F. Pierantoni 24/04/2012A EsperançaMinha ansiedade por A Esperança era imensa. Talvez, equiparada ao que senti na espera pelo lançamento do último volume de Harry Potter. Afinal, com dois livros sublimes na conta, a saga havia rapidamente se tornado a minha favorita. Contudo, assim como J.K. Rowling, será que a autora Suzanne Collins me desapontaria no final?
O fim de Em Chamas deixara muitas perguntas no ar. A Esperança começa por responder a maior parte delas, contando sobre o que aconteceu com Katniss, seu distrito e os demais personagens. Então, a história se desenrola, tendo a rebelião como foco e Katniss como sua estrela. Ou melhor, como seu pássaro.
Após dois livros absolutamente impecáveis, em Mockingjay a série finalmente comete seus primeiros erros – o que é, por si só, notável. O fato é que não dá para ser perfeito sempre e alguns pontos que antes eram trunfos dessa vez se desequilibraram. A violência, por exemplo, sempre foi parte-integrante da saga, presente na medida exata. Neste título, todavia, ela se desregulou e, pela primeira vez, fiquei incomodado pelo excesso de brutalidade – o que Collins pensou para achar que seria legal derreter uma pessoa com um raio de luz? É como se, depois de dois livros anteriores, a autora tivesse que exagerar na barbárie para o terceiro livro parecer mais “épico”. Junto com isso, também achei que a trama foi recheada de mortes desnecessárias.
Outro problema que observei decorre do fato de os personagens – após tantas desgraças nos livros um e dois – terem chegado ao terceiro volume profundamente danificados – fisica e mentalmente. A tolerância do leitor para com os horrores suportados por eles já não é a mesma e chega um momento em que você simplesmente deseja que tudo acabe, para o bem ou para mal. O que não dá é seguir os vendo sofrer.
Não quero, contudo, passar uma impressão errônea do livro nesta resenha. Para o leitor que a acompanhou até agora, pode parecer que o livro é péssimo. Muito pelo contrário, ele é ótimo. Não é perfeito como os outros dois, mas, ainda assim, magnífico. Os pontos negativos citados são, de longe, subjugados pela maravilhosa escrita de Suzanne Collins, que continua com a corda toda. É impossível largar o livro? Sim. A emoção ainda chega em toneladas? Põe toneladas nisso. A trama continua cheia de reviravoltas? Com certeza. Somado a tudo isso, finalmente conhecemos o destino reservado para os personagens que tanto nos cativaram e, isto, não tem preço.
A Esperança pode ter apresentado algumas fraquezas e, em certos pontos, não ter seguido os caminhos que eu gostaria que houvesse trilhado. Ainda assim, é um livro formidável e um final sincero e mais do que digno para a melhor série de ficção que já li. Minhas expectativas para esse título eram altas, mas foram cumpridas. Com todos seus méritos, a saga Jogos Vorazes sai vitoriosa da sangrenta arena do mundo literário, justamente porque, mesmo tratando de um jogo, ela nunca esteve para brincadeiras.
--
Gostou da resenha? Quem sabe você também goste do meu livro.
Descubra novos mundos em O Diário Rubro.
http://odiariorubro.com
site:
Conheça o livro e leia os primeiros capítulos