passar o fim de semana em sua cabana no interior do Maine e praticar jogos sadomasoquistas para apimentar a relação. No inicio, tudo parece bem, até que Jessie se cansa de brincar, mas Gerald, não. Durante uma investida do marido, Jessie o ataca e algo terrível acontece: ele sofre um ataque cardíaco e morre, ao seu lado, deixando-a algemada à cama. A partir daí, Jessie trava uma luta desesperada para se libertar das algemas e sair da casa. Porém, a noite e sua mente têm algo especial para ela.
Pronto. Já contei o essencial da história. Poderia gastar mais tempo, mas, iria entregar um baú de spoilers...
O básico que se precisa saber sobre o livro é que se trata de um cabin in the woods book. Grande parte da ação acontece na cabana dos Burlingame, mais precisamente, na cama de Jessie.
E acredite, o que vem por aí NÃO É BRINCADEIRA. Já pensou no filme mais cruel de todos os tempos? A lista é grande. Bem, em relação à lista dos livros mais cruéis de todos os tempos, imagino que seja grande também, e Jogo Perigoso merece lugar entre os 10 primeiros. Sério.
Conhecido pelo seu estilo sobrenatural e fantástico, aqui, King cria uma história comum, até, se pararmos para pensar. Praticamente, o Mestre não apela para monstros, fantasmas, vampiros, etc... Aqui, ele faz uso da pior ferramenta humana: nosso subconsciente. Ao invés de ser um livro sobre um monstro, Jogo é um autentico livro de terror psicológico, no melhor sentido da expressão: enquanto está presa à cama, a protagonista é vítima dos truques de sua própria mente – os fantasmas de seu passado. E olhe, que passado.
Em um dos vários flashbacks de Jessie, King revela que a personagem teve uma vida de merda. Mesmo. E pior não é isso. Durante seu período na “prisão”, Jessie recebe algumas visitas: vozes de suas amigas e um cachorro em estado deplorável (se Cujo era malvado, o cão desse livro foi seu aluno), que faz algo inimaginável.
Mas, para ser honesto, durante toda a leitura, pude perceber que o verdadeiro inimigo de Jessie era, de, fato, seu subconsciente. As cenas que Jessie é obrigada a lembrar são as mais horríveis possível. King lida, nesse livro, com temas que talvez ninguém pudesse imaginar: incesto, estupro, abuso sexual de menor, sexo selvagem, assassinato, e... necrofilia. E olhem, é difícil decidir qual o pior. Todos são mostrados envoltos em terror e medo, o que me provocou arrepios na espinha.
Ao todo, Jessie passa quase três dias presa à cama, sendo atormentada pelas vozes, pelos fantasmas e por um visitante misterioso, que se revela um ser mais perturbador que qualquer fantasma.
Os momentos finais do livro resumem-se à uma carta que Jessie escreve para sua amiga Ruth, após conseguir se soltar da cama, e sofrer um acidente de carro na fuga.
Para quem pensa que King tortura sua protagonista apenas psicologicamente, engana-se. A tortura é também física, principalmente nos momentos em que Jessie luta para sair de sua prisão. Eu falo de sangue, sangue e mais sangue. É sério!
Enfim, Jogo Perigoso pode não ser um romance sobrenatural, mas, sem dúvida, é um dos melhores, e mais assustadores do Mestre.
Recentemente, o livro ganhou uma excelente adaptação lançada pela Netflix, que consegue ser tão assustadora e chocante quanto o livro.
Curiosidade:
• King planejava fundar a trama de Jogo perigoso com a de Eclipse Total, em razão das semelhanças entre ambas.